Covid-19 dificulta dia a dia nas clínicas geriátricas

Lares de idosos precisaram mudar protocolos para proteger grupo de risco

Fred Wichrowski
Redação Beta
4 min readSep 16, 2020

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Para evitar contágio, estabelecimentos mudaram suas rotinas. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

A pandemia do novo coronavírus mudou a realidade de todos. Ajustes no dia a dia se tornaram primordiais para que fosse possível evitar o contágio. As mudanças se refletem mais intensamente para os idosos. Esses, segundo as indicações de agências de saúde, são os mais propensos a sofrer com a manifestação da Covid-19.

Em função disso, clínicas geriátricas precisaram se ajustar para conseguir evitar os males que a pandemia pode provocar. Para muitos idosos, a situação já era difícil antes do coronavírus. Conviver com os novos protocolos, então, torna as coisas ainda mais difíceis.

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) havia publicado no Diário Oficial do Estado uma portaria para definir as normas de prevenção à Covid-19 em Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPIs). O documento estabelece que os lares de idosos possuam seus próprios planos de contingência, evitando assim possíveis surtos da doença.

Nos últimos dias, o estado tem enfrentado uma situação de surtos nos lares de idosos. O Lar Vila Itagiba, de Santa Maria, teve 32 idosos e 10 colaboradores com diagnóstico positivo para Covid-19. Uma segunda instituição da mesma cidade, que não teve o nome divulgado pela prefeitura, também em situação de surto, teve 21 idosos e um funcionário positivos para Covid-19.

Suspensão das visitas

Apesar das dificuldades, os lares de idosos estão fazendo o possível para conciliar qualidade de vida e prevenção do contágio pelo novo vírus. Segundo Liziane Luz Machado, proprietária e administradora do Lar Evangélico Vovó Luíza, uma instituição privada de Porto Alegre que possui 33 residentes, inicialmente foi difícil se adaptar às mudanças.

Foi necessário separar os quartos para cumprir os requisitos de isolamento. Alguns idosos passavam os finais de semana ao lado de suas famílias e, agora, não podem mais receber visitas. Os internos, então, acabam sendo mais abalados pela situação.

Conforme relato da proprietária, alguns idosos haviam sido abandonados por suas famílias antes da pandemia, mas esses já estão acostumados ao convívio no lar e acabam não sofrendo tanto com as mudanças.

Para garantir a segurança dos moradores, é evitada a contratação de funcionários que já trabalham em hospitais, reduzindo assim um possível risco de transmissão do coronavírus.

Mudanças no cotidiano

Mariana Silva é gestora e proprietária do Lar de Idosos Santa Luzia, uma instituição privada de Gravataí, que tem sete residentes. Segundo ela, trabalhar com idosos é uma tarefa que traz desafios diários, pois são seres humanos que carregam consigo uma bagagem de ensinamentos.

Lidar com todas essas vivências dos residentes se tornou mais complexo com a pandemia, que mudou muito a rotina do lar. Aquilo que Mariana considerava o melhor remédio, como abraços, beijos e carinhos, tornou-se proibido. O distanciamento fez como que precisassem se adaptar. “Em vez de sorrisos largos, agora existe uma máscara. No lugar do abraço, um jaleco e luvas descartáveis”, relata.

A profissional também acrescenta que é possível perceber nos olhares dos idosos a falta que a interação faz no dia a dia. “Não poderem mais estar com seus entes queridos com certeza os afeta”, aponta.

Todos os profissionais que trabalham no lar usam máscaras e luvas descartáveis.

Felizmente, ambos os lares não tiveram casos de Covid-19, graças às medidas de prevenção que estão sendo seguidas criteriosa e cautelosamente.

Foco na prevenção

Por serem grupo de risco na contaminação da Covid-19, os idosos precisam de cuidados extras, explica o médico Rodrigo Quevedo de Lima. Conforme ele, é preciso evitar que pessoas com sintomas gripais, como tosse, febre, coriza, dores de cabeça e dores no corpo, compartilhem o mesmo ambiente com outras pessoas, incluindo funcionários dos lares de idosos.

É importante também fazer o controle da temperatura de pessoas que entrem nos ambientes fechados, para averiguar se estão febris. Essa rotina deve ser aplicada aos funcionários e, até mesmo, aos fornecedores que entram nas clínicas.

Também é necessário diminuir a quantidade de pessoas por metro quadrado e exigir que todas usem máscara. “É importante que a máscara só seja retirada no momento da alimentação. É necessário lavar as mãos periodicamente mesmo que objetos não sejam tocados. Ao tossir ou espirrar, é necessário fazê-lo protegendo-se com a face interna do braço, para evitar que as gotículas se espalhem no ar”, explica o médico sobre cuidados básicos que devem ser seguidos.

Em ambientes fechados, o ideal é que existam pelo menos duas janelas para a circulação de ar adequada. “As interações interpessoais devem ser o mais restritas possível, mantendo a distância de um metro das demais pessoas. Todas essas são medidas que podem evitar a contaminação pelo novo coronavírus em ambientes fechados e onde há mais pessoas, como no caso das clínicas geriátricas”, completa o médico.

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