Paixão pela música clássica move jovem leopoldense

Com apenas 14 anos, Richard tem o objetivo de participar de festival americano de música em julho

Juliane Kerschner
Redação Beta
4 min readMay 28, 2019

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Trajetória de Richard iniciou quando o garoto tinha 8 anos. (Foto: Juliane Kerschner/Beta Redação)

A rotina do leopoldense Richard Mickael Bartikoski, de 14 anos, é dedicada à música clássica e ao sonho de se tornar um violinista profissional. Admirador de Antonio Vivaldi, importante compositor e músico italiano que compôs As quatro estações, Richard iniciou sua trajetória aos oito anos. Foi em 2013 que o jovem teve suas primeiras aulas com o professor Mauro Gomes, na Sonarte Company (localizada junto ao Museu Histórico Visconde), em São Leopoldo.

“A primeira vez que tive essa vontade de aprender a tocar violino foi quando vi em um jornal uma reportagem de uma escola que ensinava os alunos a tocarem vários instrumentos. O violino era um deles. Nunca tive contato com o instrumento, nem nunca havia escutado. Mesmo assim, aos oito anos, escolhi aprender a tocar violino”, conta Richard.

O primeiro contato do jovem músico com o violino aconteceu em uma oficina de música. Com sete dias de duração, o curso encerrou suas atividades com a apresentação dos alunos da Sonarte Company. “Desde esse dia, me esforço totalmente para cada dia chegar em um nível mais alto”, diz Richard Mickael.

Tocando atualmente nas ruas de São Leopoldo, Richard sonha em um dia se apresentar com a Orquestra Filarmônica de Berlim. (Foto: Juliane Kerschner/Beta Redação)

Devido à escassez de recursos financeiros, Richard contou desde cedo com ajuda externa para arcar com as despesas das aulas e também com o empréstimo de um violino — afinal, apenas a aquisição do material profissional demanda em torno de R$ 12,5 mil. Foi então que, em 2015, o menino começou a realizar algumas apresentações em frente ao Bourbon Shopping, no Centro de São Leopoldo, com o intuito de arrecadar recursos para a compra do seu próprio instrumento. Tal atitude lhe rendeu reconhecimento e exposição midiática.

A partir desse momento, Richard começou a chamar a atenção de quem passava no local: o público interessado em acompanhar os acordes ficou surpreendido com a desenvoltura do jovem. Essa ação do violista rendeu a participação no programa de auditório da emissora Record Hora do Faro, em novembro de 2015.

“Minha participação foi um marco na minha vida pessoal e profissional. Ganhei do programa o meu violino, que me possibilitou evoluir e participar dos festivais e concursos, além de R$ 30 mil que investi na minha formação profissional”, ressalta Richard.

Desde então, Richard participou de quatro telejornais e mais um programa de televisão, além de 10 festivais de música. Entre os eventos, vale ressaltar o Festival de Música de Santa Catarina (Femusc) e o Encontro de Jovens Instrumentistas de Ivoti.

“O único prêmio que ganhamos em festivais é a troca de experiências e a oportunidade de aprender com professores renomados. Já ganhei outras premiações em concursos, como o Concurso Latino-americano Rosa Mística, Concurso de Violino Paulo Bosisio, Concurso de Jovens Solistas Orquestra Criança Cidadã e Concurso de Violino Casa da Música”, conta o violinista leopoldense.

Atualmente, Richard está buscando reunir recursos para participar de festival internacional nos Estados Unidos. (Foto: Juliane Kerschner/Beta Redação)

Próximo passo do músico é participar do festival Summer String Institute

O principal objetivo de Richard como músico é estudar fora do país, na Alemanha, um dos grandes centros da música clássica do mundo e onde o jovem pretende viver como solista. Entretanto, o próximo passo do músico leopoldense é participar do festival Summer String Institute da University of North Texas, nos Texas, Estados Unidos, que ocorre dos dias 14 a 28 de julho.

“A professora Daphne Gerling, que é uma das diretoras do festival, esteve em 2018 na UFRGS para dar uma ‘masterclass’ de violino e me convidou para participar do festival no ano seguinte. Atualmente, faço minhas aulas na UFRGS com os professores Hella Frank e Fredi Gerling”, explica Richard.

O garoto enfatiza que a participação em todos os festivais é importante para o desenvolvimento musical, pois possibilita a oportunidade de ter opiniões diversificadas e de aprender cada vez mais, além de qualificar seu currículo. “Participar de um festival no exterior é com certeza uma oportunidade única. Vou poder ter aulas com bons professores e ainda conhecer a metodologia do país, pois meu sonho é estudar em um conservatório no exterior”, completa.

Para Richard, a arte tem o poder de transformar uma nação, mas no Brasil falta investimento e incentivo por parte do poder público. “A música mudou principalmente minha realidade de vida. Cinco anos atrás, não pensava em viajar para fora nem do Estado, e hoje estou prestes a viajar para fora do continente. Além disso, a música me trouxe oportunidade de conviver com pessoas de todo o mundo e das mais variadas culturas que têm o mesmo propósito que eu: fazer música e encantar quem nos escuta”, diz o violinista.

O jovem, que sempre contou com o apoio dos pais, a dona de casa Cristiane Schuh, 42 anos, e o pintor João Stanislau Bartikoski da Rosa, 37, está novamente tocando em frente ao Bourbon para realizar mais esse sonho. A família criou uma vaquinha online para quem desejar contribuir. “É incrível ver aonde o meu amor pela música me levou, e hoje vejo que até meus amigos começaram a aprender instrumentos”, completa Richard.

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