Preços dos antigripais e antitussígenos sobem na capital gaúcha

A justificativa para o aumento é o ajuste anual nos preços dos medicamentos

Alexsander Machado
Redação Beta
3 min readNov 25, 2020

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Farmácias reajustaram o preço dos medicamentos em agosto. (Foto: Alexsander Machado/Beta Redação)

O antitussígeno, como o nome mesmo diz, é um medicamento utilizado para sintomas da tosse, dentre estes, a tosse seca. Quem sofre diariamente com a chamada tosse seca é a Dona Maria Georgina, de 65 anos, pois ela é fumante e é usuária mensal do antitussígeno. “Sou aposentada e todo mês vou na farmácia comprar diversos remédios. Na lista, é necessário estar o antitussígeno", relata.

A tosse seca é um indicadores possíveis do novo coronavírus, que também oferece sintomas parecidos com o da gripe comum. Neste sentido, reportagem buscou dados referentes à variação de preço dos remédios classificados como antigripal e antitussígeno, entre março (quando começou a quarentena em Porto Alegre) até outubro desse ano.

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a variação de preço do antigripal e antitussígeno fechou o mês de março com menos 0,35%. Já no mês seguinte, a variação seguiu negativa com -0,08%, ou seja, houve deflação (quando os preços de produtos e serviços caem em determinado período).

Baixa procura por antitussígenos e antigripais nos primeiros meses da pandemia. (Foto: Alexsander Machado/Beta Redação)

O preço dos medicamentos costumam ser reajustados em março de cada ano pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), passando a valer a partir de 1° de abril. Porém, devido aos efeitos econômicos do novo coronavírus no país, governo e indústria farmacêutica adiaram este ajuste por 60 dias.

Segundo a farmacêutica Juliana Zart, além da prorrogação da data do aumento, outro fator que evitou a inflação foi a pouca venda desses produtos nas farmácias. “Por incrível que pareça, nesse inverno não teve a gripe comum, ou seja, com a quarentena, as pessoas não ficaram resfriadas. Com isso, as farmácias venderam pouco o produto”, avalia.

Após registrar deflação nos antigripais e antitussígenos nos cinco primeiros meses de pandemia (-)0,35% em março, (-)0,08% em abril, (-)2,18% em maio, (-)1,70 em junho e (-)3,59 em julho), o grupo destes medicamentos voltou a ter variação positiva em agosto, de 0,81% e setembro, 1,71%. Das regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, a que registrou maior alta foi Salvador. Lá a variação foi de 2,97%.

A alta foi sentida por dona Maria Georgina. “Como eu compro muitos remédios, eu sei o preço de cada um deles. No mês de agosto, eu vi que deu uma diferença de valor ao mês anterior. Na qual, percebi que o preço do meu antitussígeno foi lá em cima”, comenta.

Xarope Expec é um dos produtos mais vendidos nas farmácias. (Foto: Alexsander Machado/Beta Redação)

A reportagem consultou o preço do medicamento antitussígeno Expec em uma farmácia localizada no bairro São João, em Porto Alegre. A loja é a mesma, na qual, Juliana Zart é farmacêutica. De março até julho, o Expec estava custando R$18,90, a partir de agosto passou para R$19,90. A alta, nesta farmácia foi de quase 5%, porém, essa porcentagem varia de acordo com cada estabelecimento, está condicionada aos descontos de balcão.

De acordo com a farmacêutica Juliana, a justificativa seria o aumento anual dos medicamentos. “Já era esperado pela indústria farmacêutica, a diferença é que retardou. Sugiro o usuário fazer orçamentos para não sentir a diferença,” relata.

Os dados do IPCA são públicos mensalmente e podem ser acessados pelo portal institucional do IBGE.

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