Pandemia altera o perfil dos destinos mais procurados no próximo verão

Planejamento das férias em meio à crise da Covid-19 inclui restrições de destinos e medidas de prevenção

Lucas Girardi Ott
Redação Beta
4 min readNov 5, 2020

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Fortaleza, no Ceará, é o destino mais buscado pelos brasileiros para as férias de verão (Foto: Picasa.com/Reprodução)

O coronavírus modificou os planos de destinos de férias de muitos turistas, e certamente o setor do turismo foi um dos que sofreu os maiores impactos causados pela pandemia da Covid-19. Uma pesquisa divulgada no final do mês de outubro pelo site Decolar aponta que no verão de 2021 o turismo doméstico — especialmente as praias de Região Nordeste — são os lugares mais procurados em meio a crise do novo coronavírus. Dentre os dez destinos mais buscados, sete ficam no nordeste. São eles: Fortaleza (CE), Maceió (AL), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Natal (RN), Salvador (BA), Porto Seguro (BA), São Paulo (SP), Florianópolis (SC) e João Pessoa (PB).

A previsão da pesquisa é confirmada por Marisa Oliveira, sócia proprietária da agência de viagens Advantage Viagens e Turismo, de Novo Hamburgo. Segundo ela, a região nordeste é de longe a mais buscada, seguida pelas praias do Caribe como Cancún e Punta Cana, que até o momento não possuem restrições para a entrada de brasileiros. “O perfil dos nossos clientes, que era muito internacional, agora mudou. A procura é por lazer dentro do Brasil”, destaca.

Segundo Marisa, a queda na contratação de pacotes de viagens está 80% menor em relação ao ano passado, mas que aos poucos os clientes estão reaparecendo. “Só agora estamos começando a sentir que as pessoas estão um pouco menos preocupadas e começando a planejar suas férias de final de ano para os destinos nacionais”, pontua. A flexibilização para a remarcação das passagens aéreas é um dos pontos destacados por Marisa que pode dar mais segurança a quem deseja viajar nos próximos meses.

O Ministério do Turismo lançou uma cartilha de orientações para os turistas que vão viajar durante a pandemia. O documento inclui medidas de prevenção, orientações sanitárias para a viagem e direitos do viajante em relação a contratos com agências de turismo e companhias aéreas. O site decolar.com também disponibilizou um guia com perguntas frequentes a quem deseja viajar em breve comprando passagens ou reservando hotéis através da sua plataforma digital.

Argentina reabre fronteiras, mas com acesso restrito

Em meados de outubro, a Argentina anunciou a reabertura da fronteira para turistas da América do sul, ainda que o acesso esteja restrito via aeroporto de Ezeiza, na região metropolitana de Buenos Aires. Os requisitos para o ingresso no país preveem teste PCR negativo para a Covid-19, realizado 72 horas antes da viagem, e um seguro médico válido para a doença, além de uma declaração legal, que deve ser preenchida nas 48 horas anteriores ao embarque. Além disso, o turista só poderá permanecer em Buenos Aires, não podendo se deslocar pelo restante do território argentino. As regras não preveem quarentena obrigatória de 14 dias. As fronteiras terrestres seguem fechadas por tempo indeterminado e o acesso marítimo está liberado apenas para uruguaios.

Buenos Aires liberou o acesso de turistas da América Latina, mas apenas pelo aeroporto de Ezeiza (Foto: Wikimedia Commons/Reprodução)

Alejandro Canedo, guia turístico em Buenos Aires há 15 anos, diz que apesar da reabertura da fronteira já a partir de novembro, segue sem nenhuma reserva de passeios para o mês. “O turismo local segue parado, as pessoas estão com muito medo. As reservas que tenho são a partir de meados de dezembro e janeiro, ainda assim em número muito menor do que o habitual. Acho que ainda se vão alguns meses até que o setor do turismo volte a ser forte por aqui”, sentencia.

O argentino, que também trabalha no setor de transportes, se diz ainda muito preocupado. “Minha família e eu pensamos que passaria tudo muito rápido, mas acabamos ficando três meses praticamente sem sair de casa. A cada fala do presidente Alberto Fernández, nos preocupávamos ainda mais. Quase metade dos hotéis da cidade fecharam e a economia ainda não começou a funcionar a pleno”, avalia.

Uruguai segue com fronteiras fechadas no verão

Na contramão do país vizinho, o Uruguai não vai abrir a fronteira para turistas da América do Sul neste verão. Desde agosto, somente cidadãos oriundos dos países da União Europeia podem ingressar em território uruguaio, conforme anúncio realizado no último dia 25 de outubro pelo ministro do turismo, Germán Cardoso. O pequeno vizinho de Brasil e Argentina segue “a salvo” da pandemia, registrando apenas 53 óbitos em 7 meses.

Joaquín Charruti, proprietário do Hostel La Cruz del Sur, localizado em La Paloma, cidade litorânea do departamento de Rocha, estado vizinho do Rio Grande do Sul, diz que os turistas brasileiros representam cerca de 40% dos hóspedes no verão. O destino, juntamente com outras cidades do litoral Uruguaio, é um dos preferidos dos turistas gaúchos, tanto pela proximidade quanto pelas belas praias, praticamente intocadas. “Não digo que será uma temporada perdida, mas certamente será ruim depender apenas do turismo interno”, diz.

Apesar da escassez de turistas estrangeiros, o uruguaio vê a manutenção do fechamento da fronteira como um mal necessário. “Por aqui quase não sofremos, por isso as pessoas estão muito relapsas com o assunto coronavírus. Se entrasse gente infectada em janeiro e a doença se espalhasse, poderíamos ter um cenário caótico e o impacto para a temporada seria ainda pior”, expõe. Segundo ele, até o momento o governo uruguaio não ofereceu nenhuma ajuda ou incentivo ao setor do turismo. “Neste verão, alugaremos nossos quartos apenas para grupos de amigos ou familiares”, explica.

Para quem, apesar das incertezas e na contramão da tendência, ainda desejar passar as férias em algum destino internacional, é possível conferir uma lista de 100 países que estão aceitando a entrada de turistas brasileiros.

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