O sucesso feminino no campo

A presença da mulher no agronegócio contribuindo para grandes resultados

Maria Júlia Pozzobon
Redação Beta
4 min readSep 15, 2021

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Mulheres da família Mattioni em uma colheita de Soja. (Foto: Arquivo Pessoal de Caroline Mattioni)

Que o agronegócio apresenta números cada vez maiores, contribuindo muito para a economia do país, não é novidade para ninguém. Somente no ano de 2021, a produção total de soja no Brasil alcançou o número recorde de 122,67 milhões de toneladas na safra, tendo uma alta de 2,3% comparado ao ano anterior. Porém, a maior novidade neste meio é a crescente presença feminina. Onde até pouco tempo atrás, era conhecido somente pela presença masculina.

O sucesso feminino no campo vem contribuindo muito para os números que o agro está atingindo não somente no Rio Grande do Sul, como no Brasil. Segundo dados apresentados pela Fundação Getúlio Vargas, em 2018, as mulheres já tomavam frente de 34% dos cargos principais no agronegócio Brasileiro.

Caroline Mattioni, advogada com especialização em questões jurídicas de interesse do produtor rural destaca que houve uma quebra de paradigmas e hoje a presença feminina no setor já é vista com mais naturalidade. Para ela, homens e mulheres possuem aptidões distintas e por esse motivo, acredita que a presença feminina no setor está cada vez maior justamente porque as mulheres não estão se inserindo com o objetivo de substituir os homens, mas completando, preenchendo uma lacuna a qual os homens, devido as suas habilidades naturais, não faziam tão bem quanto as mulheres. “A presença da mulher neste meio tem contribuído para o fortalecimento e crescimento do setor, bem como para a profissionalização do negócio. Acredito sim que isso possa ter reflexo no aumento da produtividade e, consequentemente, nas safras recordes,” destacou.

As mulheres têm conquistado cada vez mais lugares de destaque em diversos setores da sociedade, e no agronegócio não é diferente. (Foto: Arquivo Pessoa de Caroline Mattioni)

Apesar do crescimento da presença feminina, ainda existe muito espaço para melhorias. Segundo dados divulgados pelo Censo Agropecuário, no ano de 2017, as mulheres comandavam cerca de 30 milhões de hectares no Brasil, o que representa apenas 8,5% do espaço. Caroline acredita que a presença da mulher está em constante crescimento e assim permanecerá no futuro, alcançando cada vez mais espaço. “Esse processo se dá devido a quebra de paradigmas de que o agro é um setor apenas masculino conjugado com os resultados positivos que a presença feminina agrega no setor. A percepção desses bons resultados são os motivos pelo qual acredito que a presença da mulher estará cada vez mais forte,” enfatizou a advogada.

Lavínia Giovelli, de 22 anos, é estudante de agronomia da Universidade de Passo Fundo e estuda para tocar os negócios dos seus pais. Para ela, apesar de estarmos em constante evolução, o machismo é muito presente. “Por exemplo, nas grandes feiras do setor que ocorrem no Estado, algumas empresas ainda colocam mulheres com saias curtas ou vestidos que marcam o corpo, para chamarem a atenção dos produtores que estão ali e isso é totalmente errado,”afirmou. Para a estudante, a presença feminina sempre vai chamar atenção, onde em vários setores elas já tiveram grande avanço e com o campo não está sendo diferente. Apesar da ‘lentidão’ do processo, a evolução está sendo constante.

A evolução no campo, não está somente na presença feminina, como também na tecnologia que vem contribuindo para bons resultados, que contribuem além do PIB brasileiro, na geração de empregos e atrai investidores para o país. “O agronegócio está em tudo o que vestimos, usamos e comemos, só que as pessoas não enxergam isso e nos julgam como vilões, por não entenderem o nosso lado,” destacou Lavínia.

O PIB ( Produto Interno Brasileiro), do agronegócio brasileiro, foi um dos setores que apresentou alta no ano de 2021, onde o resto da economia do país sofreu uma grande queda devido a pandemia do coronavírus. Com o avanço do segundo trimestre deste ano, o PIB do setor teve alta de 9,81%, segundo dados divulgados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Para Caroline Mattioni, isso é devido ao conjunto de fatores, principalmente a adesão da tecnologia pelos produtores rurais. “As pesquisas nessa área garantem sementes cada vez mais resistentes e produtivas, fertilizantes e defensivos cada vez mais eficazes e maquinários cada vez mais avançados,” comentou.

O PIB do agronegócio brasileiro segue em forte ritmo de crescimento. (Foto: Site do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada)

Para a advogada, os números falam por si só, sendo um setor que conseguiu ter destaque e crescer até mesmo na pandemia. “O agronegócio garantiu o abastecimento interno de alimentos e aumentou as exportações, auxiliando a retomada da economia e a geração de empregos. Vejo muitas pessoas criticando a dependência do país neste setor, mas acredito que essa é a vocação do Brasil e que é nela que o país deveria cada vez mais valorizar,” finalizou.

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