O vôlei além das quadras

Jogadores não profissionais contam que a prática do esporte é também um momento de interação

Eduarda Moraes
Redação Beta
5 min readOct 1, 2018

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Letícia Schommer e namorado Jean Luca Mousquer comemorando no pódio (Foto: arquivo pessoal/ Letícia Schommer)

A rotina agitada do dia a dia abre espaço para um esporte que vai além de uma prática de lazer. Fabio Rodrigues, Letícia Schommer, Maria Silvana Ampese e Kamily Ampese consideram que o voleibol ultrapassa o âmbito esportivo. Para eles é um momento quase terapêutico e de encontro entre amigos. Embora não sejam profissionais, eles levam o vôlei a sério. Treinam durante a semana, em finais de semana e ainda rodam o Estado para participar dos torneios.

De mãe para filha

Silvana Ampese e Kamily Ampese dividindo a quadra (Foto: arquivo pessoal/ Silvana Ampese)

A empresária Maria Silvana Brito Lemos Ampese, 37, começou a jogar vôlei com o time das mães da escola infantil em que sua filha, Kamily Vitória Lemos Ampese, estudava. Ela conta que praticamente não tinham base e nem fundamento sobre o esporte, mas o gosto pelas quadras falou mais alto. Um tempo depois, Silvana entrou para outro grupo, dessa vez com um técnico, o que contribuiu para o seu desempenho nos jogos.

Para Silvana, o vôlei é mais que um momento entre mãe e filha, representando também sinônimo de saúde. “Em 2013 tive um aborto retido. Descobri que tinha hipertireoidismo. E hoje, a atividade física é mais que necessária para o meu organismo. Esporte é vida”, relata.

Hoje ela treina uma vez por semana e joga vôlei de praia aos sábados e domingos, com exceção de amistosos que intensificam a rotina. “Então, tem semanas que jogamos duas vezes. Mas como somos ‘fominhas’, poderíamos jogar mais”, brinca Silvana. O time em que joga recebeu o nome de Villa Vôlei, fazendo referência a quatro jogadoras que moram no mesmo bairro.

Mãe e filha exibem conquistas obtidas em parceria (Foto: arquivo pessoal/ Silvana Ampese)

Kamily Vitória Lemos Ampese, 15, cresceu vendo a mãe jogar. Do lado de fora da quadra ficava batendo bola, enquanto ainda não tinha tamanho suficiente para jogar. Com o passar dos anos, Kamily ingressou no esporte e, hoje, integra a equipe da Sociedade Ginástica em Novo Hamburgo. Como não poderia ser diferente, também joga no Villa Vôlei ao lado da mãe e a parceria segue em outra modalidade: o vôlei de praia.

“É muito bom jogar com ela”, comenta Silvana. Kamily também gosta de dividir as quadras com a mãe, mas acrescenta que “as vezes têm os desentendimentos”. No ano passado, Kamily e Silvana dividiram o primeiro lugar no pódio do Campeonato Municipal de Vôlei de Campo Bom e seguem na disputa esse ano.

Vôlei também é amor

Letícia conheceu o namorado numa competição (Foto: arquivo pessoal/ Letícia Schommer)

Letícia Seger Schommer, 21, trabalha como babá, mas reserva os finais de semana para o vôlei. Ela conta que sempre gostou de esportes, assim como sua família, que aliás foi a grande incentivadora do vôlei. A prática da modalidade nas aulas de educação física na escola despertou um interesse maior pelo esporte, o que levou Letícia a procurar por escolas especializadas.

“Joguei em uma escola de Dois Irmãos, onde competíamos no município e em intercolegiais, que tinha times de vários lugares do Estado. Depois treinei por um tempo em Nova Petrópolis”, conta Letícia. Hoje ela continua jogando vôlei de quadra em Dois Irmãos, e quando sobra tempo migra para a areia.

Para Letícia, o vôlei mudou sua vida fora das quadras. Seu namorado, Jean Luca Mousquer, é uma consequência da convivência no esporte. “Eu comecei a jogar um circuito e ele apitava os jogos femininos. Em um dos jogos eu me machuquei e, depois, ele me chamou no Facebook para ver como eu estava e começamos a conversar”, explica.

Ela afirma que o esporte ensina mais do que a modalidade em si. “Tenho o lado competitivo, mas mais do que isso, jogo para estar perto das pessoas que gosto. O vôlei me deu muitas amizades e um namorado”, brinca.

Inspiração vinda da seleção de 92

Fabio Rodrigues, 39, conheceu o vôlei na escola Fundação Bradesco, onde cursou o ensino fundamental e médio. Mas o que despertou o sentimento foi a conquista do ouro olímpico em 1992. “A paixão aflorou mesmo após o Brasil ter sido, pela primeira vez, campeão olímpico em 1992, em Barcelona, na Espanha. Não era a seleção favorita, mas a garra de alguns jogadores como Tande, Marcelo Negrão, Giovani, Paulão e Carlão fizeram toda a diferença e despertaram de vez a paixão pelo esporte”, afirma.

A partir disso, o vôlei passou a integrar a rotina de Fábio. Sempre que conseguia um tempo entre o trabalho e os estudos seu destino eram as quadras. Recentemente, uma lesão no tornozelo o afastou dos jogos por um mês. “Isso é uma exceção, pois, em condições, pratico o esporte de duas a três vezes na semana. Com maior intensidade no vôlei de areia, especialidade que identifico mais” comenta.

Fábio pratica vôlei há 25 anos (Foto: arquivo pessoal/ Fábio Rodrigues)

Autoconfiança, autoestima, perseverança, força de vontade e equilíbrio do corpo e da mente são aspectos que Fábio atribuí ao vôlei. Jogando há 25 anos, não se imagina distante do esporte. Assim como as meninas, o ciclo de convivência do vôlei proporcionou a Fábio conhecer pessoas, lugares e amigos que ele afirma levar para toda a vida. “É um esporte que não escolhe classe social, credo ou religião. Ele só precisa que você esteja aberto a um novo mundo, onde a todo momento você estará testando seus valores e sentimentos de uma forma única e em grandes proporções”, conclui.

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