Paixão pelo Aimoré passa de pai para filho

No coração da família Cardoso não há espaço para Grêmio ou Inter

Juliane Kerschner
Redação Beta
5 min readAug 26, 2019

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Família Cardoso é apaixonada pelo Índio e não torce para a dupla GreNal. (Crédito: Juliane Kerschner/Beta Redação)

“Não tive tempo de pensar no Grêmio ou no Inter e me apaixonei pelo futebol por causa do Aimoré. Então, no meu coração não há espaço para outro clube”, enfatiza seu Álvaro Cardoso, 71 anos, torcedor fanático do time Capilé e figura conhecida nas arquibancadas do Cristo Rei.

Aposentado e ex-presidente do Aimoré, Cardoso ainda lembra que seu amor pelo time de São Leopoldo surgiu quando tinha 14 anos e passou a trabalhar para Emílio Dietrich, um dos fundadores do clube. “Meu pai nunca foi ligado ao futebol, então minha influência foi o grande Emílio Dietrich e meu professor no curso técnico de contabilidade, Siegbert Saft, ex-prefeito de São Leopoldo e vice-presidente do Aimoré em 1959, ano que começou a construção do nosso estádio”, relata Cardoso.

Essas influências foram tão poderosas na trajetória de torcedor do ex-presidente que ele se tornou um frequentador assíduo do Estádio João Côrrea da Silveira, o Monumental do Cristo Rei, em São Leopoldo. “Em 1970 comecei a atuar como auxiliar de dirigente, depois fundei um núcleo de torcedores jovens. Com o grupo, fomos ajudando na estrutura do estádio, construímos a sede social, fizemos a cobertura do pavilhão e diversas outras ações”, detalha.

Aos 23 anos, o torcedor fanático se tornou, também, vice-presidente do clube. Três anos depois, assumiu a presidência do Conselho Deliberativo e, aos 28 anos, chegou ao mais alto cargo: a presidência do Aimoré.

“Não importa o cargo. Minha paixão pelo Aimoré é vivida intensamente e sempre estou aqui para trabalhar pelo Índio, eu e minha família. Se tem um dia que eu não passe umas três vezes no Monumental, o pessoal já acha estranho. Moro aqui do lado e o Aimoré é extensão do meu lar”, enfatiza.

Grêmio e Inter não tem vez

Diferentemente da maioria dos torcedores do Índio, Cardoso fala com orgulho da falta de apreços por Internacional ou Grêmio, mantendo o time de São Leopoldo como seu único amor. O ex-presidente é direto ao afirmar que, ao longo de sua trajetória como torcedor, seu coração nunca teve espaço para outro time. “O Grêmio e o Inter não precisam de mim, já o Aimoré sim”, declara emocionado.

Mas se engana quem pensa que somente o seu Cardoso nunca torceu para um dos times da dupla GreNal. Sua paixão se estendeu também para a toda a família, que abrange três filhos, três netos, um genro, duas noras e a esposa.

Família toda é Aimoré com orgulho. (Crédito: Arquivo Pessoal)

“Meus filhos não tinham como ir para outro caminho. São todos Aimoré. Até quando o clube fechou as portas por nove anos, de 1998 a 2006, nenhum deles passou a torcer para outro time. Foi triste demais não ver o azulão jogar e estou velho demais para escolher outro time. Agora, vejo meu neto Fred jogar futebol na escolinha e o pequeno Gabriel, meu netinho mais novo de cinco anos, vestido com o nosso manto. É muito orgulho”, relata.

Frederico Cardoso, 13 anos, é filho de Sandro Cardoso, 44 anos, filho mais velho de seu Cardoso, e segue a paixão do avô, mas não tem a ambição de ajudar o Aimoré em termos administrativos. “Quero ajudar o Índio dentro de campo. Há sete anos faço escolinha de futebol e, no colégio, estou sempre influenciando meus amigos a virem no Cristo Rei”, afirma.

O amor que move a família a seguir o clube de São Leopoldo também traz união. “O Aimoré é uma grande paixão minha e da minha família. Nada me soma mais que o amor que temos pelo time”, concluí o ex-presidente, que atualmente é conselheiro.

Aimoré influencia até na profissão

Cristo Rei é considerada extensão da casa da família. (Crédito: Juliane Kerschner/Beta Redação)

O filho mais novo do seu Cardoso, Digue Cardoso, 40 anos, tem um forte vínculo com o clube Capilé. Essa paixão, inclusive, influenciou a sua escolha profissional. “Quando o Aimoré reabriu as portas, em 2006, a internet estava começando a se fortalecer e eu criei o primeiro blog do clube, o Índio Capilé. Então, em 2011, comecei a perceber a necessidade de disponibilizar fotos no blog e registrar as partidas do Aimoré. Como eu já gostava de fotografia, resolvi estudar”, conta.

Aos poucos, Digue foi se especializando e qualificando seu equipamento com a compra de lentes específicas para fotografar futebol de campo. “Depois de muito fotografar o Aimoré, o que continuo fazendo, em 2015 consegui meu registro de fotógrafo e, hoje, trabalho em assessoria, tenho um estúdio e atuo como freelancer cobrindo os jogos da dupla GreNal. Tudo isso começou com meu amor pelo Aimoré”, relata.

O blog elaborado por Digue virou um site e deu origem a maior página do Aimoré no Facebook, com 19 mil curtidas, bem como a uma rádio que transmite todos os jogos do clube. Tanto o site quanto a rádio contam com a ajuda de outros torcedores apaixonados.

Família Cardoso registra os momentos de apoio ao clube ao longo das gerações. (Crédito: Arquivo Pessoal)

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