Partidos se articulam para eleições municipais em Novo Hamburgo

Disputa pela prefeitura hamburguense já tem três possíveis pré-candidatos

Gabriel Nunes
Redação Beta
7 min readNov 7, 2019

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Prefeitura hamburguense é comandada atualmente por Fátima Daudt (PSDB). (Divulgação/PMNH)

Com pouco menos de um ano para as eleições para prefeito e vereador, os diretórios municipais dos partidos já começam a organizar os possíveis pré-candidatos, assim como alianças, coligações e chapas. A Beta Redação conversou com alguns dos principais partidos de Novo Hamburgo sobre a articulação para o pleito que se aproxima.

Embora a definição oficial dos candidatos só aconteça em 2020, os partidos já discutem quem os representará na disputa pela prefeitura, que hoje é comandada por Fátima Daudt (PSDB). Até agora, três partidos já possuem pré-candidato definido.

Atualmente no comando do Executivo municipal, o PSDB busca a reeleição de Daudt. O Progressistas (antigo PP), aposta no nome e popularidade da vereadora Patrícia Beck, que recentemente se filiou à sigla tendo em vista a pré-candidatura à prefeitura. Já o PT busca retornar ao comando da cidade depois de quatro anos, tendo como nome o ex-prefeito Tarcísio Zimmermann.

PTB e MDB disputam indicação para vice de Daudt

Com a confirmação de que Fátima Daudt (PSDB) tentará a reeleição, PTB e MDB disputam a pré-candidatura a vice na chapa peesedebista. De acordo com o secretário de Saúde e presidente do PTB de Novo Hamburgo, Naasom Luciano, há o desejo da sigla em obter o vice do executivo municipal. Ele é o principal cotado do PTB na disputa.

No entanto, Naasom afirma que o partido continuará na base aliada do PSDB, independente se conseguir ou não a indicação. “Não criaremos uma crise em torno disso. Vamos saber construir e respeitar aquilo que for melhor para vencer as eleições, nós sabemos que a aliança é uma construção coletiva. O nosso objetivo é a vitória”, pontua.

Ele também reconhece que o favoritismo pende para o MDB, pois é o maior partido da cidade, com quatro vereadores eleitos na Câmara Legislativa. Os principais cotados do MDB para a disputa de vice da chapa são o vereador Serjão Hanich, o presidente da Comusa, Márcio Lüders, e o ex-vereador Paulo Kopschina.

Naasom (PTB) foi eleito vereador em 2016, mas se licenciou do cargo para assumir a Secretaria de Saúde de Novo Hamburgo. (Divulgação/Câmara de Novo Hamburgo)

De acordo com Naasom, o PTB vem realizando um trabalho grande em angariar o apoio de lideranças políticas potenciais, visando mais cadeiras na Câmara dos Vereadores. “A pretensão é disputar três cadeiras na Câmara. Sabemos das dificuldades, mas trabalhamos para atingir esse objetivo. Queremos disputar um espaço significativo na Câmara”, aponta.

O secretário de Saúde também acredita que as chances de reeleição de Fátima Daudt são grandes. “Nós temos convicção na reeleição da prefeita Fátima pelo trabalho que está sendo apresentado. Esse governo tem diversas realizações e acredito que o povo vai enxergar um trabalho concreto”, afirma.

Ele destaca como principais realizações a reforma da região central de Novo Hamburgo, que teve um investimento de cerca de R$ 50 milhões, através do investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e as diversas reformas estruturais, tanto na revitalização urbana como na área da saúde.

Partido dos Trabalhadores aposta em nome conhecido na cidade

Nos últimos anos, a popularidade do PT regrediu em Novo Hamburgo. Nas eleições de 2016, a legenda amargou o terceiro lugar na disputa pela prefeitura, atrás de PSDB e PMDB (hoje, MDB). No segundo turno das eleições presidenciais de 2018, Fernando Haddad (PT), representante da legenda, obteve pouco mais de 32 mil votos válidos (24,54%), contra mais de 100 mil (75,46%) para o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Tarcísio (PT) foi prefeito de Novo Hamburgo de 2009 a 2012. (Divulgação/Câmara dos Deputados)

Buscando se recuperar dos últimos reveses, o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores possui um pré-candidato: ex-prefeito Tarcísio Zimmermann. Deputado Federal por três mandatos consecutivos, Zimmermann já esteve à frente do Executivo Hamburguense na gestão 2009–2012, quando foi eleito com pouco mais de 70 mil votos.

De acordo com o pré-candidato, a candidatura só será oficializada na data que o Tribunal Superior Eleitoral definir para as convenções partidárias. No entanto, ele afirma que a sigla já busca a formação de alianças e coligações. “O PT está evidentemente trabalhando com a ideia de construir uma frente política, com partidos do campo popular, que não estejam envolvidos no golpe contra a presidenta Dilma nem comprometidos com o governo Bolsonaro”, afirma. De acordo com Zimmermann, neste momento a legenda conversa de uma forma mais decidida com PCdoB e PSOL, além de PDT e PSB.

Sobre a rejeição do partido em Novo Hamburgo, o ex-prefeito é otimista. “De fato, nós tivemos um insucesso eleitoral importante, mas não apenas em Novo Hamburgo, foi na verdade nacional, especialmente na região Sul. Sofremos uma rejeição forte. Mas aos poucos a sociedade vai reconhecendo que o governo Bolsonaro na verdade é uma brutal fraude”, afirma.

Ele também relembra que o partido já governou a Capital Nacional do Calçado por oito anos. “Durante esse período, trouxemos inúmeros avanços em termos de infraestrutura. O trem, a UPA, a construção de 12 Unidades de Saúde da Família (USF), as melhorias no hospital municipal, a criação da Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo, entre diversas outra obras que melhoraram a vida dos habitantes. Pretendemos ganhar as eleições de 2020 e também, a partir da coalizão que formarmos, fazer maioria na Câmara de Vereadores”, objetiva.

Progressistas têm recém filiada como pré-candidata

Patrícia possui grande apoio da comunidade hamburguense, principalmente nas redes sociais (Divulgação/Câmara de Novo Hamburgo)

A vereadora Patrícia Beck, recém filiada ao Progressistas (antigo PP) em agosto, é a pré-candidata da legenda para concorrer à prefeitura. Atualmente em seu segundo mandato no legislativo municipal, possui apoio da população hamburguense do diretório estadual do partido.

Nas eleições de 2016 obteve 5.405 votos, sendo a segunda vereadora mais votada, atrás apenas de Issur Koch (Progressistas/RS), hoje deputado estadual. Embora tenha sido alvo de polêmica ao ser expulsa de seu antigo partido (PPS — atual Cidadania) em julho, Patrícia tem sido considerada influente no município.

Ela acredita que a experiência de oito anos dentro da Câmara a auxilie, caso seja confirmada sua candidatura. “Estou fechando dois mandatos e penso que esse contato próximo com a comunidade me ajuda a compreender a dor e a dificuldade das pessoas, e estar lá para ajudá-las”, revela.

Apesar da popularidade junto à comunidade hamburguense, a vereadora explica que não vê isso como uma vantagem para o pleito. “Não acho que a minha popularidade vai facilitar, acredito que aumenta a minha responsabilidade de não errar com as pessoas e não errar com a cidade”, explica.

A pré-candidata afirma que o Progressistas vem conversando com algumas lideranças do município para articular coligações e chapas. Mas ressalta que, no momento, o principal objetivo da legenda é se organizar internamente. “O foco é o trabalho interno, no próprio partido. Nós montamos 11 grupos temáticos que estão avaliando as questões da cidade e pensando em alternativas a serem colocadas no plano de governo”, conta.

PSOL pretende lançar candidatura pura e com equidade de gênero

Assim como nas eleições municipais de 2016, o PSOL aposta novamente em uma candidatura pura, sem coligações. Além disso, de acordo com Gustavo Comanchi, presidente do partido em Novo Hamburgo, o objetivo é lançar uma candidatura com equidade de gênero. “A Lei Eleitoral diz que um terço das candidaturas devem ser de mulheres. O PSOL, internamente, está trabalhando com uma ideia de paridade, de 50%. A nossa intenção também é fazer isso para os pré-candidatos a prefeito e vice”, destaca. Comanchi ressalta que uma das bandeiras do PSOL é o feminismo, buscando superar a desigualdade de gênero, portanto a sigla pretende colocar isso em prática nas eleições de 2020.

O presidente do partido conta que, embora já esteja sendo realizada uma agenda de atividades internas, ainda não há nenhum pré-candidato definido. Além disso, pesar de não buscar coligação para o pleito, a legenda defende uma unidade na luta contra o atual presidente. “Neste momento, avaliamos que é necessária uma unidade de ação para combater Bolsonaro. Estamos integrando movimentos e fóruns de discussão junto com o PT e PCdoB, aqui na cidade. Isso pensando em ações para combater o bolsonarismo e o fascismo. Porém, na hora de apresentar um programa para cidade, esses partidos não satisfazem os nossos anseios”, explica.

Em relação às últimas eleições municipais, o PSOL está mais organizado em Novo Hamburgo, de acordo com Comanchi. “Desde 2008, quando o PSOL teve um momento mais dinâmico, tivemos mais de uma década de altos e baixos. Olhando para as eleições, a de 2020 é a que nós estamos conseguindo organizar com maior antecedência. Além de estarmos decidindo os nomes um ano antes, também estamos com uma agenda de atividades que vai até o pleito”, revela.

*A Beta Redação tentou contato com os diretórios municipais do PSDB, PDT e PSL, mas não obteve retorno até o fechamento da matéria.

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