O exército em um só tom

Saiba como funcionam as bandas marciais militares

Matheus Martins
Redação Beta
3 min readMar 23, 2018

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Muitas pessoas já viram, porém poucas sabem como funciona a rotina de uma banda marcial. Utilizadas em datas comemorativas e eventos oficiais, elas são uma tradição no Exército Brasileiro.

De origem da cavalaria medieval, onde recebiam o nome de fanfarras (são chamadas assim em quartéis e esquadrões de cavalaria até hoje), surgiram para dar ritmo aos pelotões em marcha.

Apresentação da Banda do 3º BPE na despedida do antigo regente, Meirelles. (Foto: Matheus Martins)

Na banda do 3º Batalhão de Polícia do Exército, situado no morro Santa Teresa em Porto Alegre, regida pelo capitão Luis Pedro Pires e o subtenente Volmir Maiato, a rotina varia entre ensaios e apresentações. “Ensaio é todo dia. Na primeira hora da manhã, a banda tem formatura em outras Organizações Militares (OM’s)”, destaca Maiato. A banda da Polícia do Exército (PE) existe desde 2001, quando foi transferida do 18º Batalhão de Infantaria Motorizada, que se situava na Avenida Ipiranga, para o Batalhão de Polícia do Exército. Muitos dos integrantes estão juntos há trinta anos.

O repertório é variado. Desde músicas militares, hinos de futebol e até músicas mais populares, como o sertanejo. Todas escolhidas pelo regente da banda. Os instrumentos, que incluem percussão, de sopro e até de cordas, são fornecidos pelo exército, mas muitos músicos utilizam os seus próprios. “Eu, por exemplo, sempre usei os meus. É uma ligação do músico com seu instrumento”, comenta Pires, regente da banda. Ele ainda reforça que os instrumentos são renovados a cada cinco anos.

Porém, para participar da banda, o militar precisa percorrer um caminho. Há duas formas: temporariamente, onde os novos soldados podem entrar logo que chegam no batalhão se tiverem aptidão, ou profissionalmente, quando o militar exerce a carreira de músico no exército. Neste segundo, é necessário realizar o concurso da Escola de Sargento das Armas (EsSA), e posteriormente realizar curso de músico, na Escola de Sargentos de Logística (Eslog). “Caso haja interesse, os novos soldados entram como aprendizes e podem ficar na banda pelo tempo determinado em que servirem”, frisa Maiato.

Regente da banda, o capitão Pires confere a afinação dos instrumentos antes de cada apresentação. (Foto: Matheus Martins)

Para novos soldados, participar da banda é um orgulho. Segundo o soldado Ederson Ferronato, que está no exército há pouco mais de um ano, a experiência é enriquecedora. “Comecei na música no colégio Júlio de Castilhos, na banda marcial de lá. Sempre gostei das apresentações das bandas do exército, então, quando me alistei, só pensava em ser da banda”, disse Ferronato.

Além do dia a dia, a banda da PE participa de alguns festivais internacionais, como o de Montevidéu, no Uruguai. Na última edição, a banda se apresentou junto com os grupos de quartéis da Argentina e do Chile.

As bandas também realizam apresentações em locais públicos (vídeo abaixo) em datas comemorativas, a fim de aproximar o exército da sociedade. “O Exército Brasileiro não é mais a ditadura. Pelo contrário. Estamos muito próximos da democracia, e essas ações servem para demonstrar isso”, finaliza Maiato.

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