Ranking do saneamento: cidades gaúchas não atingem metas mínimas
Entre os cinco maiores municípios do estado, faltam melhorias no atendimento e no tratamento de água e esgoto
Brunno Rodrigues, 23, mora em uma residência com fossa séptica e recebe água encanada em Gravataí (RS). A família prefere comprar, à parte, a água que vai ser consumida no mês — um hábito que se mantém há vários anos, mesmo que Brunno não considere mais necessário. Os problemas diminuíram com a ascensão financeira da família e a mudança de bairro. No entanto, até a moradia atual — foram 10 mudanças até a última, em 2018 — , a falta de água e a demora no atendimento eram frequentes. O esgoto passou a ser coletado e tratado apenas na sétima residência em que moraram, mas a família ainda enfrenta problemas com a conexão, o que encarece a conta de água.
A história de Brunno é comum entre os mais de 2 milhões de habitantes das cinco maiores cidades do Rio Grande do Sul — Porto Alegre, Pelotas, Canoas, Caxias do Sul e Gravataí — , analisadas pelo Ranking de Saneamento 2023. Nos cinco municípios, os índices de água e esgoto determinados pelo Novo Marco Legal do Saneamento Básico são insatisfatórios. Caxias do Sul, 67º lugar no ranking, e Gravataí (88º) não atingem os cinco principais pontos: atendimento de água e de esgoto, tratamento de esgoto, perda na distribuição e perda hídrica diária. Canoas (79º) e Pelotas (84º) alcançam somente atendimento de água, enquanto Porto Alegre (49º) atinge a meta de água e de atendimento de esgoto.
Os municípios, que concentram 26% da população gaúcha, estão entre os 100 maiores do país e foram analisados pelo relatório elaborado pelo Instituto Trata Brasil. Os dados, de 2021, partem do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
Para Francisco Milanez, especialista em análise de impactos ambientais, os investimentos em infraestrutura de saneamento básico são escassos devido aos valores elevados e à falta de interesse público. O presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural pontua, ainda, que a centralização do tratamento de esgoto é um fator que potencializa os problemas analisados pelo ranking.
Segundo Milanez, órgãos públicos precisam fazer grandes investimentos em tubulações e infraestrutura, em detrimento do tratamento local e descentralizado.
Entenda as métricas e resultados
Até a publicação desta matéria, as empresas prestadoras de serviço Corsan, não responderam aos questionamentos desta matéria.