Na contramão do país, RS tem queda no abate de suínos
Apesar da diminuição, mercado se encontra estável, e suinocultores têm buscado melhorar a eficiência na produção para aumentar lucros
O Brasil registrou recorde no número de suínos abatidos em 2017. De acordo com dados do IBGE, foram 43,17 milhões, crescimento de 2% em relação ao ano anterior. O cálculo trimestral também atingiu sua melhor marca no último trimestre do ano passado, alcançando 11,05 milhões, alta de 0,6% em relação ao período anterior. Apesar dos números positivos em nível nacional, nesse mesmo intervalo, o Rio Grande do Sul, terceiro estado que mais abate suínos no país, apresentou leve queda. Em primeiro lugar, encontra-se o Paraná, seguido por Santa Catarina. Juntos, os três estados da Região Sul representam cerca de 60% da produção brasileira.
Em números totais, o estado teve baixa de 4% em seu abate, encerrando 2017 com 8,02 milhões, contra 8,36 milhões de 2016. Isso se deve, em parte, ao pico de crescimento atingido pelo setor no ano passado, onde a produção nacional foi maior do que a demanda, o que fez com que os preços caíssem, tanto para o produtor, quanto para o consumidor.
Apesar da queda, os dados não preocupam. Para Valdecir Folador, presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSU-RS), o que aconteceu em 2017 no estado não foi uma queda, e sim uma estabilização da produção. “Foi um ano em que se trabalhou mais com ajustes, ganhos de produtividade, buscando mais eficiência no processo, e não aumentando o número de animais criados”, explica Folador.
Ainda que a queda não tenha sido significativa, ela existiu. Para Luciano Chaves, fiscal da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seapi-RS), um dos motivos para isso é a variação no preço do alimento dos suínos, o que fez com que alguns produtores tivessem uma diminuição na produção. “Com o aumento no preço do alimento dos animais, alguns produtores optaram por reduzir sua produtividade, momentaneamente”, relata.
A projeção para 2018 é que haja um crescimento entre 1% e 1,5%. O presidente da ACSU-RS afirma que os suinocultores não têm a necessidade de ampliar a produção, haja vista a estabilidade do mercado, que não iria absorver esse aumento da demanda nem internamente, nem na exportação. “Pensando em um mercado que, no momento, não precisa aumentar sua produção, a forma encontrada para melhorar a lucratividade é investir em modos que gerem maior eficiência para o produtor”, comenta Folador.
Segundo ele, essa estabilidade é ótima para os produtores, pois os valores de venda acabam estabilizando-se junto. O setor vem amadurecendo a cada ano, tanto em nível de produtor quanto de agroindústria. “De nada adianta o suinocultor querer aumentar suas margens de venda em um mercado saturado, a tendência é que ele tenha prejuízo, pois a mercadoria passará a valer menos”, explica.
Um dos principais problemas que o país vem enfrentando, e especialmente o Rio Grande do Sul, é o embargo da Rússia para a exportação de carne suína brasileira. O estado é o segundo maior exportador no Brasil, ficando atrás apenas de Santa Catarina. As vendas para a Rússia representam cerca de 40% do total exportado pelo país. Já no RS, o número fica em torno de 30%.
Ainda segundo Folador, os exportadores estão procurando outras formas de comercializar seu produto. Um dos mercados que pode se abrir é o chinês, principalmente com a “guerra comercial” entre Estados Unidos e China, em que os países estão subindo tarifas para exportações entre eles. “Isso abre uma possibilidade e uma oportunidade para o Brasil, daqui um tempo, ocupar esse espaço com um volume significativo de exportações para o mercado chinês”, exemplifica.