Porto Alegre é a capital que mais registrou aumento nos valores dos alugueis
Os dados são do IPCA nos últimos três anos, medidos pelo IBGE
A pesquisa sobre inflação divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 11 de abril, demonstra que o grupo da habitação é o terceiro que mais pesa no orçamento das famílias brasileiras. Em Porto Alegre, o percentual é de 14,1%, ficando atrás dos grupos alimentação e transporte. Os dados são referentes ao mês de março deste ano e envolvem gastos como encargos e manutenção, aluguel e taxas, condomínio, mudanças, reparos e outros.
A pesquisa abrange 12 regiões metropolitanas do país. São Paulo é a capital mais populosa, possui cerca de 12 milhões de habitantes. Porto Alegre conta com 1 milhão e meio de pessoas. Ainda assim, os custos da habitação e do aluguel residencial são um dos mais altos do Brasil.
Comparando os dados de inflação no grupo habitação nos últimos três anos, no mês de março, é possível ver que Porto Alegre tem registrado percentuais bem maiores do que São Paulo. Neste ano, a capital paulista apresentou deflação de 0,03 no grupo, já a capital gaúcha teve quase 3% de aumento nos preços pesquisados, em relação ao mês anterior.
Quando o item pesquisado é aluguel, os percentuais mudam um pouco. Em 2021, os moradores da capital gaúcha viram os preços subirem apenas 0,14%. Em março do ano passado, o aumento foi de 1,05%. Já neste ano, o reajuste não chegou a 1% (0,96%). Mesmo assim, Porto Alegre ainda é a capital que mais registrou aumento nos percentuais de inflação.
O custo do aluguel no orçamento de duas moradoras
Lisiane Fagundes Cohen, 55 anos, professora e cineasta, já passou por mais de uma mudança. Ela já residia em Porto Alegre, no bairro Tristeza, onde tem um apartamento próprio, e se mudou para uma casa alugada, no bairro Cavalhada. “Fiz em função da pandemia. Não aguentávamos mais ficar num apartamento, precisávamos de um lugar aberto, de um lugar para encontrar a família.”
A mudança mais recente foi neste ano, quando Lisiane passou por um processo de separação e não via mais vantagem em manter uma casa tão grande e com o custo tão alto. “Vim para um apartamento alugado e coloquei o meu à venda. Resolvi que não quero mais ter um imóvel.”
Uma busca rápida no site Quinto Andar, um serviço de locação de imóveis, é possível observar que uma casa no bairro Cavalhada, onde a professora morava, composta por três quartos, sala, cozinha, banheiro e garagem, varia entre R$2.613,00 a R$4.871,00.
A cineasta comenta que a locação deu a família uma nova perspectiva. Quando se mudaram para o local, a casa era antiga e possuía alguns problemas hidráulicos, porém, o custo da manutenção não entraria nos gastos. “Então, me fez pensar no aluguel como uma alternativa mais interessante, que me permitiria mudar de projeto na medida em que a vida vai se transformando. Certamente, meus filhos não ficarão morando comigo para sempre e o movimento de mudança é muito mais simples e rápido num aluguel.”
Amanda Milena Hanauer, uma jovem de 19 anos, deixou Ivoti — sua cidade natal — , para morar na capital gaúcha, por conta da faculdade. Amanda cursa Enfermagem, na UFRGS. “A melhor opção foi realmente me mudar para Porto Alegre, para ser mais fácil de chegar nas aulas”. No final do ano passado, a estudante alugou um apartamento no bairro Partenon(zona leste de Poa) onde divide o aluguel com mais duas amigas. A moradia é composta por três quartos, dois banheiros, sala, cozinha e lavanderia, além de uma vaga de carro.
Amanda sentiu o aumento do aluguel no último mês. Agora, o valor ganho com o aluguel da vaga da garagem vai para abater uma parcela do aluguel. Como a estudante não tem uma renda de trabalho, os gastos com o aluguel ocupam 60% do seu orçamento.
Já para a professora Lisiane Cohen, o compromentimento é de 15% dos seus ganhos totais.
O que considerar na hora de escolher um imóvel?
Lisiane levou em conta vários pontos importantes que beneficiam a mudança de endereço.
“Para escolher o novo local, levei em consideração a intenção de morar mais próximo ao meu trabalho para que pudesse estar mais rápido em casa com os meninos e estar menos tempo dentro de um carro, no trânsito. E estar num bairro que me oferecesse uma estrutura de comércio no entorno, para que eu não precisasse pegar carro para qualquer coisa.”
O processo de mudança, para a professora, foi rápido e tranquilo. A opção por uma imobiliária digital, tipo o Quinto Andar facilitou muito para Lisiane, ela buscou, dentro do site, locais que a interessavam. Alguns apartamentos, por exemplo, que se destacavam, mas o valor não era acessível. Em outros casos, o preço compensava, mas a localização, ou até a infraestrutura, não eram boas. A ajuda da corretora foi fundamental e o processo, sem burocracias. “Ela me mostrou o apartamento numa quinta, fiz uma proposta de valor de aluguel no mesmo dia e, no sábado, eu já estava com o contrato assinado.”
Já no caso de Amanda, ele usou sites de imobiliárias convencionais para realizar uma busca nos locais disponíveis para locação, mas os valores eram todos muito altos. Foi quando ela descartou a opção de morar sozinha. No Facebook, ela encontrou as futuras colegas de apartamento, que anunciaram a vaga na rede social. A estudante então, foi conhecer o local e tudo se encaixava nos seus planos.
“Eu acho que fiz a escolha certa. Porque a localização é boa, perto da faculdade e também do centro, quando preciso resolver as coisas. O condomínio é bem seguro, tem várias áreas de lazer, tem academia, piscina, salão de festa, tudo incluso, e o apartamento também é bem equipado, tem até bastante espaço.”
Números de Porto Alegre
Os dados do IBGE mostram que Porto Alegre liderou os valores de inflação no setor dos aluguéis residenciais, ao longo de vários meses do ano passado. O mês que teve mais destaque foi dezembro, em que o percentual de aumento chegou a 2,02%. Nos meses de maio e agosto foi registrada deflação.
Em relação ao ano atual, janeiro foi marcado por uma inflação de 1,8%. No mês seguinte baixou para 0,68%. Em março, subiu novamente ficando em 0,96%. É possível observar que, além dos gastos com alimentação e transporte — essenciais para o gaúcho — , os moradores da capital também estão sofrendo com os aumentos dos preços no aluguel.