Planos de saúde aumentam em todo país nos últimos 12 meses
A inflação foi de 15,29% nos planos em geral, a pesquisa é de abril deste ano
O brasileiro que tem plano de saúde sentiu mais porque no mesmo período do ano anterior (abril de 2021 a abril de 2022), o IBGE havia apontado uma deflação de 3,07%. Os dados são do IPCA. Hoje, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) são mais de 50 milhões de pessoas que contratam planos empresariais, familiares ou individuais. A Agência registrou que houve um aumento de 2,20% neste grupo, este ano.
Os dados de IPCA mostram que em Porto Alegre a inflação foi de 14,85% nos planos de saúde, nos últimos 12 meses. Os gaúchos que possuem plano contabilizam mais de um milhão e 300 mil pessoas.
Os beneficiários têm queixas
Mesmo para quem tem contratos antigos, o aumento foi sentido. É o caso do engenheiro civil, Augusto Moyes, 28 anos. "Pago um valor um pouco abaixo do mercado, mesmo assim impacta bastante, compromete uma parte da minha renda, porém é um gasto que tenho como necessidade básica". Morador de Porto Alegre, Augusto conta que possui o plano Unimax Privado, que pertence à Unimed, desde criança. Este é um plano empresarial que foi adquirido através do pai.
O plano de saúde que a família de Roberto Rodrigues Martins, motorista, 39 anos é do Círculo Saúde, que também é uma das maiores organizações no ramo no estado. Ele relatou que, no mês anterior, o valor pago chegou a mil e cem reais. Para reduzir os gastos, o motorista decidiu manter o plano apenas para os filhos, um de oito e outro menor de cinco anos, e a esposa. A escolha se deu por conta do valor ficar acima do seu orçamento. Morador de Nova Petrópolis, Roberto também reclama da relação de custo -benefício. Segundo ele, é necessário se locomover a Caxias do Sul para obter atendimento em alguns casos. O motorista comentou que, em um final de semana, precisou de atendimento para o filho mais novo. Na ocasião, saiu às oito horas da noite para retornar somente às três da manhã, sem ter o exame em mãos, apenas com a receita da medicação.
Tu paga (o plano) e não consegue usar igual. Uma que daí tu precisa de um especialista, de um exame aí eles dizem que o plano não quer que passe muitos exames, que o plano está cortando. — Roberto Martins.
Contatados pela Beta Redação, o Círculo Saúde enviou uma nota explicando o reajuste e a falta de cobertura para médicos especialistas.
Os reajustes nos planos de saúde são movimentos de mercado naturais. Neste momento, o forte impacto do custo dos insumos e o aumento da demanda após o período mais grave da pandemia de Covid-19 são os aspectos que mais pesam sobre os custos das operadoras de saúde. A respeito do trabalho dos especialistas, o Círculo Saúde vem reestruturando o modelo e fazendo mudanças em determinadas áreas da rede credenciada, com o objetivo de oferecer o melhor pacote de saúde aos beneficiários. A instituição assegura, portanto, o pleno atendimento nas especialidades, mantendo sempre o critério de qualidade e excelência em seus serviços.
Augusto, morador de Porto Alegre, também tem queixas. “Hoje em dia, tenho dificuldades para encontrar médicos de algumas especialidades que aceitem a Unimed como plano de saúde.”
Quando questionado sobre o valor do plano em seu orçamento, o engenheiro afirma que 10% da sua renda fixa está destinada para esse fim. “É um gasto que tenho como necessidade básica. Mas, como estou tendo dificuldade para encontrar médicos e alguns remédios, porque o plano não cobre, entendo que hoje a mensalidade ficou cara.”
A reportagem procurou a Unimed para o contraponto, mas não teve retorno até o momento da publicação.
De qualquer maneira, nem todos os exemplos são negativos. Sandrine de Medeiros Prelelué, autônoma, de 33 anos, realizou uma cirurgia do joelho através do plano Ipe-Saúde. Ele é destinado a servidores públicos do Estado do Rio Grande do Sul e seus dependentes, no caso da empresária, seu pai, policial aposentado.
Sandrine é beneficiária desde os 10 anos e, quando menor, utilizava o convênio mais para consultas odontológicas. A primeira cirurgia pelo plano de saúde ocorreu quando a autônoma tinha 29 anos. Num incidente recente, Sandrine lesionou o joelho e teve a sua primeira consulta com ortopedista pelo Ipe, além de todo pós-operatório. “No meu plano, sempre preciso pagar apenas uma taxa de 18 reais por consulta. O plano não cobre as fisioterapias, pré-operatório e pós operatório então tive que fazer particular.”
No caso dela, a cobertura do plano foi praticamente total. Após 30 dias da solicitação da cirurgia, o convênio liberou e ela pode realizar o procedimento. O único gasto que teve foi com o anestesista.
“Hoje, o ipê tem custo de mil e trezentos reais ao mês. Eu, meu irmão e minha mãe somos beneficiados e meu pai é o segurado principal. Financeiramente, ele é o convênio mais em conta para nós.” — Sandrine Prelelué.