Preservação histórica e projetos para o futuro
Cachoeirinha — Fundado em 1966, rico em produções hortifrutigranjeiras e na criação de gado, o município se destacava na produção leiteira. No período, ficou conhecido como cidade do leite. Um dos maiores monumentos culturais municipais surge daí: o Memorial e Espaço Cultural Casa do Leite. Cachoeirinha também tem a Casa de Cultura Demósthenes Gonzalez e a Biblioteca Municipal. Entretanto, outros pontos ricos em história passam despercebidos até mesmo por cachoeirinhenses.
A Casa do Leite
Localizada no bairro Parque da Matriz, é uma das construções mais antigas da cidade. Atualmente, é um espaço museológico, dedicado a pesquisa, preservação e gestão do patrimônio histórico, da memória e da história de Cachoeirinha. Os atrativos do local ficam por conta da exposição da história da cidade, artes visuais, meio ambiente e áreas afins do Vale do Gravataí. Em dezembro de 2009 a Casa do Leite foi instituída, através de lei, como memorial e espaço cultural.
As visitações são mediadas através de agendamento prévio para grupo de escolas e visitantes. Algumas atrações são acompanhadas de apresentação de documentários e oficinas acerca da temática proposta.
Biblioteca Municipal Monteiro Lobato
Fundada em 1970, centro cultural mais antigo da cidade, está inserida no espaço no ambiente da Casa do Leite desde maio deste ano. Passou por diversos endereços, até se estabelecer em 1998 no antigo prédio da prefeitura. A biblioteca era gerida pela Secretaria de Educação. Sua administração foi transferida para a Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo (SMCELT) em 2009.
Seu acervo conta com mais de 30.000 itens, informatizados e ordenados de acordo com as áreas do conhecimento, seguindo a Classificação Decimal Universal (CDU). Eles podem ser acessados por qualquer cidadão cachoeirense mediante cadastro. A acessibilidade é um dos destaque do local, que tem exemplares em braile, viabilizando o acesso à leitura de portadores de deficiência visual.
Marielli Prestes Bittencourt, 23 anos, estudante de Relações Internacionais, conta que a biblioteca lhe ajudou na preparação para o vestibular. “Eu precisava de um livro para estudar e não encontrava em lugar nenhum. Como última opção, fui na biblioteca municipal e o encontrei. Extremamente útil após a descoberta”, lembra. A estudante também doou alguns exemplares e materiais para o local como forma de agradecer e enriquecer o patrimônio local. “O espaço não é tão privilegiado, o que pode ser uma das razões de não ser tão notado quanto deveria”, supõe.
Casa de Cultura Demósthenes Gonzalez
O centro cultural mais novo de Cachoeirinha completou um ano de existência em 2017. Na Casa de Cultura Desmósthenes Gonzalez acontecem diversas oficinas para o público geral. Aulas de música e teatro, além dos ensaios do Coral Municipal.
Uma das estratégias utilizadas pela Secretária de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo, Patricia Beatriz de Macedo Vianna, foi realizar a Feira do Livro de Cachoeirinha no ambiente. “Queremos oferecer visibilidade a esses patrimônios e também o conhecimento cultural de nossa cidade para os habitantes”, relata.
Buscando um maior cenário cultural e também atrativos turísticos, a SMCELT trabalha em emendas que estão sendo avaliadas para tombamentos e construções de locais para aproveitamento cultural da cidade. Recentemente, a Casa dos Batistas, localizada no Mato do Júlio — reserva natural da cidade — está em processo de tombamento. A construção está passando por medições de estrutura e também avaliações geológicas. Após esses procedimentos, o local pode virar tombamento Municipal, Estadual e também Federal pela sua importância na história.
Terra do arroz
O Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) também fica localizado no município de Cachoeirinha. Dentro de sua áreas, ficam as ruínas da casa do Major Alberto Bins, um importante artefato histórico do Estado. As terras do IRGA ficam próximas à ponte da cidade, também considerada um marco histórico, pois foi em sua construção que se deu início ao processo de colonização. Para a próximo início de colheita do arroz, a prefeitura municipal estuda um festival gastronômico do arroz. “É uma emenda que espera avaliação. Queremos criar um marco para a cidade. Como Igrejinha tem a Oktoberfest, queremos Cachoeirinha conhecida como uma cidade gastronômica do arroz”, aponta Patrícia.
Mas por que as pessoas não conhecem a riqueza histórica da cidade? A falta de sinalização turística e também divulgação é um dos temas abordados e estudados pela secretária. “Já estamos com um projeto de lei para aprovar a sinalização turística de nossa cidade. Assim, as pessoas poderão visitar e ter acesso a estas riquezas de nosso município”, afirma.
Patrimônio histórico
Reservas naturais, mas também culturais, o Parque Tancredo Neves — localizado no bairro Granja Esperança — conta com espécies nativas de animais e plantas. Mas é pouco visitado, abrindo somente para grupos escolares que agendam a visita. O Horto Municipal de Cachoeirinha — situado no Jardim Betânia — também é um dos locais não visitados pelos cachoeirenses. O local é o lar de diversas espécimes de vegetais e também há uma nascente dentro do horto. De responsabilidade da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, ambos passam por uma avaliação da SMCELT para serem inclusos no patrimônio histórico da cidade.
Futuro
Para promover diversos eventos culturais, o projeto de uma Concha Acústica está sendo analisado pela prefeitura municipal. Ela ficará localizada na chamada prainha de Cachoeirinha, às margens do Rio Gravataí. A desapropriação do local está em andamento e as obras poderão ter início em 2018.
Cidade com 44km² de área, Cachoeirinha conta com diversos lugares pouco explorados pelos mais de 120 mil habitantes. Os projetos de lei estão saindo do papel para que a cidade seja uma rota turística. Pretensão que só será alcançada com envolvimento das secretarias municipais e também do povo.
