Os impactos da inflação na renda fixa

Investidores precisam estar atentos ao cenário econômico do Brasil

Lucas Lanzoni
Redação Beta
4 min readSep 15, 2021

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Inflação esta fazendo o povo brasileiro perder o poder de compra (Crédito: Pixabay/Banco de imagens)

Segundo o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central — BC, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo — IPCA deste ano, subiu de 7,11% para 7,27%. Essa foi a 21ª elevação no Índice que mede a inflação no Brasil. Levando em consideração que a Selic (Taxa Básica de Juros da Economia) está em 5,25% ao ano, podemos concluir que muitos investimentos em Renda Fixa estão perdendo para a inflação. Em outras palavras, quem investe em Renda Fixa está perdendo seu poder de compra.

As variações do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) impactam de forma direta os investimentos por conta da inflação. Dependendo do quanto subiu a inflação no país, o retorno do valor investido poderá ficar abaixo da desvalorização do Real.

O especialista em investimentos do Banco Bradesco, Carlos Ribeiro, conta que quando uma pessoa investe em Renda Fixa, ela empresta dinheiro ao emissor do título, isto é, um banco, uma empresa ou até mesmo o Governo. “Em troca, o investidor recebe uma remuneração por um determinado prazo, na forma de juros e correção monetária, podendo receber, ainda, parcelas chamadas amortizações, que são a extinção de dívidas por meio de pagamentos periódicos.”

Para Carlos, como o aumento da inflação no país ocorre de maneira recorrente, os investimentos em renda fixa também são afetados. “Existem três tipos de renda fixa estabelecidos que a população brasileira pode utilizar enquanto investidores, são estas: Renda fixa Pré fixada, Pós fixada e renda fixa IPCA +.”

Carlos explica como cada uma delas funciona:

Renda Fixa Pré Fixada: onde no momento da contratação você já sabe o quanto irá receber no final da aplicação. (Exemplo CDB 10% a.a.);

Renda Fixa Pós fixada: onde sua aplicação acompanha determinado índice. Exemplo CDB remunerando 110% do CDI;

Renda Fixa IPCA+: onde você aplica atrelado ao índice da Inflação e negocia um juro real. Exemplo. CDB IPCA+4,8% a.a.”, finaliza.

O especialista em investimento afirma que não existe só um perfil de pessoas que aplicam dinheiro em renda fixa. “Existe mais de um tipo de investidor, desde o mais conservador até o mais arrojado. O que vai dizer se vale a pena ou não o investimento é o objetivo que o investidor define. Ou seja, se você possui o objetivo de superar a inflação, ter um lucro acima disso dentro do seu perfil e fazer isso atrelado somente à renda fixa, então vale a pena.”

E os investidores?

Como será que a população enxerga os investimentos em renda fixa? O que eles pensam e o que esperam do futuro com base na inflação que não para de subir?

O desenvolvedor de software, Rafael Spitaliere, investe em renda fixa a três anos. Hoje com 27 anos ele analisa neste tipo de investimento uma reserva de emergência. “Eu não tenho prazo para retirar esse dinheiro, mas tenho noção sobre a inflação,” afirma.

Spitaliere também utiliza um outro modo de investir o seu dinheiro, no caso em variável. “Procuro investir na bolsa também, o problema é que eu perco dinheiro por ela cair muito,” conta o desenvolvedor.

Diferente de Rafael, Arno Cesar Golubinski já parou de trabalhar. O eletricista aposentado de 60 anos de idade preocupa-se por conta da inflação. “A questão da inflação mexe muito comigo, porque daqui a pouco o nosso dinheiro não vai valer mais nada,” comenta.

Arno que também é investidor, buscou a estabilidade com esse tipo de aplicação. “Ter esse dinheiro é muito importante para mim e para a minha família, pois com ele adquiro meus bens e consigo fazer as minhas reformas quando necessário”, explica o aposentado.

Ana Paula Spohr é atriz e nutricionista e aos 27 anos optou pelo investimento em renda fixa para adquirir uma maior segurança e garantir a sua liberdade financeira até os 40 anos. “Eu invisto em CBD — Certificado de Depósito Bancário há mais de 5 anos, quando no início valia a pena. Agora, mantenho uma parte por questões de estabilidade, e tenho outros investimentos,” comenta.

O educador financeiro, Felipe Musto, explica que quando se fala em Renda Fixa, a primeira coisa que vem à mente é a famosa poupança, muito lembrada pelos brasileiros. “A poupança é a menos interessante por render menos que a inflação. A facilidade e a comodidade são dois motivos importantes para que os brasileiros ainda tenham dinheiro na poupança.”

Os investidores em Renda Fixa, segundo Musto, têm como objetivo ter uma certa proteção do seu capital e ser reajustado igual ou maior que a inflação sem riscos. “É importante que as pessoas sejam orientadas quando forem fazer esse tipo de aplicação. Eu procuro mostrar a importância de entender sobre IPCA e SELIC e o quanto elas influenciam em uma decisão de investir em uma renda fixa,” explica.

Musto deixa um conselho final para aqueles que querem começar a investir em qualquer título de Renda Fixa ou até mesmo em variáveis. “O conhecimento é fundamental. Você precisa saber o real motivo de estar investindo em determinado ativo. Se você souber de fato responder essa pergunta, estará apto a investir em renda fixa ou renda variável. O conhecimento e ajuda de profissionais do mercado financeiro são fundamentais nesta jornada,” finaliza.

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