Oitocentos atletas disputam ouro na Copa Mercosul de Patinação Artística
Evento ocorre até o próximo sábado (18) no Centro de Eventos, em São Leopoldo
Com colaboração de Andressa Brunner Michels
Ao todo setenta e dois clubes do Brasil, Uruguai e Paraguai participam da Copa Mercosul de Patinação Artística, que iniciou na última sexta-feira (10). Entre diversas modalidades, cerca de 800 atletas participam da competição que ocorre até o dia 18 de novembro no Centro de Evento em São Leopoldo.
Variação da patinação no gelo, a patinação sobre rodas foi criada para ser praticada nos países tropicais, onde não há neve e a modalidade é disputada em duas formas de competição: a artística e a de velocidade. No Brasil, um dos grandes nomes da patinação artística é o do gaúcho Marcel Stürmer. O medalhista é tetracampeão do Pan-Americano (Toronto, 2015; Guadalajara, 2011; Rio de Janeiro, 2007 e Santo Domingo, 2003), atual campeão dos jogos mundiais (Cali, 2013), vice-campeão Mundial (Auckland, 2012 e Brasília, 2011) e um influenciador para todos que participam da Copa Mercosul.
O nível de dificuldade vai aumentando durante a Copa. Nos primeiros dias competem os atletas estreantes e iniciantes, com nível técnico menor, e depois são intercaladas apresentações de nível básico, aspirante, intermediário, avançado e internacional. As apresentações são separadas em dez modalidades — Livre, Figuras Obrigatórias, Free Dance, Solo Dance, Dupla de Dança, Dupla Livre, Precisão, Grupos de Show, Duos, Quartetos e Mini-Grupos de show.
Novos talentos
Durante o fim de semana, ocorreram as provas das categorias estreantes e iniciantes. E o que chama atenção é que a modalidade tem interessado crianças cada vez mais novas, contando com a participação de atletas menores de cinco anos.
Animada em subir ao pódio, ocupando o primeiro lugar, Maria Eduarda Lopes de 6 anos, exibe a medalha com orgulho. Vencedora da categoria Estreante Fraldinha a menina de Passo Fundo, desenvolta, conta que essa é terceira medalha que conquistou e que sua apresentação foi bem divertida. “Eu me apresentei com uma música inspirada em doces, de um desenho que eu gosto, o Littlest Pet Shop”, conta sorrindo, mostrando a roupa cheia de brilhos.
Com menos de dois anos de prática, essa é a terceira medalha que Maria Eduarda recebe. E as três são medalhas de ouro. A menina participou no último ano da Copa AABB de Patinação, em Porto Alegre; da Copa Sobre Rodas, em Lajeado e por último da Copa Mercosul, sendo a última com nível de dificuldade maior. Sobre sua apresentação, ela é bem direta. “Eu achei muito legal e divertido”.
A mãe da pequena patinadora, Daniela, não esconde a felicidade e orgulho em ver a filha seguindo seus passos de menina, mesmo sem saber. “Ela já nasceu com gosto de patinar”, brinca. Quando era jovem, Daniela morou no exterior e por algum tempo praticou patinação sobre rodas. Mas quando regressou para o Brasil, a modalidade não era praticada na cidade. Triste por não ter onde praticar, ela conta que o sonho de ser uma patinadora ficou adormecido, até que a filha apareceu com um folder em casa dizendo que queria patinar.
“Foi a realização de um sonho dela, porque em nenhum momento eu influenciei, mas também foi realização minha ver ela praticar.Estou muito feliz com a dedicação dela”, revela.
Professora da Pattinare Escola de Patinação, Andressa Borgmann, confessa sentir orgulho da aluna prodígio. “É gratificante ver o amor que elas têm pelo esporte, e a consequência disso são os resultados, fruto da dedicação, empenho delas”, relata. De acordo com Andressa, apesar da pouca idade, é notório que a cada campeonato as pequenas mostram evolução. “Isso para mim é o mais importante, ver elas evoluindo como atletas”, afirma.
Ultrapassar limites
Mas não são apenas os pequenos talentos que surpreendem. Entre os candidatos estreantes da categoria +30 anos, histórias de superação se cruzam. Patrícia de Aguiar, 42, descobriu um novo hobby após ser diagnosticada com câncer.
Patinadora representando a escola Rodas da Ilhas, de Florianópolis, ela conta que entrou no mundo da patinação quando realizou a cirurgia de retirada da mama, por conta de um câncer. Um ano depois, ela foi desafiada pela professora Renata Bertoglio, que também treina sua filha mais nova, Gabriela, 9. “Ela chegou em mim e disse: Agora tu vai por um patins e vai patinar. Isso foi no começo do ano e em fevereiro eu comecei a treinar”, relata.
Praticando há nove meses, Patrícia conta que se encontrou no esporte e até chegou a treinar com o braço engessado, por conta de uma lesão no pulso. Além de se divertir, ela vê na patinação uma forma de incentivar suas filhas a sempre se superar. Na opinião dela, a patinação artística só veio agregar.
“Eu adoro, me encontrei. Ela me deu mais disciplina, foco, postura e maior condicionamento físico, sem contar que para o meu tratamento eu precisaria fazer uma atividade física”.
Antes da apresentação, ela disse estar confiante. “Quero apresentar minha coreografia com muito glamour, receber os aplausos e carinho, além de representar meu grupo de mães”. Mas isso só é possível graças a confiança da professora e treinadora Renata. “Ela é uma gigante, ela que conseguiu tirar isso de mim, por para fora, e acima de tudo acreditou em mim, que eu posso e consigo”, revela.
Inspirando outras mulheres, hoje a escola têm uma turma só de mamães — As Poderosas — que resolveram seguir os mesmos passos de Patrícia.
Meninos na patinação
Apesar da patinação artística ser rotulada como uma prática feminina (sendo a maioria na competição), os rapazes também vem se destacando na esporte. Este é o caso de Felipe Bueno Tozato, 9, que está na sua primeira competição como Iniciante, uma categoria acima do Estreante.
Aluno destaque da Rota das Ilhas, ele iniciou a patinação há apenas sete meses. Ele conta que chegou a praticar um pouco de natação, mas não sentia afinidade com nenhum esporte, até conhecer a patinação. “Eu conheci o programa que tinha na minha escola, gostei e resolvi me inscrever.”
Durante as aulas, ele ficou sabendo da Copa Mercosul e resolveu encarar o desafio. Antes da apresentação no domingo, ele confessou estar um pouco nervoso, mas muito ansioso para entrar na pista de patinação.
“Eu esperei muito por isso, mas estou tão nervoso que tive que tomar chá de camomila para dormir”, confessa rindo.
Participando também pela primeira vez da Copa Mercosul, o jovem de Lindolfo Collor, Junior Gabriel Decker, 15. O adolescente pratica há cerca de dois anos, mas o amor pela patinação começou muito antes, ainda criança. “Eu sempre gostei muito e quase todos os fins de ano eu ia em um show de patinação”, relembra.
Por falta de condições, na época os pais de Junior não conseguiram comprar os equipamentos para que ele começasse as aulas. Anos mais tarde, após a desistência de uma amiga, o rapaz comprou seus patins — item mais caro — por um preço mais acessível e, desde então, começou a praticar, não parando mais.
O resultado veio com a conquista do primeiro lugar como Estreante na modalidade livre no último sábado (11).
Copa Mercosul de Patinação Artística
Data: 10 a 18 de novembro de 2017
Local: Centro Municipal de Eventos de São Leopoldo
Endereço: Avenida São Borja, 1860, Rio Branco — São Leopoldo/RS
O evento é organizado pela Academia de Patinação Patinart, e que conta com o apoio da Federação Gaúcha de Patinagem (FGP) e da Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP). A programação completa pode ser conferida no site oficial da Copa Mercosul.
