Preço médio do litro da gasolina baixou mais de dois reais de junho ao início de outubro
Os dados são da ANP e se referem à capital gaúcha
O preço médio do litro da gasolina em Porto Alegre (RS) baixou R$ 2,33 em quase quatro meses. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na semana do dia 12 a 18 de junho de 2022, o valor médio do combustível era de R$ 7,02 na capital gaúcha. Na aferição de final de setembro até 1º de outubro o valor era de R$ 4,69, ou seja, uma redução de 33,19%.
Os valores na cidade acompanham a deflação média do preço da gasolina no Brasil. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em junho de 2022 a deflação no preço da gasolina foi de 0,72% no país. Um mês depois, o percentual aumentou ainda mais, chegando a 15,48%. Em agosto, último mês com dados, a redução no preço continuou e foi de 11,64%. Em Porto Alegre, os números são semelhantes: deflação de 0,34% em junho, 12,02% em julho e 12,75% em agosto.
A redução do preço da gasolina ajudou muitos trabalhadores que dependem do uso do combustível para se deslocar. Esse é o caso de Isaias da Silva Saraiva, que trabalha como motorista de aplicativo. “Em junho, eu trabalhava o dia inteiro com o carro e gastava R$ 1.600 de combustível por mês. Agora, com essa redução, o meu gasto é de R$ 900. Essa diferença me ajudou muito”, declara.
O que determina o preço da gasolina?
O preço do litro da gasolina é dividido em quatro partes no Brasil, segundo a Petrobras: distribuição e revenda (13,9%), custo do etanol anidro (16,6%), imposto estadual (18,1%) e parcela da Petrobras (51,4%). Isso significa que quase 70% do valor do combustível é composto por impostos e pela parcela da estatal. Veja abaixo:
Vale lembrar que, desde 2016, a Petrobras segue a política de preços internacionais para determinar o valor da gasolina e do diesel nas refinarias. Em março, os valores foram impactados pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o barril do tipo Brent, o mais comercializado, chegou a custar cerca de US$ 130 em março. Seis meses depois, com a desaceleração das grandes economias, o valor passou para US$ 88, uma queda significativa de 32,31%.
Mas essa não é a única explicação para a alta redução do preço do litro da gasolina em Porto Alegre e no Brasil. No fim de junho, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reduziu a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). No Rio Grande do Sul, o percentual do imposto baixou de 25% para 17%.
Economistas alertam para os riscos de uma redução artificial
Apesar da medida ter favorecido a população, os economistas alertam para o risco de uma crise fiscal em 2023, com redução de recursos para os estados. Segundo o economista do Insper, Alexandre Chaia, além da queda natural dos preços, o Brasil também precisa conviver com uma redução artificial. “Apesar da tendência ser de uma baixa seguida do preço do petróleo, há ainda um problema nacional que é essa redução artificial do ICMS. Acredito que o governo só está jogando a inflação de um ano para o outro”, explica.
No estado gaúcho, o governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) demonstrou preocupação sobre o impacto da redução do ICMS no Estado em uma publicação no seu Twitter em julho. “Não podemos deixar de alertar sobre a preocupação com o futuro por conta desta lei, que está sendo debatida juridicamente. As contas do RS terão impactos bilionários. Não queremos que a população seja afetada com a precarização dos serviços pela falta de recursos”, sinalizou.