Equipe de vôlei amadora expande atuação em Sapucaia

Após um ano de criação, o Tchê Vôlei já reúne mais de 40 participantes que treinam três vezes na semana

Victória Lima
Redação Beta
6 min readSep 25, 2018

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Três vezes por semana o Tchê Vôlei se reúne em Sapucaia do Sul (Foto: Victória Lima/Beta Redação)

U m time de vôlei amador de Sapucaia do Sul mostra que é possível unir a paixão pelo esporte ao prazer de reencontrar antigos amigos e colegas de escola. Formado por 41 jogadores, o Tchê Vôlei aumenta o número de participantes e evoluiu como time. A equipe nasceu em novembro de 2017 e, atualmente, tem uma diretoria formada por oito pessoas.

Jogador por muito tempo em times de escola, o técnico em enfermagem Gilberto Vieira, o Giba, 31, perdeu o contato com o esporte ao concluir o ensino médio. Anos depois, decidiu postar um convite em seu perfil no Facebook para montar um time de voleibol. A partir disso, oito de seus amigos gostaram da ideia e aceitaram o desafio. Graziela Prestes, 31, auxiliar administrativo, foi uma dessas pessoas. “Vendo aquilo (o post) já me interessei, pois gosto muito de esportes. Então, logo já respondi que topava”, conta.

Grupos em aplicativos foram criados para facilitar a comunicação entre a equipe. Nessa conexão, novos convites eram feitos para amigos e familiares dos participantes do time, que até então era pequeno e não tinha sequer um nome. O grupo foi crescendo com a chegada de novos jogadores. Entre eles, colegas que jogavam com Giba na escola. “Foi agregando e, desde lá, a gente joga direto”, orgulha-se.

Quatro meses depois, o time já contava com 20 atletas amadores e necessidades foram surgindo. Os jogos, que ocorriam uma vez por semana, nas terças-feiras, já não eram suficientes. A equipe precisava de uma marca, a começar pelo nome. Criou-se, então, uma diretoria para organizar os jogos e tratar de interesses do grupo.

Entre três opções, o nome Tchê Vôlei foi o escolhido pela equipe e, junto dele, foi desenvolvido um logotipo que consiste na sombra de uma cuia de chimarrão e um jogador no lugar na bomba. A arte foi criada pela psicóloga Rose Paludo, integrante da direção e jogadora do time. Com a identidade pronta, o time expandiu para a internet, desenvolvendo suas páginas em redes sociais. Atendendo aos pedidos de membros do Tchê Vôlei, a diretoria organizou um jogo a mais na semana, passando a ocorrer nas terças e nos sábados.

Com a evolução, o time reuniu 12 de seus jogadores para competir no Torneio de Vôlei Misto, em Triunfo, em julho deste ano, tendo seu primeiro contato com outras equipes. “A gente perdeu, o que era óbvio, pois lá tinham equipes de qualidade que jogavam há muito tempo juntos”, admite Giba. No entanto, o episódio foi importante para incentivar o time a melhorar seu rendimento técnico. “Com isso, resolvemos criar um dia específico de treinos para torneios e procurar um árbitro”, acrescenta.

A diretoria acompanha os jogos e utiliza placar para marcar os pontos (Foto: Victória Lima/Beta Redação)

Hoje, os jogos acontecem três vezes na semana. A “Terça da Alegria” é o dia de descontração, aberto para todos, inclusive para novos integrantes. A quinta-feira ficou definida como o dia de treinos para campeonatos. Já o sábado é a opção para quem não consegue jogar durante a semana ou não fica satisfeito com um só jogo.

Um mês depois da participação na primeira competição, o Tchê Vôlei decidiu criar seu próprio torneio, que ocorreu no dia 5 de agosto, no Ginásio Municipal de Esportes Kurashiki, em Sapucaia do Sul. “Queríamos divulgar nosso nome e saber mais sobre as outras equipes”, explica Vieira. O torneio foi elogiado pelas equipes competidoras, segundo Giba. Na ocasião, o time sapucaiense teve seu primeiro contato com duas pessoas importantes: seu novo árbitro, o vendedor Henrique Mottin, 42, e sua locutora, a radialista Michele Bordignon, 27.

Mottin trabalha com arbitragem nas horas vagas e utiliza sua experiência no esporte para ajudar no crescimento técnico da equipe do Tchê Vôlei. “Topei o trabalho porque são pessoas muito envolvidas com o vôlei. Eles realmente gostam e têm muita vontade”, assinala. A experiência da locutora Michele com o grupo não foi diferente. Ela foi contratada para narrar e animar os participantes do primeiro torneio organizado pelo Tchê Vôlei. Acabou se tornando jogadora do time e comparecendo a todas às Terças da Alegria desde então. “Foi o trabalho mais importante que já fiz porque me envolvi com eles. O vôlei, para mim, é uma saída para a gente se sentir bem e criei uma amizade com todos”, afirma.

Vidas transformadas

Receptividade e interesse no esporte são características que uniram os participantes do Tchê Vôlei, gerando um clima familiar no grupo. Como forte característica do esporte amador, o time proporciona uma atividade fora da rotina, que oferece um tempo de lazer e diversão aos jogadores, segundo a professora de educação física, Susi Raupp, 33, também integrante da equipe. Ela destaca a importância do esporte na qualidade de vida e na longevidade. “O Tchê Vôlei associa tudo isso: é um grupo muito acolhedor que me faz deixar o cansaço do trabalho de lado e ir jogar, socializar e colocar o estresse para fora”, conta.

Na Terça da Alegria, o jogo tem como proposta maior a diversão e interação (Foto: Victória Lima/Beta Redação)

O voleibol também representa uma melhora na saúde do analista de qualidade Luís Jacoby, 42, conhecido no time como Binho. Em março deste ano, ele foi diagnosticado com artrite reumatoide em estado avançado, uma doença autoimune que afeta as articulações gerando dor, inchaço e dificuldade de movimentação. O médico recomendou a prática de esportes e foi no Tchê Vôlei que ele encontrou uma opção. Apesar de sentir dores durante os jogos, não desiste. “A vontade de estar no meio do pessoal, de jogar e de vencer essa doença me dá forças para me manter”, ressalta. Ele ainda indica: “Quem tiver oportunidade de entrar em um time igual a esse, pode ir, pois é raro encontrá-los”.

A psicóloga Rose percebe o efeito que o Tchê Vôlei tem na vida dos seus jogadores. Segundo ela, a rotina dos jogos aproxima os integrantes e também demonstra muito sobre cada um, suas frustrações, inseguranças e insatisfações. “A gente pode perceber quando a pessoa está bem. Nosso comportamento em quadra fala muito sobre nosso funcionamento também na vida”, declara. Ela destaca, ainda, a evolução dos jogadores que, no início, eram inseguros em relação a sua performance nos jogos. “Percebo como o movimento acolhedor do grupo gerou um crescimento mútuo e também empoderou estas pessoas, principalmente as meninas”.

Operadora de máquina injetora, Ana Liese Vogt, 39, confirma isso: “O Tchê Vôlei me recebeu com toda a liberdade para reaprender (a jogar), sem cobranças e com receptividade”, relata. Para Graziela Prestes, o grupo é como uma família. “Participo de todos os jogos e sou apaixonada pelo Tchê, que me proporciona um bem-estar enorme”. Já a diretora financeira Aline Grasiela Bauer, 36, tem no time uma válvula de escape. “Muitas vezes o dia está ruim, coisas da rotina, mas naquele momento, dentro das quatro linhas, nos esquecemos de tudo que nos entristece”, declara.

O Tchê Vôlei se constitui como uma equipe que preza não apenas pela prática esportiva, mas também pela integração entre diferentes pessoas e com expectativas diversas. Um dos objetivos da equipe é ampliar o número de atletas amadores que participam das suas atividades e competir em mais campeonatos, não apenas na região, mas em todo o Estado.

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