OMBUDSWOMAN: Matérias da Beta Geral dividem opiniões
O papel de um conselho do leitor é mesmo olhar de forma crítica as reportagens desenvolvidas
A cada semestre, uma nova turma de Beta Geral é formada. Dentre os estudantes, temos repórteres, editores de texto, imagem, e até de redes, para que possamos ter uma experiência completa. O diferencial na cadeira de Beta Geral, é a função do ombudsman, ou ombudswoman. Mas qual o seu trabalho dentro da redação? Ao longo dessa coluna trago respostas para essa pergunta.
Quando pesquisado no Google, a tradução do termo ombudsman é ouvidor, ou seja, o seu papel é ouvir o público, que traz críticas, sugestões, reclamações e também elogios as matérias desenvolvidas. Para isso, temos o conselho do leitor, composto por seis pessoas diversas.
Sabemos que nem sempre é fácil trazer as histórias de entrevistados e tratar de assuntos complexos. Daí entra o trabalho do repórter, que é ser ousado, criativo e ter domínio sobre o tema, para que, com isso, os leitores fiquem vidrados e queiram ler mais e mais.
Em abril, os repórteres da Beta desenvolveram matérias com pautas distintas, mas que merecem grande destaque na mídia. Foram cinco reportagens no total. Dentre elas, temos duas que tratam sobre doenças que afetam as mulheres. O desafio do processo de leitura nos dias atuais também foi destaque, além dos temas saneamento básico e de uma doença rara, a Síndrome de West.
Mulheres como protagonistas da própria história
A mulher enfrenta várias batalhas ao longo do seu dia, seja no mundo do trabalho, onde por vezes é subjugada como sexo frágil, que merece receber menos que o homem, ainda que desenvolva a mesa tarefa; e também enfrenta lutas na rua, desde o medo de possíveis violências no uso de um transporte por aplicativo, até andar pela rua com a roupa que bem entender.
Mas, quando essa mulher é negra, sabemos que as batalhas dobram de tamanho no Brasil. A matéria da repórter Lohana Souza é um exemplo disso, pois trata sobre como mulheres negras têm mais probabilidade de desenvolver câncer de mama, além de abordar outro ponto importante, que é a autoestima dessas mulheres.
A leitora Tatiana Klauck demonstra certa surpresa com algumas informações da matéria. “O dado que contabiliza novos casos é bem alarmante e é sinal de que muitas pessoas ainda não têm acesso ao preventivo necessário”, comenta. Esta opinião reforça o que a repórter traz sobre o racismo estrutural, e como ele acontece, nos casos de câncer de mama, devido a falta de diagnóstico, pois quanto antes detectado, melhores as chances de cura para a doença. Por isso a visão de Carolina Magalhães, uma das entrevistadas pela repórter, é a de “o racismo na saúde existe e precisa ser descontruído.”
Estamos acostumados a ver mulheres como destaque na mídia sobretudo em pautas onde são vítimas. Mas nesta edição de publicações da Geral temos duas duas matérias em que o tema central é a saúde da mulher. A produzida pela repórter Laura Rolim traz o assunto da “banalização da dor feminina e como isso atrapalha o diagnóstico” em casos de endometriose.
“O texto está muito bem construído com uma agradável e acessível combinação de descrição dos fatos, relatos pessoais e dados objetivos. As imagens dão um respiro para a fruição do texto.” O bibliotecário Glauber West Ferreira, comenta como a estrutura foi montada e como a colega conseguiu manter a fluidez no texto. Na minha opinião, assim como Glauber, acredito também que as fotos são de extrema importância, e estão bem colocadas na matéria.
O tema da saúde também teve seu espaço na matéria de Vitória Drehmer. "Tipo incomum de epilepsia atinge 4,5 entre 10 mil crianças no mundo", conta a história da família Freitas, que enfrenta os problemas da Síndrome de West. A leitora Anna Paula, acredita que o uso do canabidiol poderia ter ocupado um espaço maior na reportagem. Nagali Segatto Bisognin, comenta que o texto é de grande valia, porque mostra as dificuldades do dia a dia dos pais para enfrentar a doença, e a forma burocrática do tratamento. Ela também elogiou a forma como a matéria foi estruturada. “O texto e as imagens foram claras e objetivas, facilitando o entendimento do assunto tratado na reportagem”.
O direito deve ser para todos
A matéria da repórter Amanda Bernardo, “Ranking do saneamento: cidades gaúchas não atingem metas mínimas”, traz dados alarmantes sobre o tema. No Brasil, o número de pessoas sem acesso a água tratada e sem coleta de esgoto chega a quase 35 milhões de brasileiros. Na matéria, a colega faz um recorte das cinco maiores cidades gaúchas, usando dados do Trata Brasil.
Para compor uma matéria de dados, Amanda utilizou gráficos para tornar a reportagem mais explicativa, o que dividiu opiniões no conselho de leitor. Glauber afirma que “foram bem feitos, e fizeram entender um pouco melhor o significado das informações apresentadas”. Tatiana, que é professora de matemática, destaca que muitas pessoas não sabem interpretar gráficos, o que pode dificultar o entendimento. Mas, quando o quesito é boa escrita e um bom regimento de texto, todos concordam que Amanda fez isso de uma forma clara e satisfatória.
Por fim, temos a matéria de Eduardo Vidal. “Bibliotecas escolares são aliadas no processo de aprendizagem, garante especialista”. Aqui vemos uma abordagem diferente dos demais colegas, pois o tema é trazido em formato de entrevista, um ponto elogiado pelo conselho do leitor. O repórter traz a fala da bibliotecária Gislene Sapata Rodrigues, conhecida do leitor Glauber. “ Por ser bibliotecária de formação, achei super interessante o artigo trazê-la como referência, pois se trata de uma opinião com relevância em torno do assunto”, diz.
A leitora Ana Cristina entendeu que o repórter fugiu, em alguns momentos, do tema proposto, focando mais nos bibliotecários do que nas vantagens de ter uma biblioteca à disposição. Tatiana, é professora, tem vivência dentro de uma escola, e afirma que “no chão da sala de aula quem incentiva o aluno a ler ou não, é o professor de português ou literatura”.
Para mim, a leitura lembrou dos momentos em que frequentava a escola. Nas aulas de português, era de praxe a professora nos encaminhar a biblioteca da escola, para que lá escolhêssemos um livro que nos agradasse. Eu sou uma pessoa adepta da leitura e acredito que isso é benéfico em todos os sentidos. Acredito que a leitura também influenciou muito na minha escolha de curso, para que futuramente possa me formar como jornalista e contar histórias da mesma forma que vemos nos livros.
Vem conhecer os integrantes que compõem o conselho do leitor de 2023/01
Ana Cristina Schmitt, 57 anos, casada, possui um filho falecido. Nasceu na cidade de Nova Petrópolis na Serra Gaúcha, mas atualmente reside em Picada Café. A sua formação é em Psicoterapia e parapsicologia, também em Terapia holística e contadores. Hoje atua como psicoterapeuta, parapsicóloga e terapeuta holística no mesmo local que reside, e também em Nova Petrópolis no Centro Bem Estar Ananda.
Tatiana Klauck, 38 anos. Está em uma união estável e possui dois filhos, uma menina de 1 ano e um menino de 8 anos. Natural de Nova Petrópolis, mas atualmente mora em Portão, região metropolitana de Porto Alegre. Sua formação é em licenciatura plena em matemática, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, UNISINOS, pós graduada em Ensino Religioso, pela Faculdade de São Luís, pós graduada em Neuropsicopedagogia pela Uniasselvi e pós graduanda em supervisão e coordenação escolar pela Faculdade Prisma, e ainda está com um curso em andamento em Libras. No momento, atua como professora do Estado do Rio Grande do Sul na escola Dom Pedro II, em Novo Hamburgo.
Anna Paula Pessanha de Castro, 34 anos. Solteira e não possui filhos. Natural de Inhumas, Goiás, mas atualmente reside em Picada Café. Formada pela UNIP em Farmácia Generalista, e atuante na área. Possui pós-graduação em Farmácia Oncológica pela Faculdade Unyleya. Farmacêutica na Drogaria São Miguel no município onde mora. Se intitula espírita kardecista, uma doutrina originária de estudos baseados por Allan Kardec e representada no Brasil pelo médium Chico Xavier.
Rogério Ivair Auler, 35 anos. Solteiro e não possui filhos. Nascido em Ivoti, mas atualmente mora em Presidente Lucena, cidade vizinha ao município. Possui o ensino superior em Logística pela Ftec, no momento também está cursando enfermagem. Atuando como bombeiro civil, bombeiro voluntário e motorista em Nova Petrópolis.
Glauber West Ferreira, 41 anos. Solteiro e não possui filhos. Natural de Salvador, Bahia, mas atualmente reside em Picada Café. Formado em Biblioteconomia pela UFRGS, atuando na área como bibliotecário da Prefeitura Municipal de Picada Café.
Nagali Segatto Bisognin, 31 anos. Solteira e não possui filhos. Natural de Segredo, Rio Grande do Sul, mas atualmente mora em Nova Petrópolis. Bacharel em Farmácia, e pós graduada em Farmácia Estética pela NEPUGA. No momento trabalha na área da estética em três cidades: Picada Café, Nova Petrópolis e Gramado.