Paixão pela música clássica move jovem leopoldense
Com apenas 14 anos, Richard tem o objetivo de participar de festival americano de música em julho
A rotina do leopoldense Richard Mickael Bartikoski, de 14 anos, é dedicada à música clássica e ao sonho de se tornar um violinista profissional. Admirador de Antonio Vivaldi, importante compositor e músico italiano que compôs As quatro estações, Richard iniciou sua trajetória aos oito anos. Foi em 2013 que o jovem teve suas primeiras aulas com o professor Mauro Gomes, na Sonarte Company (localizada junto ao Museu Histórico Visconde), em São Leopoldo.
“A primeira vez que tive essa vontade de aprender a tocar violino foi quando vi em um jornal uma reportagem de uma escola que ensinava os alunos a tocarem vários instrumentos. O violino era um deles. Nunca tive contato com o instrumento, nem nunca havia escutado. Mesmo assim, aos oito anos, escolhi aprender a tocar violino”, conta Richard.
O primeiro contato do jovem músico com o violino aconteceu em uma oficina de música. Com sete dias de duração, o curso encerrou suas atividades com a apresentação dos alunos da Sonarte Company. “Desde esse dia, me esforço totalmente para cada dia chegar em um nível mais alto”, diz Richard Mickael.
Devido à escassez de recursos financeiros, Richard contou desde cedo com ajuda externa para arcar com as despesas das aulas e também com o empréstimo de um violino — afinal, apenas a aquisição do material profissional demanda em torno de R$ 12,5 mil. Foi então que, em 2015, o menino começou a realizar algumas apresentações em frente ao Bourbon Shopping, no Centro de São Leopoldo, com o intuito de arrecadar recursos para a compra do seu próprio instrumento. Tal atitude lhe rendeu reconhecimento e exposição midiática.
A partir desse momento, Richard começou a chamar a atenção de quem passava no local: o público interessado em acompanhar os acordes ficou surpreendido com a desenvoltura do jovem. Essa ação do violista rendeu a participação no programa de auditório da emissora Record Hora do Faro, em novembro de 2015.
“Minha participação foi um marco na minha vida pessoal e profissional. Ganhei do programa o meu violino, que me possibilitou evoluir e participar dos festivais e concursos, além de R$ 30 mil que investi na minha formação profissional”, ressalta Richard.
Desde então, Richard participou de quatro telejornais e mais um programa de televisão, além de 10 festivais de música. Entre os eventos, vale ressaltar o Festival de Música de Santa Catarina (Femusc) e o Encontro de Jovens Instrumentistas de Ivoti.
“O único prêmio que ganhamos em festivais é a troca de experiências e a oportunidade de aprender com professores renomados. Já ganhei outras premiações em concursos, como o Concurso Latino-americano Rosa Mística, Concurso de Violino Paulo Bosisio, Concurso de Jovens Solistas Orquestra Criança Cidadã e Concurso de Violino Casa da Música”, conta o violinista leopoldense.
Próximo passo do músico é participar do festival Summer String Institute
O principal objetivo de Richard como músico é estudar fora do país, na Alemanha, um dos grandes centros da música clássica do mundo e onde o jovem pretende viver como solista. Entretanto, o próximo passo do músico leopoldense é participar do festival Summer String Institute da University of North Texas, nos Texas, Estados Unidos, que ocorre dos dias 14 a 28 de julho.
“A professora Daphne Gerling, que é uma das diretoras do festival, esteve em 2018 na UFRGS para dar uma ‘masterclass’ de violino e me convidou para participar do festival no ano seguinte. Atualmente, faço minhas aulas na UFRGS com os professores Hella Frank e Fredi Gerling”, explica Richard.
O garoto enfatiza que a participação em todos os festivais é importante para o desenvolvimento musical, pois possibilita a oportunidade de ter opiniões diversificadas e de aprender cada vez mais, além de qualificar seu currículo. “Participar de um festival no exterior é com certeza uma oportunidade única. Vou poder ter aulas com bons professores e ainda conhecer a metodologia do país, pois meu sonho é estudar em um conservatório no exterior”, completa.
Para Richard, a arte tem o poder de transformar uma nação, mas no Brasil falta investimento e incentivo por parte do poder público. “A música mudou principalmente minha realidade de vida. Cinco anos atrás, não pensava em viajar para fora nem do Estado, e hoje estou prestes a viajar para fora do continente. Além disso, a música me trouxe oportunidade de conviver com pessoas de todo o mundo e das mais variadas culturas que têm o mesmo propósito que eu: fazer música e encantar quem nos escuta”, diz o violinista.
O jovem, que sempre contou com o apoio dos pais, a dona de casa Cristiane Schuh, 42 anos, e o pintor João Stanislau Bartikoski da Rosa, 37, está novamente tocando em frente ao Bourbon para realizar mais esse sonho. A família criou uma vaquinha online para quem desejar contribuir. “É incrível ver aonde o meu amor pela música me levou, e hoje vejo que até meus amigos começaram a aprender instrumentos”, completa Richard.