Preço do salmão tem a maior queda desde fevereiro deste ano
Em setembro, dados do Índice Nacional de Preço ao Consumidor (IPCA) revelaram redução de -4,04% no valor do peixe
A compra e o consumo do salmão podem despertar reflexões no dia a dia dos brasileiros. Principalmente no que diz respeito ao investimento financeiro necessário para se ter o peixe em suas refeições. Rico em ácidos graxos, como o Ômega 3 — uma gordura saudável e essencial para o corpo humano, já que não é produzida pelo nosso organismo —, o salmão é considerado um dos peixes mais nobres da cadeia alimentar. E esta nobreza impacta diretamente em seu preço de compra e venda.
Porém, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através do Índice Nacional de Preço ao Consumidor (IPCA), apontou o menor custo do salmão em setembro de 2019: -4,04%. No mês anterior, em agosto, o índice apontava 2,35%. É a maior queda desde fevereiro deste ano.
Segundo o economista e professor da Unisinos Divanildo Triches, existem diversos fatores que podem influenciar na variação do preço dos alimentos, inclusive o salmão. “Se pensarmos pelo lado da importação, o Brasil importa esse peixe do Chile, onde a compra é realizada em dólar. Com a inflação que estamos vivendo hoje e o aumento dessa moeda, o preço do salmão deveria ter aumentado”, afirma.
Porém, o economista argumenta que não podemos analisar o índice somente por esse viés. De acordo com ele, se pensarmos na inflação do país e que tudo está mais caro, as pessoas podem optar por consumir menos salmão. E isso reflete diretamente no preço em que os comerciantes estipulam para o peixe. Afinal, se não existe demanda e compra desse alimento, os comerciantes reduzem o valor para tentar vendê-lo.
De onde vem o salmão que os brasileiros consomem
O Chile é o principal exportador de salmão para o Brasil. De acordo com o escritório comercial do país no Brasil, o ProChile, o Brasil adquiriu 65,08 mil toneladas de salmão em 2016, rendendo US$ 431 milhões para o exportador. Já em 2017, o Brasil gastou US$ 503 milhões, comprando 71,75 mil toneladas do peixe — representando 14,60% de todos os produtos comercializados entre os dois países.
O gerente de marketing da Frumar — empresa especializada em frutos do mar — , Juliano Fantoni, afirma que a empresa define a projeção da compra mensal do salmão conforme o valor do dólar. “Se o dólar aumentar, nós acompanhamos. Se o dólar baixar, também acompanhamos. O preço do quilo varia de R$ 28 a R$ 32”, declara.
Para atender praticamente todos os estados do país, a Frumar — que tem unidades de negócios em RS, SC, SP, PR e GO — importa 100% do seu salmão do Chile, assim como todo o restante do Brasil, segundo Fantoni. “Importamos, via [transporte] rodoviário, em média 20 cargas de salmão por mês. E cada carga tem 19.000 kg de salmão. É um bom volume. O principal mercado deste produto é a cozinha oriental, com o sushi”, afirma.
A baixa no valor do salmão também é demonstrada quando comparada com o mesmo mês nos últimos sete anos. Em 2019, o índice apresentou -1,69%. Em setembro de 2013, por exemplo, o índice apresentou uma variação de 2,61%.
Já em 2016, o Brasil teve o maior índice no valor do custo para consumo desse peixe: 21,74%. Na ilustração do ProChile, é possível perceber uma grande diferença no valor pago — macro — e quantidade adquirida de salmão entre dois anos: em 2015, o Brasil, com US$ 375 milhões, comprou 75.76 mil toneladas. Já em 2016, US$ 431 milhões comprou apenas 65.01 mil toneladas.
Visão do consumidor
A Beta Redação também entrevistou pessoas relacionadas ao comércio do salmão em restaurantes, a fim de entender se a baixa no valor desse peixe foi percebida pelo mercado em geral. De acordo com Geison Moreira, gerente do Caticlan Sushi Lounge, restaurante japonês em São Leopoldo, a redução de preço não atingiu o estabelecimento.
“Não impactou para nós essa questão. A gente compra salmão fresco direto do nosso distribuidor, mas permaneceu estável o preço no mês de setembro. Talvez pela alta do combustível, o aumento neutralizou a redução do peixe. Outra variável é a questão do salmão sujo ou limpo, que dependendo da limpeza na peça, você tem cerca de 30 a 50% de quebra”, declara.
Já Andressa de Nascimento, arquiteta e frequentadora do Bourbon Hipermercado Country, localizado no Jardim Europa, Porto Alegre, alegou que percebeu uma redução de R$2,00 por quilo no do preço do salmão em setembro. Porém, ela comentou que não sabia o motivo dessa diminuição.
“Eu consumo bastante salmão devido aos benefícios que ele oferece para minha saúde. É claro que eu comer muito, vou ter alguma doença. Porém, percebi essa redução de preço de agosto para setembro, e outubro manteve o mesmo valor de setembro. Não sei se isso tem relação com o aumento do consumo, que percebo pelo meu ciclo de amigos, por exemplo, ou se foi devido a sua exportação. Mas eu percebi essa queda de preço”, afirma.
No Bourbon Hipermercado Country, o preço do quilo do salmão fresco na peixaria, no dia 26 de outubro, estava R$59,90. Os consumidores poderiam encontrar preços menores se optassem por porções congeladas, que variavam entre R$47,90 e R$49,90 um pedaço de salmão.
Projeções gaúchas
Em virtude da instabilidade no preço do dólar, Fantoni afirma que a Frumar não possui uma projeção para a compra e comercialização do salmão nos próximos meses. De acordo com a assessoria da Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), eles não possuem uma projeção específica desse peixe, e sim do geral. “Em dezembro serão comercializadas 420 toneladas de pescado nos supermercados gaúchos. 95% desse total são congelados”, afirma Joaquim Oresko, integrante da assessoria.