Pai e filho ensinam karatê kyokushin para alunos entre 5 e 52 anos

Em Nova Santa Rita, o Dojo nasceu de um sonho familiar

Sara Nedel Paz
Redação Beta
6 min readMay 30, 2022

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As categorias dos esportes são separadas conforme suas especificidades. Um exemplo seria o futebol, que possui uma modalidade de salão e, outra, de campo, cada qual com regras e ambientes diferentes. O mesmo acontece com as artes marciais. Existem várias disciplinas dentro do karatê e a Beta Redação acompanhou o Dojo Pai e Filho, um empreendimento construído através de um sonho transmitido por gerações e depositado no ensinamento do estilo kyokushin, batizado no Japão, em 1957, pelo Grão-Mestre Masutatsu Oyama.

Conheça a história e os treinos do Dojo Familiar (Vídeo: Sara Nedel Paz/Beta Redação)

O karatê é um esporte de arte marcial disputado pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Embora o campeonato tenha sido adiado pelo Comitê Olímpico Internacional, por conta da pandemia de Covid-19, o evento manteve o nome “Tóquio 2020”, sendo realizado formalmente no ano de 2021. Na ocasião, apenas duas disciplinas foram realizadas: kata e kumite, sendo regulamentadas pela Federação Mundial de Karatê. Apesar de estrear nos Jogos de 2021, a atividade não foi incluída no programa olímpico de 2024, em Paris.

A espanhola Sandra Sanchez se tornou a primeira campeã olímpica ao levar o ouro na disputa kata nos Jogos de 2020. (Foto: Divulgação/Olympics)

Ainda que esse esporte não tenha se tornado uma prática dentro dessas competições, muitos vivem o sonho dela ao longo dos anos e através das novas gerações. Com quase cinco anos de história, que estarão completos no dia 5 de setembro de 2022, o Dojo Pai e Filho ensina karatê para 40 alunos entre 5 e 52 anos, na cidade de Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul, um município com cerca de 30 mil habitantes. A história desse local se desenvolveu a partir de muito esforço e das metas dos empreendedores.

A influência do karatê no desenvolvimento infantil, adulto e familiar

A família de Ezequiel Machado é a responsável pela consolidação de um sonho que o professor tinha desde criança. “Treino karatê desde moleque e sempre tive o sonho de ter um filho ou filha que gostassem também para que pudesse passar esses ensinamentos adiante. Para minha sorte e um pouco de competência lá de cima, meu filho se apaixonou por essa grande arte”, afirma. Após alguns cursos, graduações e trocas de faixa — atualmente faixa preta 2° Dan (grau) — , o sensei (professor) começou a treinar o próprio filho e, a partir dessa relação, criaram juntos uma escola.

As aulas são ministrados pelo sensei Ezequiel nas turmas adultas que contam com o apoio do filho, Artur Machado, nas infantis. (Fotos: Sara Nedel Paz/Beta Redação)

O filho de Ezequiel, Artur Machado, de 14 anos, é faixa preta e auxilia nas aulas. O jovem treina desde os 5 anos e, para ele, é muito importante o vínculo familiar dentro do treinamento. Contudo, explica que é preciso saber separar as emoções dentro e fora dos treinos. “Sempre ajudo meu pai, principalmente nas aulas do infantil. Gosto muito do karatê e sempre me preparo para campeonatos, que são o meu principal objetivo. Por isso, é muito importante separar o sensei da figura de pai. Preciso focar 100% no meu treinamento e eles não podem ser mais leves por eu ser da família. Para isso é necessário muita disciplina”, relata.

Nos dias 21 e 22 de maio de 2022, Artur representou o Dojo e também sua cidade no campeonato Sul Americano de Karatê Kyokushin, disputado na cidade de Barueri, interior de São Paulo. O evento contou com a participação de 425 atletas. Na oportunidade, ele tentou conquistar o seu segundo título Sul Americano, pois o primeiro foi em 2015, com apenas 7 anos, na categoria infantil. Embora não tenha ganho a competição, ele chegou até as semifinais, sendo motivo de orgulho para o município.

Turma infantil de Karatê treina no Dojo Pai e Filho, em Nova Santa Rita. (Fotos: Sara Nedel Paz/Beta Redação)

O karatê também conta com atletas que procuram a atividade sem intuitos competitivos. Yuri Santos Mota, de 29 anos, pratica a modalidade há 2 anos e meio e conheceu o Dojo a partir do seu trabalho como corretor de seguros. O que ele mais gosta no esporte são as técnicas de soco e chutes, as filosofias da luta e o autocontrole. “Faço por esporte, mas para ser um faixa preta mais vivenciado o campeonato é importante. Além de fazer um exercício físico, o karatê ajuda em várias valências físicas, ajuda a tirar o estresse e tem uma filosofia interessante que pode ser usada no dia a dia”, conta.

No karatê kyokushin existem as seguintes cores de faixa: branca, laranja, azul, amarela, verde, marrom e preta. Elas são utilizadas para indicar o nível do praticante (sendo a branca direcionada a atletas iniciantes). Dentro delas, existem outros critérios para definir a hierarquia em que o atleta está posicionado. Conforme Ezequiel, no Dojo a troca de faixas ocorre em dois exames, realizados nos meses de março e setembro de cada ano. “Quando o aluno alcança a faixa verde, ele tem no mínimo 2 anos para fazer o exame para a marrom e 2 anos para fazer para preta”, explica.

Cláudia Bittencourt Ferreira, de 38 anos, pratica o esporte no Dojo Pai e Filho junto com seu marido e filhas. Para ela, a oportunidade de estar num espaço familiar e de aprendizado é muito valioso. “Escolhemos treinar aqui por conhecermos a seriedade com que trabalham, a integridade da família Dojo Pai e filho e pelo ambiente que é proporcionado”. Além disso, a aluna lembra os benefícios do esporte. “O karatê oferece disciplina, trabalha memorização e muita integração. Praticar em família tem sido um grande privilégio, porque há todo um preparo antes de irmos para as aulas, momentos de descontração em casa e têm nos aproximado ainda mais”, comenta.

As filhas de Cláudia concordaram com os apontamentos da mãe. Para Maitê Bittencourt Ferreira, de 14 anos, treinar karatê é uma forma de se divertir e fugir do sedentarismo. “Com a pandemia, fiquei muito parada em casa e essa oportunidade tem mudado minha rotina. Às vezes é cansativo, mas como me divirto também, acabo gostando muito. Além disso, a prática uniu ainda mais a minha família”, argumenta Maitê, enquanto sua irmã Melina, de apenas 5 anos, sorri completando as afirmações de forma envergonhada: “eu também gosto!”.

Turma adulto de karatê do Dojo Pai e Filho. (Fotos: Sara Nedel Paz/Beta Redação)

O Dojo foi construído na própria casa da família Machado. Com muito empenho, o local de treinos foi sendo ampliado e, agora, conta com um amplo espaço para as aulas. Segundo o Sensei Ezequiel, é muito gratificante saber que a imagem do Dojo tem esse reflexo familiar. Isso porque a família é a principal motivação para todo investimento que ele tem feito junto a sua esposa Patrícia e o filho. “Quando me perguntam do nome, só consigo falar que ele não poderia ser diferente, pois meu filho sempre foi meu parceiro e quem conhece o karatê entende como essa prática é apaixonante”, revela.

Quer fazer parte do Dojo Pai e Filho?

Idade: A partir dos 5 anos
Turma infantil (5 a 12 anos): às 19 horas, nas terças e quintas.
Turma adulta (a partir dos 13 anos/sem limite de idade máxima): às 20 horas, nas terças e quintas.
Investimento: 60 reais mensais
Contato: (51) 9 9990–7653
Redes Sociais: Facebook ou Instagram

O tema karatê já foi pauta na Beta por outros ângulos. Acompanhe a matéria publicada em 2016 pela repórter Caroline Paiva sobre reconhecimento olímpico e expectativas do esporte para próximas oportunidades.

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