Casos de osteoporose no Brasil devem crescer 32% até 2050

No mês em que é comemorado o Dia Mundial de Combate à Osteoporose, a Beta Redação ouviu profissionais que contam como prevenir a doença que atinge 10 milhões de brasileiros

Paula Câmara Ferreira
Redação Beta
5 min readOct 16, 2018

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No dia 20 de outubro é celebrado o Dia Mundial de Combate à Osteoporose. A data, criada em 1996 pela Sociedade Britânica de Osteoporose, coloca em foco o problema que atinge no Brasil ao menos uma em cada cinco mulheres acima dos 50 anos. De acordo com a pesquisa realizada pela Internacional Osteoporosis Foundation (IOF), 3 milhões de brasileiros sofrem com fraturas vertebrais decorrentes da osteoporose e, até 2050, os casos devem crescer aproximadamente 32% devido ao aumento da expectativa de vida.

Caracterizada pela perda de massa óssea e alterações na microarquitetura do osso, a osteoporose é difícil de ser diagnosticada. Segundo a fisioterapeuta Marina Silveira, na maioria dos casos o diagnóstico e os sintomas são perceptíveis em estágio avançado da doença, nível que já ocasiona dor ou até mesmo fraturas. “Apesar dessa dificuldade, o diagnóstico pode ser realizado através da técnica de densitometria óssea, que mede a densidade mineral óssea, sendo considerado o melhor teste para sua identificação”, explica.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 75% dos diagnósticos da osteoporose são feitos somente após a primeira fratura (Infográfico: Paula Ferreira/Beta Redação)

Devido à característica “silenciosa”, a médica reumatologista Tamara Mucenic alerta sobre a importância da avaliação médica adequada para serem identificadas pessoas que possuem risco de desenvolver o problema. “É fundamental identificar a doença em fase inicial para que o tratamento possa retardar a evolução da osteoporose ou da osteopenia, quando ocorre perda da massa óssea, mas ainda não nos níveis de osteoporose”, explica.

Grupos de risco

De acordo com Tamara todas as pessoas, desde o nascimento até aproximadamente os 25 anos de idade, ganham massa óssea até atingirem um valor máximo, conhecido como o pico de massa óssea. Após chegar neste nível, existe um período de estabilização e, depois, o corpo passa a perder massa. “Dependendo da ‘reserva’ que atingimos, essa queda demora mais ou menos para atingir os níveis de osteoporose”, esclarece.

A nutricionista e doutora em gastroenterologia, Adriana Lauffer, descreve que os ossos são compostos de uma matriz na qual se deposita o cálcio e que para ele se fixar é necessário vitamina D, entre outros nutrientes. Além disso, os ossos representam um reservatório desse mineral, formado no início da fase adulta. “O corpo está sempre tirando cálcio dos ossos para colocar no sangue e devolvendo-o conforme as necessidades do organismo. Considerando que os nutrientes vêm primariamente da alimentação, isto torna a nutrição essencial na prevenção dessa doença", afirma.

A reumatologista Tamara alerta sobre o risco do diagnóstico tardio (Foto: Arquivo Pessoal)

A reumatologista explica que a osteoporose atinge, principalmente, mulheres após a menopausa, quando a deficiência do estrogênio acelera a perda de massa óssea. “Mas há diversos fatores de risco associados a esta condição, como outras doenças, uso de remédios, tabagismo, sedentarismo, uso de álcool e fatores genéticos”, esclarece.

Tamara relata que as fraturas por osteoporose ocorrem mais frequentemente nas vértebras (coluna), no rádio distal (osso do antebraço, próximo ao punho) e no fêmur proximal (osso da coxa, próximo ao quadril). “As fraturas do fêmur são as mais graves e são associadas a uma elevada taxa de mortalidade (12% a 20%) nos dois anos seguintes à ruptura. Além disso, mais de 50% dos que sobreviveram a uma fratura de quadril são incapazes de manter uma vida independente”, alerta.

Tratamento e prevenção

Conforme a médica reumatologista, promover a redução da perda de massa óssea, assim como estimular a formação do osso, são os objetivos do tratamento da osteoporose. “São importantes também as medidas não farmacológicas, como a ingestão adequada de cálcio e vitamina D e a substituição, sempre que possível, de medicamentos que promovem a perda óssea”, esclarece. Tamara acredita que a prevenção é uma saída para conter o aumento dos casos da doença. “Os cuidados devem começar ainda na infância com hábitos de vida saudáveis”, conclui.

A nutricionista comenta que o tratamento da osteoporose é o mesmo para homens e mulheres: mudança de estilo de vida, que envolve alimentação saudável, exercícios e exposição ao sol (Foto: Arquivo Pessoal)

Para a nutricionista Adriana, uma alimentação balanceada pode prevenir o desenvolvimento de osteoporose e até mesmo reverter casos de osteopenia. “Uma solução é a suplementação para aqueles que, por algum motivo, não conseguem ingerir os alimentos necessários para o bom metabolismo ósseo ou que não conseguem se expor adequadamente ao sol”, diz. Em contrapartida, a má alimentação pode ser prejudicial. Nesse sentido, a especialista sugere evitar bebidas ricas em fósforo, como refrigerantes, que eliminam o cálcio pela urina.

Adriana orienta que, além da alimentação, tanto na prevenção quanto no tratamento da osteoporose, é essencial se expor ao sol e praticar exercícios, já que ambos ajudam a fixar o cálcio nos ossos. “A exposição ao sol deve ocorrer nos períodos considerados inadequados para a saúde da pele, entre 10h e 14h, sem protetor solar, mas somente por 15 minutos. Quanto aos exercícios, o ideal é praticar aqueles que geram tensão muscular, como pilates e musculação”, relata. A especialista aconselha que, em situações na qual a doença está avançada ou se o paciente for obeso, é necessário um parecer médico antes de iniciar as atividades físicas. “Faça antes uma avaliação médica, pois seus ossos podem estar fracos e será mais seguro começar com exercícios de fisioterapia”.

Marina explica que a fisioterapia traz inúmeros benefícios para o tratamento da osteoporose, mas que é preciso respeitar o limite de cada paciente (Foto: Arquivo Pessoal)

A fisioterapeuta Marina Silveira destaca que os tipos de exercícios e o tempo de tratamento da osteoporose são relativos. “Vai depender do avanço da patologia, do perfil de cada indivíduo, além da sua capacidade funcional e a qualidade de vida que se tem”.

Marina ressalta que o trabalho preventivo, como mobilidade articular, concepção do próprio corpo e reforço muscular são imprescindíveis para manter a qualidade de vida do paciente. “Os exercícios são importantes na prevenção de quedas e na realização das atividades de vida diária dos indivíduos”, conclui.

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Paula Câmara Ferreira
Redação Beta

Estudante de Jornalismo. 25 anos. Apaixonada por: animais, livros, música e séries.