O legado da música em uma família de bateristas

Dionis e Diogo têm no pai o principal incentivador em suas carreiras musicais

Laura Blos
Redação Beta
5 min readNov 25, 2022

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Na última terça-feira, 22 de novembro, foi comemorado o Dia do Músico. Seja como profissão ou como hobbie, todos que se dedicam a esta arte são grandes apaixonados por ela, tanto que com frequência passam esta paixão para novas gerações.

Os irmãos bateristas Dionis dos Santos, 39 anos, e Diogo dos Santos, 22 anos, são grandes exemplos do desenvolvimento musical dentro da família. Dionis, que atualmente mora em Dongguan, na China, conta que teve seu primeiro contato com a música com o pai.

“Logo cedo, aos 4 anos de idade, tive meu primeiro contato com a magia musical, ao ver meu pai tocando uma gaita de 8 baixos de um amigo. Hoje tenho certeza de que foi uma conexão especial. Minha mãe conta que eu fiquei deslumbrado com aquele pequeno instrumento, insistindo para que meu pai comprasse aquela gaita, tanto que o fez. Meus braços pequenos e corpo miúdo não conseguiam sequer segurar a gaita. Aos poucos, entre uma brincadeira e outra, pude aprender algumas músicas da época”.

Já Diogo, residente em Sapiranga, no Vale do Sinos, brinca que é baterista desde sempre. “Sou baterista desde sempre, e costumo dizer que já seria antes de nascer, visto que a família é de bateristas. Minhas grandes inspirações são meu pai e meu irmão, e justamente por ‘culpa’ deles, comecei a tocar, pois queria ser igual. Nunca tive aula especializada no meu instrumento, mas tive grandes conselheiros desde então”.

Aloisio fez parte do conjunto “Os Tropeiros”. (Foto: Marli Teresinha dos Santos/Arquivo pessoal)

O pai de Dionis e Diogo, Aloisio Francisco Tatsch dos Santos, já é falecido, mas está sempre na memória dos filhos que creditam a ele e a sua mãe, Marli Teresinha dos Santos, as suas histórias na música. “Meu pai sempre me deu oportunidades de estudar, aprender outros instrumentos, ele sempre dizia que a importância de conhecer outros instrumentos era a base que o baterista precisa para conduzir o grupo. Nunca fiz aula teórica, ou procurei outros bateristas para me inspirar. Meu pai foi minha inspiração e sigo dizendo isso, até hoje”, afirma Dionis, que também é um grande incentivador do irmão mais novo. “Meu pai e meu irmão, além de serem minhas maiores referências e conselheiros, são também os meus maiores incentivadores, juntamente com minha mãe e minha noiva”, comenta Diogo.

Marli, ao falar sobre os caminhos dos filhos na música, afirma: “Eu incentivei e incentivo cada vez mais, porque é muito prazeroso, é muito gratificante, porque não adianta, tá no sangue, não tem jeito, e para uma mãe isso é o maior orgulho.”

O caminho profissional começa cedo

Marli conta que Aloisio também começou cedo na música. “Na família do meu marido, do Aloisio, era só o meu sogro que tocava violão. Quando meu marido era gurizote, com 12, 13 anos, eles trabalhavam na colônia e o pai dele deu um bezerrinho pra ele. Aloisio sempre contava que ele tratou aquele bezerrinho, e depois que o bezerro cresceu ele vendeu e comprou uma gaita. E essa gaita eu tenho ainda”, lembra.

A gaita vermelha foi comprada por Aloisio quando ainda tinha cerca de 12 anos. (Foto: Arquivo pessoal/ Marli Teresinha dos Santos)

Aloisio participava como baterista de um conjunto chamado “Os Tropeiros”, mas também tocava gaita e violão. Levava os filhos pequenos em suas apresentações e quando possível os inseria na banda. E o contato não só tornou a música uma paixão, como também um ofício.

Diogo atua na área musical desde os 8 anos como amador e, aos 12 anos de idade, passou a atuar como profissional. “Desde 2013, atuo de forma profissional, como freelancer e professor. Não tenho um ritmo específico, pois seguindo o conselho de meu irmão, o baterista precisa saber tocar, indiferente do que for.”

Dionis relata que também com 12 anos de idade, já trabalhava profissionalmente. “Eu prestava serviços como músico contratado, para diversas bandas do Vale do Sinos e região. Todos os finais de semana, eu era chamado para algum baile, evento, show. Aos 17 anos, já em outro segmento musical, fiz parte da minha primeira banda de rock, chamada Kollyn Rock. Participamos de um concurso municipal, e vencemos com duas músicas próprias. Essa foi a porta de entrada para nós no Rock’n Roll, fizemos turnês com bandas como Acústicos e Valvulados, Reação em Cadeia, Julio Reni, entre outras bandas locais do gênero. A banda ficou na ativa por 8 anos, gravamos alguns álbuns, e fizemos shows pelo Estado”.

Diogo faz parte da Banda Crioula Cláudio Wingert, de Sapiranga. (Foto: Arquivo BCCW/Facebook)

Atualmente, os irmãos não trabalham exclusivamente com a música, mas não por isso ela saiu do cotidiano deles. Diogo afirma: “Sou um apaixonado e defensor das bandas marciais, tanto que foi em uma banda marcial que conheci minha noiva. Faço parte hoje da Banda Crioula, além de continuar como freelancer e professor, conciliando também com as minhas obrigações profissionais de Analista de Cyber Segurança.”

Já Dionis segue seu caminho na China. “Hoje, resido no exterior, na cidade de Dongguan, China. Além da minha profissão como diretor de produto e design, faço parte da banda que acompanha a cantora Maria Rose, vencedora do renomado concurso The Voice China, e continuo seguindo meu caminho na música lecionando percussão brasileira para chineses”.

Dionis segue sua carreira de músico na China. (Foto: Arquivo pessoal)

“Te divertir para divertir”

Os irmãos ainda afirmam a importância da música em suas vidas. “Sempre que posso, incentivo pessoas a seguirem na música. Mostro o que a música fez e faz por mim, e tento repassar o melhor conselho que meu pai me passava sempre antes de eu subir em um palco e sentar no banco de uma bateria: te diverte pra divertir o teu público”, declara Diogo. Dionis completa: “jamais desista dos seus sonhos, todos somos capazes de chegar ao topo do nosso próprio sucesso, nunca deixe de acreditar em você”.

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