República do Twitter: Obama e Trump foram pioneiros na rede

Série especial da Beta Redação aborda o papel da rede social na política atual e seu reflexo na população, começando pelo cenário americano

Vanessa Fontoura
Redação Beta
4 min readApr 18, 2019

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Página inicial do Twitter (Foto: Unsplash)

A recente ascensão da mídia social Twitter como ferramenta comunicacional em campanhas políticas, conforme ocorreu com os candidatos à presidência brasileira em 2018, trouxe à tona alguns questionamentos sobre a forma que a rede deve ou não deve ser utilizada, principalmente quando se trata de figuras públicas e políticas, ou quando temas de Estado são abordados.

Em meio a esse debate, o próprio site realizou uma pesquisa, em junho de 2018, para entender melhor o papel da plataforma enquanto fonte de informação sobre a política no Brasil. Os resultados constataram que quase 70% dos entrevistados têm como hábito acessar o Twitter para descobrir o que está acontecendo no cenário político nacional, sendo que 47% desse total utiliza a plataforma frequentemente.

Além disso, a pesquisa apresentou que, entre os usuários entrevistados, apenas 18% afirmaram não usar o Twitter para fins de se informar sobre política, preferindo outras fontes (como o caso de mídias tradicionais).

Entre os motivos pela preferência ao Twitter, segundo dados apresentados pela pesquisa, 53% dos entrevistados apontam o fato da rede permitir conhecer todos os pontos de vista dos candidatos, enquanto 47% entendem que vale a pena acompanhar política pelo Twitter por obterem informações diretamente da fonte.

Segundo a Professora do Programa de Pós-graduação (PPG) de Comunicação da Unisinos e pesquisadora do CNPq, Adriana Amaral, o Twitter é uma ferramenta na qual as pessoas vão atrás da informação, pois, diferente do Facebook, ela as circula rapidamente. “O Twitter tem um impacto relativamente grande, principalmente por formadores de opinião. Ele diz, depois dissemina, e qualquer um pode ler e seguir. Nesse sentido ele é muito importante”, explica.

Os pioneiros: cenário americano

Nos Estados Unidos, a presença política na rede social começou muito antes da brasileira. Em meados de 2007, Barack Obama, até então senador pelo estado americano de Illinois, já havia criado sua conta no Twitter. Hoje, após dois mandatos como presidente, soma mais de 106 milhões de seguidores na plataforma.

Adriana explica que o Twitter sempre fora um canal eficaz, pois vai direto ao ponto, contudo, ele exige bom senso e uma comunicação clara o suficiente que não deixe ambiguidades. Apesar disso, “não pode ser o único canal a ser centralizado dessa forma. O governo deve ter vários canais com políticas e diretrizes de comunicação muito bem definidas”, enfatiza.

Fonte: Twitter / @BarackObama

No caso de Barack Obama, ele utiliza sua conta com o intuito de comunicar suas campanhas e seus ideais para a população americana e mundial. Como no exemplo do tuíte acima, seu primeiro na plataforma, cujo conteúdo levava seus seguidores até um site, no qual seria possível fazer uma assinatura contra a Guerra no Iraque.

Obama tuíta sobre a queda de 4,9% na taxa de desemprego, em 2016, durante seu 2º mandato. (Fonte: Twitter / @BarackObama)
O ex-presidente tuíta sobre votação envolvendo planos de saúde. (Fonte: Twitter / @BarackObama)

Já seu sucessor no governo americano, Donald Trump, participa da plataforma desde 2009. Como político, seu primeiro tuíte foi publicado em novembro de 2016 (segue abaixo), logo após os resultados da eleição para presidência, na qual ele foi eleito o 45º presidente dos Estados Unidos. Rapidamente, de acordo com Adriana, sua conta do Twitter começou a realizar o fenômeno jornalístico chamado de agendamento.

Primeiro tuíte de Donald Trump como presidente. (Fonte: Twitter / @realDonaldTrump)

Apesar de ter se tornado uma das pessoas mais influentes do mundo, Donald Trump parece não se importar muito com as polêmicas que gera nas redes sociais. Seguidamente sua opinião controversa foi assunto na mídia, levando à ascensão de outro movimento: o Twitter como canal oficial de informação.

“A rede social tem prós e contras. Acredito que em termos de prós é a facilidade, rapidez e a grande circulação. Mas esse mesmo pró é um contra, porque deve se ter o dobro de cuidado com o tipo de informação que vai circular por ali. Ela rapidamente ganha as manchetes e agenda outros meios”, explica Adriana Amaral.

Segundo a professora, cada assunto que é postado tende a repercutir. Além disso, gera tensão nos meios de comunicação jornalísticos, devido à preferência dos políticos com alguns veículos e outros não, levando os jornalistas a recorrerem ao Twitter como fonte de informação mais rápida. “O ideal seria um gerenciamento transversal, tanto das mídias sociais de assessoria de comunicação digital, quanto assessoria de impressa”, ressalta.

Apesar disso, ela afirma que tudo o que é dito e possa ofender as pessoas de certa forma, deve ser repensado. Para Amaral, o Twitter é como um grande cartaz com a opinião do indivíduo em uma esquina movimentada. “Cada caso é um caso, mas tem que ter uma combinação entre divulgações de informações e de opiniões. São coisas distintas e que mudam se é uma figura de governo. Tem que ter muito cuidado”, conclui.

Os tweets mais polêmicos de Trump

(Fonte: Twitter / @realDonaldTrump)

20 de janeiro de 2017 | “ 20 de Janeiro de 2017 será lembrado como o dia em que o povo se tornou o chefe desta nação novamente”.

(Fonte: Twitter / @realDonaldTrump)

23 de abril de 2017 | “Eventualmente, mas em uma data futura para que já possamos começar [a construção], o México pagará, de alguma forma, pelo muro que tanto necessitamos na fronteira”.

(Fonte: Twitter / @realDonaldTrump)

27 de novembro de 2017 | “Deveríamos ter um concurso para escolher qual das emissoras, incluindo a CNN, mas não a Fox, é a mais desonesta, corrupta e/ou distorcida em sua cobertura política do seu presidente favorito (eu). Elas são todas ruins. O vencedor receberá o TROFÉU FAKE NEWS!”.

(Fonte: Twitter / @realDonaldTrump)

11 de abril de 2018 | “A Rússia promete abater todos os mísseis que sejam disparados contra a Síria. Prepare-se Rússia, porque eles chegarão lindos, novos e ‘inteligentes’! Vocês não deveriam ser parceiros de um animal assassino com gás que mata seu povo e se diverte”.

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