Educação e psicologia são pilares no desenvolvimento dos alunos para o convívio em sociedade. (Foto: Graziele Iaronka/Beta Redação)

Psicologia como um olhar preventivo nas escolas

Crianças e jovens são preparados para viver em sociedade a partir da colaboração entre as áreas do desenvolvimento humano

Published in
4 min readApr 16, 2019

--

A formação de cada cidadão é uma combinação do trabalho de pais e comunidade escolar. Entretanto, a instituição exerce grande papel na tarefa de auxiliar crianças e adolescentes a conviver em grupo. Dessa forma, o olhar da educação não foca apenas no ensino prático, mas também nas relações dos estudantes com o mundo.

Segundo o Censo Escolar de 2018, o número de matrículas na educação infantil cresceu 11,1% entre 2014 e 2018, fechando em 8,7 milhões. Esses dados indicam que a escola está presente na vida das crianças desde cedo. Segundo a psicóloga da Escola de Educação Infantil Clube da Criança, Cláudia Rosângela da Silva Mattos, com sedes em São Leopoldo e Sapucaia, a educação, desde os primeiros anos de vida, é importante na formação dos cidadãos e, por isso, toda a atenção é essencial para o pleno desenvolvimento. “A forma como se fala, se expressa, seja verbal ou não, são automaticamente assimiladas e internalizadas pelas crianças na primeira infância — de 0 a 6 anos. Quanto menor a criança, maior a intensidade dessa internalização”, explica.

É nesse momento que a psicologia se torna uma aliada da educação. A profissional aponta que tudo o que acontece no desenvolvimento da criança, até a fase adulta, está relacionado a questões vinculadas ao estudo da psicologia.

A Conselheira e Coordenadora do Núcleo de Educação do Conselho Regional de Psicologia (CRP-RS), Elisângela Zanelatto, explica que a psicologia na educação traz como mote a investigação do desenvolvimento humano e da possibilidade de compreensão dos processos de ensino e aprendizagem, como apresentado no infográfico.

Fonte: Conselho Regional de Psicologia Rio Grande do Sul. (Arte: Graziele Iaronka/Beta Redação)

Já Cláudia, que trabalha com foco na educação infantil, destaca que, dentro das escolas, o psicólogo não realiza um trabalho clínico, mas preventivo, colaborando com os outros profissionais. Ou seja, abrir o diálogo entre a equipe é de grande importância para criar estratégias que ajudam os alunos.

“Eu vou ter uma capacidade ímpar de enxergar algumas situações dentro da instituição. Agora, o que eu vou fazer a partir do que vejo, tem ligação com o trabalho desenvolvido junto com as pessoas que estão ligadas à escola. Quanto mais profissionais capacitados nesse ambiente de ensino, principalmente de crianças pequenas, maior a chance de auxiliar elas de uma maneira correta”, enfatiza a psicóloga.

As escolas também possuem o papel de integrar na sociedade crianças e jovens com deficiência ou com complicações no aprendizado. A psicopedagoga Caroline da Silva Pereira, 38, que atua há 9 anos na Escola Escola Estadual de Ensino Fundamental Walt Disney, em Viamão, relata que recebe alunos com dificuldades nas áreas emocional, socioafetiva e de relações sociais. Dessa forma, ela explica que o auxílio da psicologia é essencial para um desenvolvimento saudável e para que as crianças possam interagir na sociedade de forma madura.

“O ensino fundamental é também uma base para a formação da criança. Com a vulnerabilidade social, decorrente de muitos fatores da realidade, as crianças estão vindo sem atendimento, com carências nos estímulos de aprendizagem para se desenvolver. Acabamos tendo que ter esse olhar diferenciado, porque se tu for um educador que não tiver esse olhar, consequentemente a aprendizagem não vai ser efetiva”, enfatiza Carolina.

Além da sala de aula

A psicologia também permite entender as vivências que cada criança ou adolescente traz de sua realidade. Conforme explica a conselheira Elisângela, a área também ajuda a pensar na dinâmica das relações sociais e interpessoais. Dentro do ambiente escolar, esse auxílio é uma maneira de desenvolver as competências socioemocionais, promovendo o crescimento e o bem estar dos envolvidos no processo educativo.

Elisângela enfatiza que, atualmente, as emoções estão aparecendo ainda mais no cotidiano, trazendo à tona a reflexão do papel da escola, que, de alguma forma, também funciona como um espelho daquilo que está sendo pensado fora dos seus muros. “A partir disso, podemos ver que o profissional da psicologia vem para contribuir nesse sentido, promovendo espaços de diálogos escuta”, completa.

Em busca da obrigatoriedade nas escolas

Enviada pelo psicólogo Vitor Tadeu Epiphanio, de São Paulo, ao portal e-Cidadania do Senado, a proposta de ter a presença obrigatória de psicólogos em escolas públicas, conforme a SUG 21/2018, foi arquivada pela Comissão de Direitos Humanos (CDH).

A sugestão de Epiphanio, descrita no documento, apresenta que o objetivo era tratar de questões sociais e emocionais que afetam diretamente o processo de aprendizagem e convívio dos alunos.

Conforme o documento oficial, o projeto é visto pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) como uma questão importante das políticas públicas, porém, a inserção dos psicólogos na estrutura escolar iria gerar impactos diretos na questão econômica.

--

--

Estudante de Jornalismo e criadora da Costurinhas de Amor