O empreendimento como hobby

Eventos de cultura pop movimentam nerds e a economia no Vale do Sinos

Verônica Torres Luize
Redação Beta
5 min readNov 1, 2018

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Fãs aguardando o início do painel sobre Star Wars no ComicCon RS (Foto: Guilherme Testa/Divulgação)

Para quem é nerd, fãs de quadrinhos, super heróis, franquias de fantasia, ficção científica e games, é maravilhoso estar em ambientes que falem do que se gosta e se entende.Eventos de cultura pop que reúnem um público segmentado tem se consolidado no Vale do Sinos nos últimos anos. De diversos tamanhos e para públicos de gostos variados os encontros têm em comum as temáticas de ficção, quadrinhos, games e séries.

Emerson Vasconcelos, idealizador do ComicCon RS (CCRS), que ocorre anualmente em Canoas, percebeu que faltava um lugar de encontro para os fãs de heróis e quadrinhos. Assim, junto com mais dois amigos começou o evento, em 2011, seguindo os padrões do ComicCon dos Estados Unidos.

Para a surpresa de Emerson, o evento se tornou a maior e mais tradicional convenção de quadrinhos e de cultura pop do Rio Grande do Sul. Atualmente, a convenção tem painéis com participantes que falam e debatem sobre os mais diversos assuntos dentro do mundo da cultura pop. “Geralmente definimos primeiro os temas dos painéis e depois partimos para a escalação dos convidados”, conta Emerson Vasconcelos.

Alguns dos painéis que rolaram na edição desse ano (Fotos: Guilherme Testa/Divulgação)

“No início, em 2011, nosso público era de 1.500 pessoas, e achamos que era muita gente. Hoje, com a edição de 2018, chegamos a mais de 5 mil pessoas. É um enorme feito”, comenta Emerson. O evento, para quem não conhece, traz atrações nacionais e internacionais dos quadrinhos, ilustradores, pesquisadores, blogueiros, atores, apresentadores e entusiastas de histórias em quadrinhos. A equipe do Comic Con tem como regra para determinar o valor dos ingressos a seguinte máxima: o primeiro lote do ano não pode ser mais caro que o segundo lote de ingressos da edição anterior. O evento tornou-se saudável financeiramente a partir da quarta edição, o lucro que se tem agora comprova o crescimento do evento.

Quando na primeira edição o ingresso era apenas 10 reais no ingresso antecipado, hoje o mesmo ingresso custa 45 reais. O crescimento do valor do ingresso já é notório, sendo que o CCRS começou do zero, sem um investimento alto. Quando o lucro chegou, era hora de expandir “foi quando começamos a trazer atrações de fora do Brasil”. Todo o lucro é investido no próprio evento, para fazê-lo cada vez maior e melhor.

O evento também conta com um amplo espaço de estandes, “um shopping somente de produtos nerds”, como diz Emerson. O espaço inicial são para 18 estandistas, que podem vender os mais variados tipos de produtos, de games à colecionáveis. O idealizador conta que na última edição, em 2018, foi necessário ampliar esse número para 25 estandes. “Primeiro a gente abre para quem já foi nosso estandista se inscrever, depois para os novos. Avaliamos a repetição de produtos, pois é essencial ter variedade, não queremos muitas lojas vendendo a mesma coisa”, explica.

Fotos dos estandes oficiais da edição de 2018 (Fotos: Guilherme Testa/Divulgação)

Mas para entrar no mercado dos eventos,o organizador tem que conhecer o universo e saber o que oferecer para o público fanático, e também para o casual.

O Vale do Sinos tem alguns eventos em ascensão, como o Adventure Festival de São Leopoldo, realizado duas vezes ao ano na cidade. Adventure Festival funciona de uma maneira diferente do Comic Con, o evento é menor, conta com parcerias e patrocínios de lojas e empresas do ramo da cultura pop. Vilmar Rodriguez, organizador, conta que o evento abre espaço para estandistas que são pequenos e fazem “um trabalho legal” e com isso tornam-se parceiros para outras edições.

Com o investimento inicial de 7 mil reais o evento se mantém, mas não dá lucro. O idealizador afirma que nunca quis ganhar rios de dinheiro, apenas criar em São Leopoldo um espaço que juntasse a galera fã da cultura pop/geek. “É um trabalho difícil, tem eventos que fechamos com mais atrações, outros com menos. Às vezes não conseguimos parcerias boas, mas continuamos tentando”, reflete Vilmar a respeito das dificuldades encontradas para manter seu negócio.

Participação do público do Adventure Festival, na 1ª, 3ª e 7ª edição (Fotos: Adventure Festival/Divulgação)

Embora o evento seja pequeno, na primeira edição, em 2014, reuniu aproximadamente 200 pessoas. Hoje, após sete edições, tem mais de 400 participantes. Os ingressos são compatíveis com a proposta do evento, nas duas primeiras edições oscilavam entre 10 e 15 reais, hoje ficam de 15 a 20 reais. “O fato de ter o clube como principal parceiro nos ajuda muito a realizar o evento”, coloca Vilmar.

Economia nerd por metro quadrado

O nerd tem o hábito de tornar hobbies em profissões, a necessidade de consumo daquilo que é predileção do nerd gerou uma demanda de produção. Por isso, esses eventos servem como um termômetro econômico e de “modismo” da cultura pop. A expansão empresarial mostrou a importância do “fator cultural” para a estabilidade do negócio.

Sendo assim, esses eventos ganharam um papel relevante, além do capital gerado para a realização das convenções, as lojas independentes que promovem a venda de seus produtos no local ajudam a movimentar o mercado.

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Verônica Torres Luize
Redação Beta

26 anos. Comunicadora digital, nerd e fã de tecnologias.