Oposição avalia os 100 dias de governo de Eduardo Leite

Na ótica de deputados estaduais, há uma falta de responsabilização do novo governo

Matheus Miranda
Redação Beta
3 min readApr 25, 2019

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Foto: site oficial da Assembleia Legislativa do RS

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), completou 100 dias de mandato na quarta-feira, 10. No dia anterior, Leite apresentou, em coletiva de imprensa, as principais ações que moveram seu governo nestes primeiros meses de mandato e o novo logo que representará os ideais do Estado durante os próximos quatro anos. Avaliando de maneira crítica, a oposição estadual vê com pesar as medidas tomadas até o momento.

O governador destacou que o foco principal neste primeiro ano de governo é o corte de gastos para estabilizar o Rio Grande do Sul. Além disso, Leite frisou que é na Assembleia Legislativa o foco para que haja mudanças no Estado. As propostas do governador são: a privatização de empresas, venda de ações do Banrisul e a reforma da previdência.

A Beta Redação conversou com duas deputadas da Assembleia Legislativa para saber a opinião a respeito das propostas do governador e das suas ações de 100 dias no governo do Estado.

A cara nova de um governo com políticas conhecidas

Foto: Vanessa Vargas

Na opinião da deputada estadual Luciana Genro (PSOL), a principal medida do governo nestes primeiros 100 dias é retirada do direito de a população decidir sobre o destino das empresas públicas. Para ela, a PEC que extingue a necessidade de plebiscito para privatizar a CEEE, a CRM e a Sulgás foi a única medida concreta que Eduardo Leite enviou à Assembleia Legislativa nesses 100 dias.

Contrária as privatizações, Luciana considera inacreditável que um governo se articule politicamente por menos democracia. “A Constituição Estadual assegura ao povo o direito de decidir, de ter a palavra final sobre este assunto. É justamente este direito que o governo Leite quer suprimir”, explica a deputada, que complementa dizendo que o PSOL defende o amplo debate sobre CEEE, CRM e Sulgás com a população, para que haja uma decisão mais consciente.

Já a deputada estadual Sofia Cavedon (PT) os 100 primeiros dias confirmam que o governo Leite é uma continuação de Sartori. “São as mesmas medidas para um projeto muito semelhante. As mesmas justificativas e estratégias, as quais já vimos que não impulsionam o desenvolvimento do Estado, não produzem parcerias com o funcionalismo e deixam a população sem o atendimento dos direitos básicos”, opina.

Foto: perfil oficial de Sofia Cavedon

A parlamentar lembra das políticas de responsabilidade do governo Leite, firmadas durante a campanha eleitoral e durante a posse do novo governador. “Eu diria que o governador ainda não deu um caminho seguro e restaurador à saúde pública do estado, e esse compromisso ele assumiu em campanha e com a bancada do Partido dos Trabalhadores quando a legislatura anterior renovou o ICMS aumentado”, salienta Sofia. De acordo com a deputada, um dos compromissos de Leite era recompor a dívida com a saúde e hospitais.

Na educação o ano letivo começou conturbado. Sofia explica, usando o exemplo do ano passado, que a lógica do governo do Estado é enxugar a educação. Segundo ela, o investimento em educação ficou abaixo do escore, com 26% e os professores possuem o menor salário dos últimos tempos. “Se comparado o salário dos professores com o piso profissional hoje, nós precisaríamos de 103% de reajuste para chegar no piso salarial, quando no final de 2014, final do governo Tarso, 30% de reajuste já levaria os salários ao piso”, destaca Sofia.

Sofia Cavedon define: “os 100 dias do governo Leite são, de certa forma, uma reprise do que vimos durante os quatro anos do governo Sartori, só que com uma nova roupagem”. Segundo a parlamentar, a nova roupagem promovida pelo jovem governador, aplica as mesmas ideias velhas de privatização e retirada de direitos dos servidores. Ela ainda salienta o fato de que, desde o seu primeiro mandato como deputada estadual, a discussão sobre privatizações era a mesma.

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