Da alma para as páginas

Professor da rede pública de Guaíba lança primeiro livro de poesias

Matheus Miranda
Redação Beta
5 min readJun 16, 2018

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Renato Lacerda Isquierdo, 33 anos, carrega o gosto pela escrita desde muito jovem, quando começou a escrever poemas, ainda na escola. Seus textos trazem na essência assuntos do cotidiano e são carregados de sentimentalismo.

Natural da cidade de Guaíba, o escritor tem uma trajetória toda dedicada à escrita. Formado em Letras pela Universidade Luterana do Brasil — ULBRA, é professor de Língua Portuguesa e Literatura no Colégio Estadual Augusto Meyer, de Guaíba. Renato comenta que com tais características, muitos leitores afirmam que o escritor “escreve com a alma”.

Além disso, já participou de vários eventos relacionados à literatura e à escrita: faz parte de 22 antologias poéticas, publicadas pela editora Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE) e três edições da revista Cidade da Poesia, pela editora Casa do Poeta Camaquense (CAPOCAM). Também tem textos publicados em sites literários e, atualmente, gerencia uma página de poemas pelo Facebook, denominada “A Poesia de Renato de Isquierdo”.

Suas principais influências na Literatura são os consagrados poetas: Fernando Pessoa, Mário Quintana, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, entre outros autores. Dentre suas realizações, uma das maiores delas é o lançamento do seu primeiro livro de poemas na 29ª edição da Feira do Livro de Guaíba, intitulado “As aves solitárias da poesia”, pela editora Sob Medida.

Renato Isquierdo, no lançamento do livro “As aves solitárias da Poesia”, ocorrido na 29ª edição da Feira do Livro de Guaíba. (Foto: Renato Isquierdo/Arquivo Pessoal)
  • Por que o interesse em escrever um livro?

Logo quando comecei a escrever poemas na adolescência, ter um livro de minha autoria era um sonho distante. Nessa época, eu não gostava muito de mostrar os meus textos, embora os meus familiares e professores já os elogiassem. Um episódio que marcou a minha adolescência foi o prêmio escolar que ganhei na Semana da Água a partir do lema que criei: “Hoje sem água, amanhã sem vida”. Foi a primeira vez que ganhei um prêmio por algo que escrevi. Depois, já cursando a faculdade de Letras, continuei a escrever poemas e os meus colegas e professores gostavam dos meus textos.

Foi então que, em 2011, quando criei um perfil no Facebook e lá comecei a expor os meus textos poéticos, esse sonho de publicar um livro foi se tornando algo real, palpável. Na rede social, parentes, amigos e até pessoas que eu nem conhecia começaram a ler os meus poemas e me incentivaram a escrever um livro. Muitos diziam que eu era um poeta com muito sensibilidade, que escrevia com a alma. Isso me deixou muito feliz com meu trabalho, mas, ao mesmo tempo, despertou em mim um anseio de espalhar a minha poesia para muitas pessoas, já que os meus textos pareciam mexer com as emoções delas. Então, essa pretensão de escrever um livro se tornou um desejo, quase uma obsessão (risos).

Um livro impresso pode ser disponibilizado em livrarias, escolas e bibliotecas. Eu quero que as pessoas leiam os meus textos! Adoro quando alguém diz: “Adorei aquele poema que você escreveu!” , “Aquele texto mexeu comigo! Fez-me refletir sobre algo da minha vida.”, “Eu chorei de emoção lendo aqueles versos!”.

  • Que significado tem para você lançar um livro em meio a uma era tecnológica e digital?

Bom, por mais que haja inúmeros recursos digitais, a literatura impressa ainda é muito valorizada socialmente. Tanto é que muitas pessoas me parabenizaram por “eu ter me tornado escritor ao publicar esse primeiro livro impresso”. Mas, poxa, eu escrevo há muitos anos nas redes sociais, já participei de várias antologias poéticas e sempre me chamavam de poeta, mas poucos me consideravam um escritor de fato.

  • Fale um pouco sobre o livro.

O meu livro é uma obra poética, ele não tem um tema específico. Na verdade eu exploro vários assuntos através dos poemas, como a solidão, a vida, a morte, a simplicidade, a felicidade, o preconceito, a fé, os problemas sociais do país, entre outros temas.

  • Por que escolheu fazer poemas?

Eu não planejo o que vou escrever durante a escrita poética, pois a inspiração vem naturalmente. Mesmo quando me encomendam poemas, eu não consigo ter muito controle sobre as palavras.

Livro “As aves solitárias da poesia”, coletânea de poesias de autoria de Renato Lacerda Isquierdo. (Foto: Arquivo Pessoal)
  • Quanto tempo levou para escrever o livro?

Organizei esse livro em três meses, aproximadamente. Mas já venho escrevendo os textos há muitos anos.

  • De que forma tu achas que a literatura pode influenciar as pessoas?

A literatura, como toda a arte, pode despertar o lado emocional, afetivo e até humanitário das pessoas. Por meio da arte das palavras, eu procuro mexer com os sentimentos, com o romantismo dos leitores. Vivemos em um mundo com pessoas materialistas, imediatistas, muitas vezes, indiferentes às questões afetivas. Sendo assim, no meu ponto de vista, a literatura tem uma função transformadora na sociedade.

  • Teu livro foi lançado na 29ª edição da Feira do Livro de Guaíba. Como foi para você fazer esse lançamento num evento cultural tão importante para a cidade e qual foi o impacto disso?

Foi um momento único, ficará para sempre guardado na minha memória. Na minha sessão de autógrafos, tinham aproximadamente umas oitenta pessoas, contando com amigos, familiares, colegas da escola e alunos. Também um coral aqui da cidade, chamado Canto e Paz, fez uma homenagem para mim. No dia, vendi mais de cem livros. Realmente a Feira do Livro é um evento muito importante no nosso município, pois a repercussão do lançamento da minha obra foi ótima. Através da minha sessão de autógrafos na Feira, me tornei reconhecido em Guaíba, entrei em contato com outros escritores da nossa cidade e também apareci em algumas matérias de jornais da região.

  • Pretende lançar outros livros?

Sim, já estou organizando o próximo livro de poemas e também pretendo publicar um livro infantil em breve.

  • Para finalizar, como tu descreveria a arte da escrita?

A arte da escrita representa para mim um lazer e, ao mesmo tempo, uma terapia porque, através dela, consigo externar as minhas emoções e pensamentos. Às vezes, quando fico algum tempo sem escrever, pelos compromissos do dia a dia, me sinto angustiado e, quando finalmente escrevo um texto, experimento uma satisfação imensa. Atualmente, estou escrevendo poemas quase diariamente.

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