Fechamento de turmas gera protestos em escola de Novo Hamburgo

Após decisão de Smed, turmas de 6° e 7° da Escola João Goulart, de Novo Hamburgo,correm risco de serem transferidos para outra instituição

Gabriel Nunes
Redação Beta
4 min readOct 24, 2018

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Cartaz fixado pela comunidade da EMEF João Goulart (Foto: Gabriel Nunes/Beta Redação)

O fechamento das turmas de 6° e 7° anos da EMEF João Goulart, localizada no bairro Petrópolis, em Novo Hamburgo, segue envolto em incertezas. Tomada em 25 de setembro, a medida da Secretaria Municipal de Educação (Smed) do município determina o remanejamento dos estudantes desses anos para a EEEM Dom Pedro II, que fica a 900 metros da escola atual. A comunidade, no entanto, foi contra a decisão da Smed. A onda de protestos chegou até a Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo, onde os pais dos alunos lotaram o local no dia 1° de outubro, em busca de uma solução.

A decisão da Smed integra uma proposta de intensificação do regime de colaboração com o Estado, permitindo a ampliação da cobertura para a educação infantil, a partir da transferência de alunos de ensino fundamental da rede municipal para a rede estadual de ensino. Segundo o órgão municipal, foram realizadas reuniões com as equipes diretivas das escolas, na qual foi decidido que os estudantes teriam vagas garantidas nas escolas estaduais. Além da escola João Goulart, mais duas instituições da cidade serão afetadas: a EMEF Boa Saúde e a EMEF Francisca Saile.

A EMEF João Goulart se localiza no bairro Petrópolis, em Novo Hamburgo (Foto: Gabriel Nunes/Beta Redação)

Marcelo Marmitt, presidente da Associação de Pais e Mestres (APEMEM) da João Goulart, conta que foi apresentada uma solução junto à secretaria de educação para evitar a transferência dos alunos. “A nossa escola possui uma sala que não está sendo utilizada, sendo assim, teria o espaço físico necessário para receber as crianças de 4 e 5 anos do ensino infantil”, explica.

Após os protestos na Câmara, a comunidade escolar se reuniu com a Smed. “Nessa reunião, foi acordado que a medida de encerrar as turmas seria postergada, para verificar a demanda de alunos do ensino infantil”, revela Marmitt. A Smed pede três turmas de 4 anos e duas de 5, mas o presidente da APEMEM acredita que a demanda por vagas no ensino infantil não será tão alta.

A decisão final será no dia 5 de novembro, quatro dias após o encerramento das inscrições para o ensino infantil. Marmitt garante que, se a transferência das turmas se concretizar, a comunidade escolar do João Goulart voltará a protestar. “Até lá, vamos ficar na expectativa do que vai ser decidido”, ressalta.

Preocupações dos pais com a mudança

Cintia de Oliveira da Silva, recepcionista, é mãe de uma das crianças e será afetada se a transferência de turmas realmente ocorrer. Uma das preocupações dela é a questão da mobilidade, uma vez que a escola Dom Pedro II fica a cerca de 900 metros da João Goulart. “A minha filha vai ter que caminhar cerca de 15 minutos sozinha, e como eu e meu marido trabalhamos, fica inviável acompanharmos ela nesse caminho”, comenta. Seu temor é com a segurança da filha. Outro ponto que ela destaca foi a rapidez com que a decisão foi tomada, pegando vários pais de surpresa.

Alguns pais se preocupam com a distância entre as duas escolas (Fonte: Google Maps)

Marcelo Marmitt, que também é pai de uma das crianças que serão transferidas, explica que outra grande preocupação dos pais é a indisponibilidade de dois turnos na escola Dom Pedro II, que atende os alunos de 6° e 7° ano apenas no turno da tarde. Ele também ressalta que, devido ao processo eleitoral deste ano, uma possível troca no governo estadual pode romper o compromisso firmado entre a Smed e a 2° Coordenadoria Regional de Educação (2° CRE). O acordo garante que, se a mudança ocorrer, os alunos da rede municipal tenham vaga garantida na escola estadual. “Nosso maior medo é que uma nova gestão estadual não cumpra com o combinado”, explica.

Escola Dom Pedro II garante vagas

A EEEM Dom Pedro II foi a escolhida para receber as novas turmas, por ser a escola estadual mais próxima. (Foto: Gabriel Nunes/Beta Redação)

Idir Bacin Rauber, diretora da EEEM Dom Pedro II, garante que a escola estadual tem o espaço físico e as vagas necessárias para receber as novas turmas. “Nós já acolhemos os alunos de 8° ano que vêm da escola João Goulart, e com essa mudança, também temos o necessário para receber os novos alunos”, ressalta.

Sobre as preocupações dos pais com os turnos disponíveis, a diretora explica que, devido à questão dos horários dos professores, e também da administração interna, infelizmente não é possível colocar turnos matutinos para atender as turmas de 6° e 7° ano. “Nossa estrutura é assim, 6° e 7° à tarde e os 8° e 9° anos pela manhã”, conta.

Panorama das escolas em Novo Hamburgo

Segundo a Smed, existem 87 escolas municipais em Novo Hamburgo. Destas, apenas 8 atendem o ensino fundamental completo, do 1° ao 9° ano. Em 6 escolas há também o projeto de Educação de Jovens Adultos (EJA), que oferece o ensino Fundamental e Médio para pessoas que já passaram pela idade escolar e que não tiveram oportunidade de estudar. A rede municipal atende cerca de 24 mil alunos. A lista completa das escolas municipais pode ser vista aqui.

De acordo com a 2° CRE, há atualmente 28 escolas estaduais em Novo Hamburgo. O órgão não possui uma estimativa de quantos alunos são atendidos pela rede estadual em Novo Hamburgo.

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