OMBUDSWOMAN: Não há paradas, apenas continuação

Ao cursar jornalismo, a profissão vira uma prática da vida diária

Thanise Melo
Redação Beta
4 min readDec 6, 2022

--

Há diferentes percursos para trilhar no jornalismo, qual o seu caminho? (Imagem: Reprodução Freepick)

Dizem que somos o que lemos, comemos, ouvimos e por aí vai uma lista enorme de ações, que podem, ou não, nos dizer quem somos nesse mundo. Na maioria das vezes, ouvi pessoas mencionarem que um bom professor é aquele que sabe lecionar. E os jornalistas? Ah, eu diria que grande parte delas pensam o seguinte: esses têm o dom de escrever!

É essa escrita que transforma histórias e acontecimentos diários em notícias e fazem pessoas acreditarem no que informamos. O jornalismo nada mais é do que um espelho da vida experimentada todos os dias e vivenciada por nós, a todo momento.

Ser um ou uma estudante de jornalismo é falar sobre a realidade de muitas formas, que vão além da escrita. Talvez, seja a oportunidade de olhar de perto, com uma lupa, para diferentes pessoas, momentos, sensações e narrativas, sem esquecer de comunicar a verdade do outro, dos fatos, do que passou e daquilo que está por vir.

Durante todo o semestre recebemos diferentes propostas de pautas e tivemos acesso às mais variadas reportagens, seja pela abordagem, localidade, temas e construção de textos. Houve também trocas, desafios e conhecimentos, que impactaram diretamente na forma de fazer jornalismo de quem esteve presente na editoria de Beta Geral.

A última pauta não dançou

Nas reportagens e entrevistas de Milla Lima, a repórter acertou em elevar o debate social e, dessa vez, ela nos presenteou com mais uma pauta repleta de informações relevantes, tanto para quem lê, quanto para quem se reconhece nos relatos das entrevistadas. Em “Tenho medo de alguém me socorrer na rua”, a repórter chama atenção para um debate incomum sobre a epilepsia.

A costura das narrativas com o confronto aos preconceitos, os sentimentos de vergonha e a prestação de serviço para auxiliar pessoas em estado de convulsão, nos deixa com a sensação de “sim, eu preciso saber mais”. Mas, para mostrar a importância da pauta, faltou incluir dados, como por exemplo, as 3 milhões de pessoas que sofrem com essa condição no Brasil.

O olhar para as pessoas e o direcionamento das palavras foi um dos principais aprendizados que a disciplina oportunizou aos nossos repórteres, seja por meio do debate ou através de guias para conduzir suas produções. Na reportagem de Henrique Kirch “Iluminação pública de Salvador do Sul ganha lâmpadas LED”, há um reforço a se fazer: não existe Poder Público sem as pessoas, sem os seus cidadãos e cidadãs.

Ao construir o texto, o repórter não introduz um dos maiores beneficiários da ação da Prefeitura da cidade: os salvadorenses. Na legenda de uma das imagens da reportagem, temos a frase “moradores de Salvador do Sul relatam que se sentem mais seguros ao caminhar à noite com a nova iluminação pública”. Onde estão as pessoas comprovando o relato? E quando temos fontes, elas apenas traçam caminhos para falar de números que mais interessam ao setor público do que quem irá ser beneficiado.

Há uma imagem da troca das lâmpadas, com a qual o repórter destaca o nome da empresa que venceu a licitação, o que considero um grave erro, pois complementa uma narrativa textual parecida com uma assessoria de imprensa. Lembrando que este gênero do jornalismo não está de acordo com o trabalho proposto pela atividade da Beta Geral.

O jornalismo nos permite olhar de forma mais apurada para o outro, para o mundo. (Imagem: Reprodução Freepick)

Inclusive, a Beta Geral envolve temáticas bem definidas, como: saúde, educação, meio ambiente e sustentabilidade. De todas as categorias pautadas, a reportagem “A vida dentro de um fusca” destoa do que vimos durante o semestre. Apesar disso, o texto tem um desenvolvimento melhor do que os anteriores realizados pelo mesmo repórter, mas segue deixando muitas dúvidas para quem o lê.

A partir do trecho “em um encontro com o pelotense, escritor e fotojornalista, Nauro Júnior”, algumas informações básicas ficam entendidas de forma subjetiva. A maior virtude do jornalista é ter em mente as regras do lead: Quem? (sujeito); O quê? (ação); Onde? (lugar); Como? (modo); Quando? (tempo); Por que? (motivo). Essas questões, quando somadas, auxiliam o repórter a responder às principais perguntas sobre os fatos apresentados na pauta e a desenvolver, cada vez mais, sua habilidade de escrever.

Até a próxima temporada!

Ao vestir as nossas certezas e, ao se distrair dos nossos próprios preconceitos, é preciso cuidado, seja com o outro, com nós mesmos, como o que estamos querendo colocar para o mundo através das nossas percepções. Há muito o que aprender, é preciso se questionar e viver mais para contar novas histórias e informar cada vez melhor as pessoas, inclusive as que dizem “não gostar” da profissão.

Então, prepare-se, a partir de agora, há muito jornalismo para colocar em prática e desafiar o amanhã.

--

--