Porto Alegre recebe 1ª Caminhada Nacional de Combate à Obesidade

Atividade realizada no Parque da Redenção trabalha na redução dos altos números de sobrepeso e obesidade em todo o país

Tiago Assis
Redação Beta
5 min readOct 24, 2018

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Por: Guilherme Chaves e Tiago Assis

Primeira edição do evento contou com adeptos de todo Estado (Foto: Divulgação/CINTRO)

No domingo, 21 de outubro, foi realizada a 1ª Caminhada Nacional de Combate à Obesidade, organizada e executada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). A ação, que iniciou simultaneamente às 9 horas em 18 cidades do país, teve mais de 100 inscritos em Porto Alegre, permitindo também inscrições no Parque Farroupilha no dia da caminhada.

A atividade, que durou cerca de uma hora, comemora o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade (11 de outubro) e tem como objetivo instigar a população à prática de atividades físicas, mostrando que isso, junto a uma alimentação adequada, pode melhorar a qualidade de vida e reduzir o excesso de peso.

Vice-presidente da SBCBM ao nível estadual e cirurgião geral e do aparelho digestivo, o Dr. Jarbas Cavalheiro, 65, comenta que o objetivo do evento é fazer com que as pessoas entendam os problemas e os riscos da obesidade. “Nossa intenção é chamar a atenção das entidades e das pessoas para o problema da obesidade, que cresceu cerca de 19% no cenário nacional em 2018”, explica.

Segundo Jarbas, o projeto conta com a ajuda de uma equipe de nutricionistas, educadores físicos e cirurgiões. Ele afirma que a falta de tempo faz com que o sedentarismo aumente e a má alimentação esteja presente na rotina das pessoas.

Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em 2017, revelou que 74% da população porto-alegrense sofre com o excesso de peso (55,1%) ou com a obesidade (19%). A diferença de sobrepeso e obesidade se dá no resultado do Índice de Massa Corporal (IMC). O resultado do IMC maior que 30 indica um quadro de obesidade. Já entre 25 e 29.9 revela um quadro de sobrepeso. O levantamento foi realizado com 53 mil entrevistados maiores de 18 anos.

Além da caminhada, também foi realizado o atendimento ao público para diagnóstico de sobrepeso e obesidade. Segundo a SBCBM, para manter a saúde e o peso ideal, a campanha trabalha quatro princípios básicos: ter uma boa alimentação, beber três litros de água diariamente, praticar exercícios e ter uma boa noite de sono.

Profissionais da área da saúde atenderam o público que chegava na Redenção (Foto: Guilherme Chaves/Reda Redação)

O estudo da Vigitel ainda informa que, na contramão desses números, a prática de atividades físicas aumentou 141,7% de 2009 a 2017, com o consumo de bebidas açucaradas e refrigerantes caindo 25,2% no mesmo período.

Profissional de educação física e presidente do Núcleo de Saúde Física e Reabilitação da SBCBM no Rio Grande do Sul, Rejane Marcon assinala que, muitas vezes, os grupos podem ser o diferencial para uma pessoa praticar exercícios físicos. “A caminhada é um exercício de fácil execução, podendo ser praticada tanto individualmente quanto em grupos. Os grupos, nesses casos, são importantes, pois influenciam e motivam as pessoas, já que um dos maiores problemas para quem está acima do peso é a falta de motivação”, explica.

A profissional de educação física Rejane Marcon participou do atendimento ao público oferecendo dicas para uma vida mais saudável (Foto: Tiago Assis/Beta Redação)

A secretária Fabiana da Silva, 42, de São Leopoldo, participou pela primeira vez de uma ação como a Caminha Nacional de Combate à Obesidade. Ela, visivelmente emocionada, conta que realizou uma cirurgia bariátrica em maio deste ano. “É a primeira vez que eu participo, motivada pelos cinco meses da minha cirurgia bariátrica. São 32 kg a menos, com mais saúde e mais alegria”, comemora.

Silva, que não tinha o costume de praticar atividades físicas, encontrou nas caminhadas um novo estilo de vida. “Após a cirurgia, comecei com caminhadas, que antes não praticava por causa das limitações que a obesidade me causava, e participei da minha primeira corrida de 5 km pelo SESC nesse ano. Coisas que eu jamais imaginaria que pudesse fazer”, ressalta.

A saúde também melhorou, fruto do equilíbrio entre alimentação, exercícios físicos e muita força de vontade. “Eu era diabética, tinha esteatose grau 3 e precisava tirar metade do meu fígado. Hoje, não preciso mais. Só felicidade e saúde. Para mim essa caminhada é muito importante, pois tinha tantas limitações, dificuldades e doenças com o peso que é indescritível a sensação que estou sentindo”, finaliza.

Fabiana da Silva (à esquerda) e Liana Marla (à direita) passaram por cirurgias bariátricas recentemente e hoje participam do combate à obesidade (Foto: Tiago Assis/Beta Redação)

No último ano, o Ministério da Saúde registrou 105,6 mil cirurgias bariátricas no Brasil. Esse número mostra um crescimento de 47% em relação a 2012, quando cerca de 72 mil procedimentos foram executados. Ainda segundo o órgão governamental, o Sistema Único de Saúde (SUS), que atua em 9,8% do total de operações, registrou um crescimento de 224% de intervenções médicas realizadas em relação a 2008.

A canoense Liana Marla, 32, que atua como enfermeira, passou por uma cirurgia bariátrica ainda em 2018. “Não é a primeira vez que participo desse tipo de dinâmica, mas essa é muito especial. Tenho três meses de bariátrica, perdi 22 kg e isso foi extremamente importante. Hoje eu luto pelo combate à obesidade”, relata.

Segundo Liana, a perda de peso também influenciou na sua saúde. Nos últimos três meses, ela afirma ter conquistado muita qualidade de vida. O principal fator foi a melhora nos problemas de saúda causados pela obesidade.

Além da capital gaúcha, as cidades de São Paulo, Bauru, Campinas, São José do Rio Preto, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasilia, Vitória, Porto Velho, São Luís, Campina Grande, Salvador, Recife, Goiânia, João Pessoa, Fortaleza e Manaus também promoveram a caminhada.

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