Pandemia faz preços de alimentos subirem nos mercados da capital gaúcha

Julia Schutz
Redação Beta
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3 min readNov 17, 2020

A população de baixa renda foi a que mais sentiu a alta inflação nos últimos sete meses em Porto Alegre

Ao ir ao supermercado em outubro, a população da capital gaúcha percebeu que os preços dos alimentos subiram bastante nos últimos sete meses, desde que começou a pandemia, quando teve decretos municipais reduzindo a circulação de pessoas nos supermercados de Porto Alegre e os horários de funcionamento. Inclusive, no início da pandemia, foi criado um horário especial para idosos nos supermercados para maior segurança da população. Os estabelecimentos voltaram às atividades normais entre setembro e outubro.

Segundo a última pesquisa do IPCA, divulgada em novembro deste ano, dos 13 itens da cesta básica, os que mais aumentaram em Porto Alegre foram tomate, batata, café, feijão, arroz, leite, carne e ovos. Em março, o arroz subiu 1,62%, já em outubro deu um salto para 16%. O feijão, outro item essencial da cesta básica, subiu 2,79% durante esse período, e o leite aumentou de -2,52% para 7,91%. A carne teve um crescimento de 4% em outubro, impactando significativamente na hora dos consumidores adquirirem os alimentos para as despesas domésticas.

Para a economista Miriam Dornelles, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o aumento de preço está relacionado ao choque entre oferta e demanda dos preços dos alimentos. No início teve esse aumento, justamente porque as pessoas estavam mais em casa, consumindo muitos alimentos. E à própria pandemia, em função do aumento de oferta e demanda. “Os insumos são comprados em dólar, fazendo com que esse valor interfira nas exportações das commodities e aumentando a importação desse produto dos países vizinhos”, explica Miriam.

Ela ainda ressalta que a queda do desemprego, da renda e do auxílio faz com que pressione os alimentos para cima, já que os estabelecimentos não estão preparados para uma maior demanda pela alimentação via supermercado e fornecedores; Além disso o aumento do dólar também faz com que alguns desses alimentos cheguem mais caro aos fornecedores, que repassam os custos para os consumidores: “Quanto menor a renda do brasileiro, mais ele vai se manter do básico e cortar os gastos ao máximo. As pessoas estão revendo os custos, priorizando somente o necessário, que é a comida”;

A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017–2018, (publicada pelo IBGE em 2019), ressalta que 16,9% do orçamento das famílias urbanas é gasto com a alimentação, diferentemente das famílias em situação rural, que gastam 23,8% de seu orçamento com mantimentos. Com o auxílio emergencial disponibilizado pelo governo para microempreendedores individuais (MEI), contribuinte individual da Previdência Social, trabalhadores informais, e pessoas que pertençam à família cuja renda mensal por pessoa não ultrapasse meio salário mínimo (R$ 522,50), ou cuja renda familiar total seja de até 3 (três) salários mínimos (R$ 3.135,00), ajudou as famílias na aquisição de alimento nesse período.

“O auxílio do governo no começo da pandemia era de 600 reais, agora com as novas mudanças (a redução para 300 reais) representa um poder de compra bem menor”, explicou a economista. A saída para a maioria das famílias é substituir alimentos de maior valor pelos alimentos com preço mais baixo, como a carne vermelha pelo frango, porco e derivados, por exemplo.

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