O smartphone virou um órgão vital?

Com o avanço da tecnologia, o aparelho celular se torna cada vez mais necessário na vida das pessoas. Atenção, o uso excessivo pode ser uma doença

Thiago Greco
Redação Beta
3 min readSep 11, 2019

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Ei, você! Você mesmo que acabou de clicar aqui e está lendo pela tela do seu smartphone. Conseguiria guardar seu aparelho celular agora, nesse exato momento? Conseguiria cortar o texto ao meio, não responder sua mãe no WhatsApp, não ver quem curtiu a foto no Instagram, e muito menos saber se alguém replicou algum tweet seu? Conseguiria colocar o celular em uma gaveta e só ter acesso a ele daqui 24 horas? Vou te dar cinco segundos para pensar.

Ok. Se você respondeu “não”, você é a maioria e pode sofrer de nomofobia. Se respondeu “sim”, você integra uma saudável minoria. Em 2012, a companhia britânica SecurEnvoy abordou cerca de 1 mil pessoas no Reino Unido com esse mesmo questionamento e chegou ao seguinte resultado: 66% dos entrevistados tinham medo de ficar longe do celular — caracterizando a nomofobia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a nomofobia se caracteriza pelo medo irracional de permanecer sem celular ou aparelhos eletrônicos no geral.

Os principais sintomas consistem em olhar várias vezes a mesma coisa no aparelho ao longo do dia, certificar-se que ele está no seu raio de visão, dormir com ele debaixo do travesseiro, conferir as notificações assim que acorda e ficar ansioso com a falta de sinal.

Buscando uma maneira de atualizar estes dados, a Beta Redação, por meio de uma enquete no Instagram, elencou os principais sintomas da nomofobia e perguntou se as pessoas acreditavam sofrer com essa fobia. O questionário foi respondido por 1.412 pessoas, sendo que 52% delas identificaram os sintomas.

A estudante Eduarda Anflor Alves, 18 anos, faz parte da maioria. “Eu passo o dia inteiro com o celular comigo. Se não estou usando, está no bolso. Mas sempre tem que estar no meu raio de visão. Tem vezes que levo para o banho para ouvir música”, confessa Eduarda, que se diz consciente de possuir a fobia. Contudo, não pensa em buscar tratamento médico.

“Isso não me atrapalha em nenhum sentido. Faço terapia e este tema já foi levantado. Porém, como o celular se tornou algo indispensável para meus estudos e comunicação, não penso em mudar este hábito enquanto ele não estiver me fazendo realmente mal”, relata Eduarda.

Apesar de minoria, há pessoas que conseguem ficar longe do celular sem nenhum problema. Esse é o caso do biotecnólogo Vinícius Lenz da Silva, 26 anos, que trabalha na área de marketing digital. “Trabalho com o computador e com o celular conectados. Essa conexão faz eu não me sentir perdido sem o acesso ao smarthphone. Consigo ficar dias sem tocar no aparelho, pois tenho tudo no computador”, explica Lenz. Segundo ele, um dos motivos do desapego é justamente trabalhar online.

“Eu fico oito, dez horas no computador trabalhando. Quando acabo meus afazeres, a última coisa que quero ver na minha frente é o celular. Se alguém precisar falar urgente comigo, fala com a Mel (sua esposa). Ela sim, não larga o celular”, comenta Vinícius com bom humor.

A psicóloga Lilian Westphalem, 38 anos, indica que o aumento de casos de nomofobia é proporcional ao crescimento do uso e acesso à tecnologia. “Esta é uma fobia relativamente nova e, mesmo assim, tem trazido aos consultórios pessoas realmente prejudicadas que simplesmente não conseguem se separar do celular e que não conseguem ter uma vida offline”, revela.

Segundo a psicóloga, a tendência é de que cada vez mais pessoas sofram desta moléstia, potencializada pelo avanço da vida online. A profissional revela que o mundo virtual oferece muitas possibilidades por meio de um simples clique, como um passe de mágica.

“Essa facilidade acaba se tornando muito viciante e uma dependência. Pessoas que se enquadram com esses vícios devem buscar a terapia cognitiva, que é uma técnica que trabalha diretamente os hábitos comportamentais”, sugere a psicóloga.

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