OPINIÃO: O que esperar do tênis masculino em 2018

Fernando Wasem Eifler
Redação Beta
Published in
7 min readDec 4, 2017

Após um ano incrível e surpreendente, principalmente com os retornos de Roger Federer e Rafael Nadal, e com a ascensão do prodígio alemão Alexander Zverev, a expectativa para a próxima temporada do tênis mundial é enorme. O ano de 2018 também contará com os retornos de Andy Murray, Novak Djokovic e Stan Wawrinka, grandes nomes do circuito, que ficaram de fora de parte de 2017, devido a lesões.

Com os retornos de atletas de peso do ranking, aliado ao surgimento de grandes promessas, a próxima temporada promete ser uma das melhores dos últimos tempos. Depois de um ano magnífico voltando de lesão, Roger Federer encerrou o período com, nada menos, que sete títulos, sendo dois Grand Slams (Australian Open e Wimbledon), e três Masters 1000 (Indian Wells, Miami e Xangai), terminando 2017 na segunda posição do ranking mundial.

Federer teve um 2017 magnífico. (Foto: Yann Caradec/Flickr)

Em 2018, ele lutará com todas as forças para conquistar mais títulos de Grand Slams e se consolidar como maior vencedor da categoria de todos os tempos. Atualmente, o suíço possui 19 títulos contra 16 de Nadal. Federer deve optar por um calendário reduzido que priorize os Grand Slams e alguns masters 1000, pulando, novamente, a temporada de Saibro. Mantendo o calendário mais enxuto, o tenista tem tudo para se manter em alto nível e continuar no top três do tênis mundial. Não deve voltar a ser número um pois, por disputar menos torneios, a chance de conquistar uma pontuação alta é menor.

As estratégias de Nadal

Já Rafael Nadal, primeiro colocado do ranking, precisará readequar sua preparação se quiser manter o posto. Neste ano, apesar de ter encerrado como melhor tenista do ano, o espanhol optou por um calendário intenso, jogando torneios em excesso. A situação se agrava tendo em vista que o atleta havia voltado de uma série de lesões, o que deixa no ar o seguinte pensamento: “valeu a pena forçar tanto para acabar como número um?”.

Rafael Nadal terminou o ano como número um do mundo. (Foto: Yann Caradec/Flickr)

O espanhol, novamente, deverá dominar a temporada de Saibro. Isso já deverá ser suficiente para fazê-lo brigar pelas primeiras posições do ranking. Porém, a sequência do piso de areia é desgastante. Como Nadal costuma jogar todos os torneios preparatórios, antes do Grand Slam de Paris, ele provavelmente precisará abdicar de alguns torneios para se preparar adequadamente, sem forçar seu punho e seu joelho, que vêm trazendo dores de cabeça nos últimos anos.

Uma dúvida chamada Djokovic

Já Novak Djokovic é uma incógnita para o próximo ano. Depois de temporadas magistrais em 2013, 2014 e 2015, quando teve um dos melhores inícios da história, o sérvio, após trocar sua comissão técnica, teve um 2016 com desempenho abaixo do esperado, tendo perdido o posto de número um para o britânico Andy Murray. Em 2017, sua temporada foi para esquecer. Conquistou apenas dois títulos em torneios pequenos e, no final de julho, anunciou que estaria fora do restante da temporada para tratar uma lesão no cotovelo.

Djokovic ainda é uma incógnita para 2018. (Foto: Carine06/Flickr)

Seu melhor desempenho costuma ser nos pisos duros, como do Australian Open, onde é hexacampeão, e do US Open, onde é bicampeão. Ele também possui bom desempenho na “grama sagrada” de Wimbledon. Porém, como vêm de grande oscilação, é difícil fazer apostas. Se estiver totalmente recuperado tanto fisicamente, quanto emocionalmente, o sérvio tem boas chances de fazer grande campanha no torneio australiano que abre a temporada dos Grand Slams.

A partir de então, ele precisará se provar novamente, mas por se tratar de um multicampeão, há sempre a expectativa de que retorne ao tênis de excelência que costuma apresentar. Apesar de tudo, deverá brigar para ser o número um novamente.

O retorno de Andy Murray

O britânico Andy Murray é outro que estará voltando de lesão em 2018. Após encerrar 2016 como número um do mundo, pela primeira vez na carreira, o escocês não começou nada bem 2017. Foi eliminado nas oitavas de final do Australian Open, e seguiu fazendo campanhas fracas nos torneios que se sucederam. Seu único título no ano foi no atp 500 de Dubai. Em setembro, anunciou que só voltaria às quadras no ano seguinte para tratar de uma lesão no quadril.

Andy Murray tenta retomar o posto de número um do mundo. (Foto: Yann Caradec/Flickr)

Assim como Djokovic, o 2018 de Murray também é uma incógnita. O britânico ainda não provou que pode ser número um e manter a posição. Outro fator que deixa na dúvida sua capacidade de recuperação, é sua fraqueza emocional que, por muitos anos, trouxe dificuldades, fazendo com que ele sucumbisse a pressão em momentos decisivos. Murray, provavelmente, voltará ao top quatro do mundo, podendo até ser número um. No entanto, não imagino que consiga manter a liderança do ranking por um longo período.

Wawrinka deve encontrar dificuldades

Stan Wawrinka também estará retornando de lesão na próxima temporada. O tenista suíço, detentor de três títulos de Grand Slam, passou por uma cirurgia no joelho, em agosto, e precisou encerrar seu ano. Após temporadas bastante consistentes, onde sempre se manteve entre os cinco melhores, teve um 2017 complicado. Alternando bons e maus momentos, ele acabou caindo no ranking.

Wawrinka retornará de lesão para competir em 2018. (Foto: Steven Pisano/Flickr)

O suíço deverá encontrar problemas para voltar ao seu nível de desempenho. Por ter um jogo baseado muito na força, Wawrinka precisará forçar bastante seu corpo e seu joelho. Com o surgimento de novos nomes no tênis, que estão subindo rapidamente no ranking, penso que Stan terá dificuldades para voltar ao top cinco do mundo.

Zverev deve despontar

A maior promessa dos últimos anos do tênis vingou em 2017. O prodígio alemão Alexander Zverev teve um ano brilhante e despontou como um dos melhores jogadores do ano, encerrando a temporada na quarta posição. O atleta conquistou dois títulos de masters 1000: Roma e Montreal, derrotando nas finais Djokovic e Federer, respectivamente.

Zverev é a grande aposta para o ano que vem. (Foto: Steven Pisano/Flickr)

O ano de 2018 promete ser melhor ainda para o alemão. Ao conquistar seus primeiros títulos de Masters, o jovem rompeu a barreira de promessa e se transformou em uma realidade. O próximo passo é conseguir se pôr como protagonista também em Grand Slams. Por ser alto e ter um estilo de jogo bastante agressivo e técnico os pisos duro e de saibro o favorecem. Na próxima temporada Zverev deverá se firmar com um dos maiores nomes do circuito, com boas chances de vencer seu primeiro Grand Slam.

Para ficar de olho

Outros tenistas também têm despontado no circuito. É o caso do búlgaro Grigor Dimitrov, tenista já rodado no circuito que, apenas em 2017, conseguiu seus primeiros títulos de expressão ao vencer, na sequência. o Masters 1000 de Paris e o ATP Finals (torneio que reúne os oito melhores jogadores ranqueados no ano) e chegar a posição de número três do ranking.

Dimitrov tentará manter a boa fase. (Foto: Keith Alisson/Flickr)

Dimitrov possui um estilo de jogo muito similar ao de Roger Federer, com boas bolas de fundo de quadra, backhand (jogada com as costas da raquete) e boa subida à rede, tendo sido apelidado de “Baby Federer” no início de sua carreira. Ele vai precisar trabalhar seu lado emocional para crescer ainda mais no circuito, pois ainda oscila bastante em momentos decisivos, principalmente contra os principais nomes da modalidade.

Denis Shapovalov é um dos tenistas mais promissores da nova geração e um dos principais para se ficar de olho na próxima temporada. Começou 2017 como um desconhecido mas, após excelente campanha no Masters 1000 de Montreal, onde chegou até as semifinais, o jovem canadense mostrou ao mundo seu potencial. Ele iniciou o ano na posição de 250 e terminou em 51, resultado impressionante para um jovem de apenas 18 anos.

Shapovalov tentará se firmar como um dos grandes nomes do circuito. (Foto: Carine06/Flickr)

Em 2018, ele precisará provar que seu sucesso não foi apenas uma raquetada de sorte, pois já não será mais visto com um simples jovem em início de carreira. O atleta precisará amadurecer, pois ainda comete muitos erros bobos como tentar acabar com uma jogada antes da hora, forçar demais bolas em profundidade e não utilizar a variação de jogadas com mais frequência. Mas isso ele aprenderá com a experiência. Shapovalov é, sem dúvidas, um dos grandes jogadores da nova geração para se prestar atenção.

Chung foi campeão do campeão do Next Gen Finals. (Foto: Carine06/Flickr)

O sul-coreano Hyeon Chung, 21, é mais um da nova geração que têm um grande futuro pela frente. No final desta temporada, sagrou-se campeão do Next Gen Finals (torneio que reúne os melhores jogadores do ano até 21 anos). Por ser jovem, ele oscila bastante em seu jogo, mas possui um diferencial que poucos têm na sua idade: uma força emocional invejável.

Chung aguenta pressão, independente do adversário que esteja enfrentando. O jovem tem boas jogadas de fundo de quadra, e tem um jogo agressivo. Porém, deveria usar melhor a variação de jogadas, que ele sabe fazer muito bem. Se conseguir unir todas suas qualidades, aliadas com a experiência adquirida, seu nome será cada vez mais comentado no circuito.

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