O movimento da vida leva à dança

Léo da Silva se destaca com trabalho cultural em Campo Bom

Eduarda Moraes
Redação Beta
5 min readJun 8, 2018

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O trabalho com jovens é uma forte característica do professor. (Foto: Léo da Silva/Arquivo pessoal)

Ao falar sobre arte e os trabalhos socioculturais empreendidos na cidade que adotou como sua, Leonardo da Silva, 28 anos, mais conhecido como Léo da Silva, não disfarça o orgulho. Morador de Campo Bom desde criança, tornou-se referência na comunidade sendo o primeiro a possuir o título de licenciado em Dança. Hoje é professor em seis escolas da rede municipal, além de atuar como personal dance, colunista social do Jornal NH, gestor cultural de entidades (Grupo Sombras de Bok’Aberta, H2O Clube de Dança), coordenador do Projeto Um Novo Olhar Sobre Campo Bom e Comitê Jovem da Festa do Sapato, produtor cultural do Projeto Ação Cultura – PAC e coordenador de eventos culturais como a Mostra Municipal de Dança de Campo Bom.

“A arte sempre foi a minha melhor forma de expressão.” Assim Léo começa a explicar como se aproximou da dança. O teatro despertou seu interesse antes, ainda no início da adolescência, mas foi por meio das coreografias que o campo-bonense se encontrou, passando pelos ritmos de salão, jazz, urbanos e folclóricos. No entanto, assumir sua relação com a arte nem sempre foi algo fácil. Ele conta que enfrentou preconceitos com a escolha pela dança, mas isso não o impediu de seguir em frente com seus projetos.

O amor pela dança é repassado aos alunos. (Foto: Léo da Silva/Arquivo pessoal)

Quanto à profissão, o artista nunca teve dúvidas. Sua missão era lecionar aquilo que sempre esteve presente em sua personalidade. Ingressou no curso superior de Dança da Ulbra ainda com 17 anos, logo após finalizar o Ensino Médio. “Poder me profissionalizar na área que me representa enquanto ser foi a realização de um sonho”, destaca. E mesmo formado, continua se aprimorando. Atualmente está fazendo uma especialização em Dança, Cultura e Educação pela Faculdade Sogipa.

“Estar no palco, em cena, é o momento em que o verdadeiro Léo da Silva vive”, descreve. Das múltiplas tarefas no mundo cultural, está claro que essa é uma das favoritas. Léo diz expor a melhor parte dele quando entra em cena. Caracterizando-se como “o Léo performer”, não tem medo de reconhecer as próprias qualidades: criatividade, atrevimento, sedução, dinamismo, ousadia e consciência de suas limitações.

Mas, sem dúvida, a personalidade mais importante, entre as tantas assumidas por ele, é a do “Sor Léo”. “Socialmente, ser professor é o que mais me representa. É uma responsabilidade enorme, a qual assumo com muito amor”, afirma. Léo se descreve como um professor coerente, fortemente ligado aos alunos, carinhoso, preocupado, direto, criativo e acessível. Para ele, desempenhar essa profissão “é saber que é pela educação que mudaremos o mundo”.

Alunos da rede municipal de ensino de Campo Bom se soltam na dança. (Foto: Léo da Silva/Arquivo pessoal)

“A questão da juventude sempre foi minha maior bandeira. Por muito tempo eu trabalhei com jovens em vulnerabilidade social, principalmente quando eu era professor de dança no Ensino de Jovens e Adultos da escola Borges de Medeiros. A partir dali, eu vi o quanto os jovens pedem socorro silenciosamente, e as pessoas que conseguem atender acabam ganhando a confiança deles por toda a vida”, relata.

Com pouca idade e o desejo de fazer a diferença, Léo se tornou um professor que movimenta a juventude. Ele diz ter conseguido provar para os jovens que educação em dança não se limita à área artística, pois auxilia em outros setores da vida, principalmente na comunicação, preparando-os, inclusive, para o mercado de trabalho. “Isso fazia com que eles se identificassem comigo e vissem em mim um exemplo”, comenta. Pensando em manter o vínculo e continuar o trabalho com esses adolescentes, Léo criou os grupos ONG MIS, Comissão de Frente Leões, Boy Toy Dancers e Equipe Leões, todos de trabalho com jovens.

O teatro também faz parte da formação cultural de Léo. (Foto: Léo da Silva/Arquivo pessoal)

Fez da cidade onde vive o seu principal palco. A inserção de Léo nos meios culturais de Campo Bom começou com um voluntariado na Escola Estadual de Ensino Médio Fernando Ferrari, dando aula para alunos mais novos no grupo de arte em que repassava conhecimentos da dança e do teatro. “Por mais que fosse pouco (o conhecimento), criávamos vínculos, entre nós e com a arte, bem interessantes, alguns que duraram até hoje, 12 anos depois”, revela.

Com isso, pegou gosto pelo trabalho voluntário, foi professor de expressão corporal na APAE e também atuou no programa Escola Aberta. “Isso me abriu as portas para que eu pudesse me inserir em eventos e ações culturais do município”, conta o professor. O voluntariado de Léo transcende a área artística, passando também pelas questões culturais e sociais. Ele participou da Festa do Sapato, evento tradicional na cidade, e atuou na encenação da Paixão de Cristo, que é construída e realizada pela comunidade. “Todas as oportunidades que via, eu atendia. E isso me dava bagagem e experiência, abria portas e dava visibilidade no ambiente cultural”, explica.

Os projetos futuros estão nas áreas cultural, artística e da educação, é claro, segmentos que guiam as ações de Léo em todos os seus “microssistemas”. Para ele, as mudanças que se deseja ver ao redor precisam começar por si mesmo, por isso quer continuar o voluntariado. Também pretende ampliar a visibilidade e abrangência dos seus projetos pessoais. E, se for possível, em meio a tantas atividades, pensa novas iniciativas e parcerias para entrar em outros contextos. Tudo isso tendo como principal objetivo o respeito e entendimento da área cultural enquanto elemento fundamental à formação do cidadão. “Bom, eu costumo dizer que o futuro é um mistério, mas ele está nas nossas mãos”, finaliza.

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