OMBUDSWOMAN: Mamães ganham destaque especial na Beta Geral
Pautas trazem como temas centrais amamentação, cuidado com o sono dos pais e do bebê, além de trabalho e cuidado com os filhos
A última publicação das matérias da Beta Geral não foi desenvolvida pensando em um assunto especial, por mais que possa parecer. Mas, das quatro matérias, três delas tiveram como tema central a maternidade, o que também serviu para homenagear essas mulheres, que lutam todos os dias para educar seus filhos, trabalhar e ainda desenvolverem seus afazeres domésticos.
No último domingo, 14 de maio, foi comemorado o Dia das Mães. Na data, ao acompanhar os veículos de comunicação, pouco vi dedicado a elas — o contrário do que ocorreu na Beta Geral. É certo a Folha de São Paulo publicou matéria semelhante à desenvolvida pela colega Vitória Drehmer, porém, na edição da Folha, a matéria teve um viés mais econômico.
No texto “Mães deixam o trabalho para cuidar dos filhos em proporção quatro vezes maior que pais”, a repórter da Beta Geral, Vitória Drehmer, trouxe para os leitores a realidade de mães que se dividem para manter seu emprego e cuidar dos filhos. O tema é de extrema relevância, porque ao longo da matéria, a repórter traz uma fonte que destaca que não quer ser mãe, e que um dos motivos é justamente a carreira, pois uma criança exigiria, na visão dela, dedicação em tempo integral.
A fala não impressiona, ao mesmo tempo em que a escolha de não engravidar ainda é um tabu entre mulheres, sendo que muitas são julgadas por isso, como traz a entrevista da BBC News Brasil publicada ainda no ano passado, com a roteirista Jaqueline Vargas, que optou por não engravidar.
Ao longo do texto publicado na Beta Geral, a repórter Vitória Drehmer aponta mais fontes, uma delas, uma mãe que engravidou e depois retornou ao seu emprego, tendo um esposo que se dedica aos cuidados diários da criança — um caso que foge à realidade brasileira, permeada por mulheres que ainda ganham menos que os homens, mesmo na contramão das leis trabalhistas, também abordadas de forma clara na matéria.
A rotina de uma mãe
A matéria de Laura Rolim, “Maternidade real: mães relatam os desafios e aprendizados da amamentação”, foi desenvolvida de uma forma diferente. No acompanhamento da pauta, a repórter trouxe duas opções de desdobramentos: uma delas mais "engessada" aos moldes jornalísticos tradicionais, e a outra que acabou desenvolvendo, de trazer os relatos reais das mães. Esta segundo opção, em minha análise, ficou muito mais atrativa, e também para os nossos conselheiros: para a leitora Ana Cristina Schmitt, os depoimentos foram bem estruturados, e o formato chamou atenção. Além disso, a matéria é composta por boas fotos, e ao final ainda traz um vídeo musical assinado por uma das fontes entrevistadas.
A repórter conversou com três mães que enfrentaram alguma dificuldade na hora de amamentar — o que não é difícil de se observar, depois que esse assunto começou a surgir na mídia. Foi por meio das redes sociais que uma das entrevistadas, a jornalista Kelly Matos, descreveu o seu sentimento em amamentar, afirmando a todos os seus seguidores que não é uma tarefa simples, ao menos, no caso dela.
Laura Rolim também conversou com a estudante Camila Bernardo, que ao trazer a sua experiência com amamentação, deixou evidente suas dores, tanto físicas quanto psicológicas; e uma terceira fonte, a cantora Priscila Brenner, para quem o ato de amamentar foi tranquilo e sem dor — demonstrando que cada mãe tem suas particularidades, experiências e escolhas. E ainda há outras muitas, como as mães que optam por não amamentar no peito, mas dar o leite materno em mamadeiras, criando filhos e filhas fortes e saudáveis.
Para finalizar as matérias que têm como tema central a maternidade, a produzida pela colega Amanda Bernardo, “Dorme neném: conheça os cuidados para uma boa noite de sono do bebê e dos pais”, já traz, logo no primeiro parágrafo, uma abertura de texto interessante, narrando uma rotina noturna, com a qual muitos pais podem se identificar.
A repórter consegue brincar com as palavras no título, também deixando-o atrativo e remetendo ao tema central da matéria. O texto é composto por um gráfico que traz dicas de como ter uma noite de sono tranquila, tanto para o bebê, quanto para seus pais, desenhado em cores e tons que conversam com o tema. Avalio como muito positiva a escolha pelo gráfico, que não pesa a leitura e torna a matéria atrativa. A leitora Ana Cristina, que costuma estipular notas para as reportagens, destaca nesta a objetividade, dando uma nota nove a matéria de Amanda Bernardo. “Só senti dificuldade em aumentar o post (sic) da Sociedade Brasileira de Pediatria, achei a letra muito pequena”, opina.
Uma matéria diferente entre as demais
Por fim, mas não menos importante, completa esta edição a matéria de Lohana Souza, “Quase 90% da população brasileira se automedica”. Só com esse título já temos um alerta que nos faz questionar: "Quantas vezes também já fiz isso?"
Lohana traz para discussão um assunto importante, o uso de medicações sem prescrição médica. Na matéria, a repórter vincula esses cuidados ao Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, ocorrido em 5 de maio. Os dados que a repórter aponta também são alarmantes, pois 9 entre 10 pessoas cometem o erro de se automedicar. Além disso, a matéria destaca o Brasil como um país muito ansioso, e muito usuário de um autodiagnóstico que foi facilitado com a era digital, mas que pode ser também prejudicial sem o apoio de um profissional responsável.
O tema é de extrema importância, porque cada vez mais vemos pessoas que utilizam medicações sem prescrição médica, ou para outros fins, que ao invés de resolverem um problema podem criar outros ainda maiores. Um exemplo, nos últimos dias, é o que muito se tem comentado sobre a insulina Ozempic, utilizada por pessoas que possuem diabetes tipo 2, que vem sendo usada para o emagrecimento. Matéria divulgada no site UOL traz vários efeitos colaterais, como diarréia, náuseas, vômitos, refluxos, entre outros. Mas, um se destaca: o chamado “rosto de Ozempic”, no qual a face fica flácida, resultado da perda muito rápida de peso, que em pouco tempo pode voltar, caso o tratamento não seja acompanhado por um profissional da saúde.
Na matéria de Lohana Souza, quando uma das entrevistadas comenta que para dar conta das suas demandas precisava de medicações, confesso que me identifiquei, pois as crises de enxaqueca se fazem presentes para mim quase toda a semana, e não é raro recorrer a um remédio para tratar a dor. A matéria e a escolha do tema, então, acertam em cheio ao público: o texto se aproxima do leitor, e por isso faz um bom serviço.
Outro dado importante citado é justamente a lista de medicamentos mais utilizados, com destaque para analgésicos, antigripais e relaxantes musculares. E mesmo com o ajuste anual do preço dos medicamentos, realizado em abril deste ano, podemos observar que o número de vendas de medicações sem receita não diminui — e agora, com a chegada do inverno, tende a aumentar, sobretudo os antigripais. Outro alerta relevante. Rubens Juchem Junior, farmacêutico, destaca isso em sua fala:
“Essa época sempre aumenta, independente do valor das medicações. Não tenho como comparar com anos anteriores (não trabalhava em drogarias e farmácias), mas o fluxo de loja em abril e março em diante só aumentou. Muita venda de antigripais e xaropes, somente com orientação no balcão de atendimento.”
Para finalizar, a Beta Geral, deseja a todas as mamães, ótimos dias: para aquelas que optaram em parar de trabalhar, ou continuar na carreira; ou para aquelas que não quiseram amamentar, ou que amamentaram seu filhos até os cinco anos de idade (ou mais) — incluindo também as tutoras que criam filhos e filhas de quatro patas ou muitas folhas :-)