Otimização de preços a partir de inteligência artificial

Startup Aprix analisa variáveis do mercado e auxilia na precificação de produtos

Khael Santos
Redação Beta
4 min readNov 28, 2018

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O quanto a demanda de uma mercadoria interfere no preço final? Procurando responder a esse questionamento, três estudantes de Engenharia decidiram criar a Aprix, uma startup que trabalha com inteligência de pricing no mercado brasileiro.

A ideia está baseada em tendências tecnológicas desenvolvidas na Europa e nos Estados Unidos. A partir de algoritmos, a plataforma digital captura a variação de preços ao testar modelos dinâmicos de previsão de demanda, chegando, assim, a um valor equilibrado para determinado produto.

Os estudantes de Engenharia de Produção Bernardo Queiroz, 24 anos, Engenharia Generalista Frederico Maciel, 23, e Engenharia Industrial Guilherme Zanuazzi, 22, todos com vivência acadêmica na Europa, encontraram lá fora a inspiração e a oportunidade para trazer uma inovação ao mercado brasileiro. Queiroz conta que a iniciativa de criar a startup surgiu a partir de um projeto realizado na França. “O Guilherme e o Frederico estiveram estudando e trabalhando diretamente com modelização matemática e otimização de preços através de inteligência artificial. Surgiu, então, o convite para criarmos a Aprix”, explica. A intenção do trio de empreendedores é antecipar a análise de dados, frente ao movimento já consolidado das empresas de incorporarem esse recurso às decisões.

Bernardo Queiroz, Frederico Maciel e Guilherme Zuanazzi, o trio de jovens responsáveis pela idealização da Aprix. (Foto: Reprodução/Aprix)

No Brasil, a gestão orientada por dados vem se consolidado. Por consequência, o cientista de dados ainda é um profissional escasso. Cenário bem diferente do que é encontrado nos Estados Unidos e Europa. No país norte-americano e no continente europeu, de acordo com Zanuazzi, as empresas já entregam soluções semelhantes às oferecidas pela Aprix de maneira mais madura, gerando uma receptividade mais positiva do mercado. Essa estruturação interfere diretamente na formação do profissional. “Fora do Brasil, as pessoas já estudam com a perspectiva de terem vagas disponíveis no mercado, principalmente em data science (ciência de dados)”, comenta o estudante de Engenharia Industrial.

Bernardo Queiroz acredita que, em questão de pricing inteligente, entrar no mercado brasileiro é difícil. “O que percebemos é que empresas de fora do Brasil vendem projetos grandes, custosos, que demandam bastante investimento das empresas contratantes, mas não entregam o valor que deveriam para o cliente, considerando aquilo que cobram”, afirma. No entanto, o jovem acredita que esse ceticismo pode trazer bons frutos à empresa. Para ele, comprovando que o serviço prestado tem valor, há um vasto campo pela frente.

O funcionamento da plataforma

Apostando no segmento de varejo de combustível como foco, a ferramenta de precificação da Aprix oferece ao setor uma inteligência artificial que entrega o preço e maximiza o lucro do cliente de forma dinâmica e automatizada. O engenheiro generalista Frederico Maciel diz que a volatilidade do setor demanda bastante energia dos gestores no momento de monitorar as inúmeras variáveis na alteração de preço da gasolina na bomba. A tomada de decisão pode garantir, ou não, um aumento de até 10% na lucratividade bruta da operação. “A Profit Max, inteligência artificial desenvolvida pela nossa empresa, foi criada justamente para facilitar esse processo. Nossa ferramenta monitora todas as variáveis automaticamente e constantemente, garantindo que o preço estará sendo ajustado de forma dinâmica”, finaliza Maciel.

O algoritmo captura a elasticidade dos preços ao testar centenas de modelos dinâmicos de previsão de demanda. (Foto: Reprodução/Aprix)

O principal desafio, segundo Maciel, é transmitir o real valor que a plataforma pode entregar ao cliente. “Dizer que a captação está fácil seria irresponsabilidade da minha parte. Mas temos a abertura necessária para colocar o sistema para rodar e mostrar, na prática, que entregamos um resultado positivo”, pontua. A empresa já conta com uma rede de 20 postos e mais um posto individual com a solução em fase de implementação.

Para o economista Leonardo Guerra, o sistema pode aumentar a confiabilidade do investimento produtivo. “A partir desse modelo, é possível ter mais certeza se o preço praticado dará certo ou não e, assim, conseguirá diminuir os riscos como um todo.” Guerra ainda afirma que esse tipo de inciativa aumenta a autonomia das empresas para investimentos, uma vez que permite a análise da reação do produto dentro do mercado, gerando uma maior assertividade à produção.

Citando o Uber como exemplo, Queiroz, assim como seus sócios, entende que, no futuro, todos os setores serão precificados de maneira dinâmica. Para isso, pretendem trazer a inovação para o mercado brasileiro. “Queremos construir esse futuro no Brasil”, finaliza o estudante de Engenharia de Produção.

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