Pingue-pongue para se divertir
Apesar de não gerar retorno financeiro aos atletas, esporte conquista adeptos no Estado
O pingue-pongue é um esporte recreativo que vem ganhando adeptos em todo o sul do País. Em uma primeira olhada, pode lembrar o tênis de mesa, mas possui regras e fundamentos completamente diferentes, que se assemelham muito mais ao tênis disputado em quadra.
Nos dias 24 e 25 de novembro, a cidade de Portão sediou o Campeonato Estadual de Pingue-Pongue, evento realizado em parceria entre o Departamento de Esportes do município e a Federação Gaúcha de Pingue-Pongue. Cerca de 80 atletas disputaram partidas individuais no Ginásio Municipal de Esportes.
Leandro Mattos foi um dos participantes. Ele é presidente e fundador da Equipe Villa Pingue-Pongue/Mecânica Mattos, de Gravataí, fundada em 2016 por um grupo de amigos fãs da atividade.“Todos somos amigos e treinamos juntos sempre que podemos. O pingue-pongue é considerado um esporte amador, mas é muito amado pelos seus praticantes”, afirma.
Mattos conheceu o esporte na adolescência. À época, costumava se divertir na casa de um vizinho ou em um clube da cidade. “Ao longo do Ensino Médio matava aula com mais dois ou três colegas para jogar no clube Guarani. Me lembro de juntarmos moedas e alugarmos uma mesa por uma ou duas horas”, relembra.
O curioso é que, anos mais tarde, um dos colegas que costumava matar aula com Leandro se tornou referência no pingue-pongue. Marcelo Benitez de Lima, o Marcelinho, foi eleito por vários anos o “Raquetinha” do campeonato, apelido dado ao maior pontuador do ano. Hoje, é um dos 15 atletas que compõem a equipe de Leandro Mattos.
O que mais agrada Leandro e seus parceiros de esporte é a união entre os colegas e as amizades que o pingue-pongue proporciona. “Temos um custo anual em torno de 5 mil. Com gastos tão elevados, pode-se dizer que só se pratica o pingue-pongue por amor, pois ninguém ganha dinheiro com ele. O que levamos para casa ao final de cada etapa são medalhas e troféus, mas principalmente a alegria de ter participado e a saudade dos amigos que só veremos na próxima disputa”, garante.
Quem não conhece o pingue-pongue pode até confundir com uma disputa de tênis de mesa, mas o jogo é bastante diferente. Segundo o presidente da Federação Gaúcha, Ademir Carlos da Silva Rosa, a única semelhança entre as duas modalidades é a bolinha. “A mesa tem dimensões diferentes, sua altura é diferente e a rede possui altura distinta. As regras de saque e resposta são outras. É um outro esporte. O pingue-pongue tem uma mesa muito mais comprida e uma rede bem mais alta, então os movimentos de jogada se assemelham mais ao tênis de quadra”, afirma.
No pingue-pongue é proibido utilizar qualquer substância na raquete, que deve ser de madeira pura, sem cera ou riscos de caneta. “Toda jogada precisa ser resultado da habilidade do atleta, enquanto no tênis de mesa a borracha ocupa 70% da raquete. Se o atleta de tênis de mesa não tem uma borracha ‘top’ de linha, não consegue competir em alto nível”, compara Rosa.
O pingue-pongue consiste basicamente em lançar um bolinha de 40mm de espessura sobre uma mesa, ultrapassando uma rede que está localizada no centro. Isso deve ser feito com uma raquete — um pequeno instrumento de madeira que substitui a mão do atleta.
Mesmo se tratando de um esporte amador, o pingue-pongue tem inúmeras regras que garantem o bom convívio entre aqueles que disputam as premiações. O Rio Grande do Sul se destaca como referência no esporte: é aqui que as principais decisões sobre a modalidade são tomadas. “Hoje nós somos um esporte bem rígido, com punições, advertências, cartões amarelo, azul e vermelho. Nossa ideia é doutrinar os atletas para terem disciplina e fair play”, destaca.
O presidente da Federação Gaúcha de Pingue-Pongue é enfático ao afirmar que todas as pessoas podem participar e se divertir com o jogo.“É um esporte recreativo, de baixo impacto. No Campeonato Estadual, há competidores com 70 anos que jogam com garotos. É um esporte em que a técnica se sobrepõe ao preparo físico e pode ser praticado por qualquer pessoa”, concluiu Rosa.
Disputado nas séries A, B e C, o Campeonato Estadual individual teve como vencedores os atletas: João Carlos — o Tikinho, Geydson e Ruan, respectivamente.