O risco de disseminação de fake news pelo Telegram nas eleições brasileiras

Cristina Bieger
Redação Beta
Published in
3 min readMay 6, 2022

Apesar de sua similaridade com o WhatsApp, o Telegram permite a criação de grupos de até 200 mil pessoas para difusão de informações

Telegram apresenta poder de disseminação de notícias muito maior do que o WhatsApp.

Uma plataforma presente em aproximadamente 53% dos smartphones brasileiros vem chamando a atenção, principalmente no que diz respeito à disseminação de notícias falsas.

O Telegram, serviço de mensagens similar ao WhatsApp, foi lançado em 2013, na Rússia, e hoje possui sede em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Apesar da semelhanças com seu rival, a maior diferença com o WhatsApp é que ele permite a criação de grupos com até 200 mil pessoas, tornando-se uma ferramenta eficaz para a difusão de informações a grandes audiências, além de mais rápida.

Muito tem se falado do uso político do Telegram, sendo uma das novas principais preocupações para as eleições de 2022 devido à falta de controle na disseminação de possíveis fake news. O governo federal, inclusive, impulsionou o acesso da população brasileira ao aplicativo ao oferecer serviços públicos de órgãos oficiais por meio do aplicativo.

A plataforma foi retirada do ar por decisão judicial do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A decisão de suspender o aplicativo veio em resposta a um pedido da Polícia Federal após considerarem que a empresa responsável pela plataforma deixou de cumprir ordens judiciais.

Entre as exigências feitas pela Justiça estava a nomeação de um representante oficial no país e a retirada do ar dos links vazados pelo presidente Jair Bolsonaro com um inquérito sigiloso da Polícia Federal sobre um ataque hacker ao STF.

O ministro havia dado o prazo de 24h para a indicação de um representante oficial no Brasil, para o envio de informações sobre providências para combate à desinformação e o cumprimento integral de decisões que determinaram retirada de conteúdo ou bloqueio de canal. Após cumpridas as determinações, Alexandre de Moraes revogou a decisão de suspensão.

O Telegram indicou Alan Campos Elias Thomaz como representante legal no Brasil. “Alan Campos Elias Thomaz tem acesso direto à nossa alta administração, o que garantirá nossa capacidade de responder as solicitações urgentes do Tribunal e de outros órgãos relevantes no Brasil em tempo hábil”, informou o Telegram.

Como medidas ao combate à desinformação no Brasil, a plataforma tem feito o monitoramento dos 100 canais mais populares no país, tem acompanhado a mídia brasileira e estabelecerá relações de trabalho com agências de checagem e restringirá postagens públicas para usuários banidos por espalhar desinformação, além de atualizar seus termos de serviço.

O que se sabe, é que o aplicativo é conhecido por não cooperar com autoridades judiciais e policiais de diversos países. Essa atitude faria dele um espaço seguro para a disseminação de diversos conteúdos, inclusive criminosos.

Desse modo, para quem faz uso da plataforma, os cuidados devem ser redobrados com as informações recebidas e repassadas. Guilherme diz que, “checar a fonte de qualquer notícia é uma atitude que combate as fake news, assim como observar a data de publicação das notícias, e também confirmar as mesmas notícias em outros sites. As fake news podem ser criadas por qualquer pessoa ou por empresas, veículos de imprensa”, finaliza.

--

--