Brasil registra mais de 35 milhões de trabalhadores informais

O dado levantado pelo IBGE, em 2018, aponta que a soma de pessoas atuando por conta própria supera os índices de carteiras assinadas

Matheus Vargas
Redação Beta
3 min readJun 11, 2019

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Devido à alta taxa de desemprego no Brasil, cada vez mais pessoas veem aderindo ao trabalho informal. (Crédito: Pixabay)

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de fevereiro a abril de 2019, o desemprego no Brasil chegou a 12,5% da população, um aumento de 0,5% em relação ao trimestre anterior. De acordo com o relatório da Organização Internacional de Trabalho (OIT), 61% das pessoas que compõem a força de trabalho no mundo atuam de maneira informal.

No Brasil, segundo o IBGE, no ano de 2018, a soma de pessoas trabalhando por conta própria ou no mercado informal foi maior que a quantidade de carteiras assinadas. O país no final de 2018, registrava 33 milhões de pessoas trabalhando com carteira assinada, enquanto 11,5 milhões atuavam sem carteira. Além disso, outras 23,8 milhões de pessoas trabalhavam por conta própria.

Com tantas pessoas à procura de uma colocação no mercado de trabalho, empresas têm optado por contratar profissionais com maior qualificação. Assim, cidadãos que, por algum motivo, não completaram os estudos ou não buscaram por qualificação não encontram oportunidades de empregos formais.

É o caso de João Pedro Schumanski, 22, que não possui o Ensino Fundamental completo. “Comecei a trabalhar muito cedo. Ajudava meu pai nas obras e achava muito melhor ganhar meu dinheiro ao invés de estudar”, lembra o jovem. Atualmente, Schumanski obtém seu sustento das vendas de rapaduras que faz nas sinaleiras do município de São Leopoldo. “Têm dias que eu não vendo nada, têm dias que eu vendo uma e, assim, nós continuamos”, desabafa relatando que, em breve, ele será pai.

Já Ira Bartikoski, 41, concluiu o Ensino Médio e, na época que completou 16 anos, começou a trabalhar com sua mãe em atividades domésticas, porém nunca com carteira assinada. “Trabalhei por 10 anos na casa de uma família. Quando fui demitida, nunca mais arrumei nada fixo, apenas pequenas faxinas, mas ultimamente nem isso tenho conseguido”, comenta Ira.

Devido às dificuldades vividas, Ira se viu obrigada a ir para rua fazer para sustentar os dois filhos. “Fazem uns quatro anos que estou vendendo coisas na rua, já vendi de tudo: uva, bergamota, mamão, melancia e atualmente estou vendendo melão”. Como a vendedora já está há um bom tempo trabalhando na rua, já fez muitos amigos e também clientes. “Têm muitas pessoas que só compram frutas de mim”, destaca.

Além disso, Ira acredita que as vendas possibilitam que seus dois filhos tenham uma vida minimamente digna. “Graças ao dinheirinho que ganho aqui, meus meninos tem o que vestir e o arroz com feijão nunca faltou. Claro que eu queria poder dar mais coisas para eles, mas tudo vai melhorar, eu sei que vai”, comenta de maneira otimista.

Programa Jovem Aprendiz é alternativa de inserção no mercado

Visando auxiliar pessoas a ingressarem ou, até mesmo, retornarem ao mercado de trabalho, o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) oferece o Programa Jovem Aprendiz. Segundo a Secretária de Escola da instituição, Amanda Carvalho, jovens de 14 a 24 anos de idade que estão cursando ou já concluíram o ensino Fundamental e Médio podem se inscrever no projeto. “O interessado deve procurar uma das empresas credenciadas ao Senac e entregar seu currículo. A empresa seleciona o candidato e solicita uma vaga”, explica.

O jovem selecionado deverá fazer sua inscrição diretamente no Senac de sua cidade. Em São Leopoldo, por exemplo, as turmas disponíveis atualmente são de serviços administrativos, supermercado e vendas. Os cursos com duração de 1.100 horas são ofertados nos turnos de manhã ou tarde e são divididos em parte teórica e prática.

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