Produtoras de shows ainda não conseguem estipular prejuízo

Entre reagendamentos e cancelamentos, calendário do segundo semestre segue indefinido

Ulisses Machado
Redação Beta
3 min readJul 1, 2020

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Produtoras gaúchas enfrentam dificuldades para calcular o prejuízo causado pela quarentena. (Foto: Thiago Borba/Beta Redação)

Um dos primeiros segmentos atingidos pela suspensão das atividades econômicas e sociais, as produtoras de shows seguem com uma perspectiva incerta. A onda de cancelamentos e reagendamentos de eventos trouxe um prejuízo que elas ainda nem estão conseguindo calcular.

Empresas de shows de Porto Alegre apontam que alguns fatores tornam difícil precisar os prejuízos. Dentre eles, o reagendamento de data, que pode resultar em cancelamentos ou na desistência do público. Rodrigo Machado, diretor da Opinião Produtora, conta que teve poucos shows cancelados e que algumas apresentações foram transferidas para o segundo semestre, juntando-se às já marcadas para a metade final do ano.

Machado comenta que a adição dessas apresentações no próximo semestre pode ainda gerar cancelamentos ou até mesmo o público não conseguir comprar ingressos para essas apresentações. “Com todos shows no segundo semestre, eu acredito que as pessoas não vão conseguir, pela falta de verba, comprar todos ingressos que iriam se (os shows) pudessem ocorrer nas datas originais. Isso causa um prejuízo grande, mas não tem como estipular valores”, afirma.

A Opinião Produtora não está operando atualmente e não está vendendo nenhum ingresso no momento. O diretor afirma que a MP948/2020 do governo federal, que trata do “cancelamento de serviços, de reservas e de eventos dos setores de turismo e cultura em razão do estado de calamidade pública”, salvou o mercado do entretenimento, pois antes da pandemia, quando um consumidor se sentia prejudicado por algum evento adiado, o prazo de devolução de valores era de alguns dias, o que mudou com a medida provisória. “Com a essa medida, temos até 12 meses para devolver os valores dos shows transferidos durante a pandemia. Com isso, uma parte do público que iria desistir, pode acabar indo (aos shows), e os prejuízos podem ser menores”, estima Machado.

Agenda de shows do segundo semestre continua incerta. (Foto: Thiago Borba/Beta Redação)

Outro fator que dificulta o cálculo do prejuízo, segundo o diretor da Abstratti Produtora, Ricardo Abstratti, é que para empresas independentes que não têm vendas diárias fica difícil chegar a valores exatos. “Não tem como saber, pois o mercado que operamos é muito variável”, comenta Ricardo.

A Abstratti também não está em operação no momento. Sem os shows, ela não tem nenhuma outra atividade. O diretor relata que não houve a necessidade de devoluções de ingressos, pois os shows marcados foram reagendados. “Nenhum show foi cancelado. Devido a isso, temos ainda um ano para devolver os valores daquelas pessoas que não querem ou não podem assistir ao show na nova data”, afirma o diretor.

As duas produtoras informam que não estão contempladas na Lei de Incentivo à Cultura, então não contam com esse beneficio para resguardo de capital em tempos de crise.

A Off Produtora, que organiza festas de música eletrônica, funk e megafunk, atualmente está produzindo apenas lives sem fins lucrativos e não possui nenhuma fonte de renda. O produtor e DJ Danni Martin diz que cada produtora faz os seus contratos com cláusulas diferentes, prevendo situações como essa. “No nosso contrato, já havia cláusulas inserindo a pandemia, então já tinha garantido as devoluções de ingressos”, afirma o DJ.

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