Representatividade LGBTQIA+ na quadra e no campo
Com times inclusivos de vôlei e futebol, Thunders Sport Club disputa campeonatos e promove a luta contra o preconceito
Por Amanda Bier e Laura Santos
Para muitos, se relacionar com o esporte é fácil. Afinal, na maioria das vezes, somos incumbidos desde cedo a herdar da família o time de coração e, geralmente, o primeiro contato que temos com a bola é na infância. Porém, com o tempo, começamos a perceber o lado nocivo e intolerante do esporte com aqueles que não se enquadram nos padrões impostos pela sociedade. Diante deste cenário, equipes inclusivas formadas por LGBTQIA+ surgem para combater esse preconceito e proporcionar um espaço acolhedor onde todos possam jogar sem medo. O Thunders Sport Club, de Novo Hamburgo, é um deles.
O que começou como uma partida despretensiosa de vôlei, formada inicialmente por um grupo de amigos que se reuniam toda semana para jogar, se transformou, em 2018, na primeira equipe poliesportiva LGBTQIA+ do Vale do Sinos. Atualmente, o Thunders conta com cerca de 350 integrantes, divididos em times competitivos e recreativos de vôlei e futebol. Além disso, a equipe também organiza eventualmente partidas mensais de handebol e de vôlei de areia, durante o verão. Contudo, mais do que apenas competir e praticar esportes, a ideia é promover um ambiente onde todos se sintam acolhidos e tenham a liberdade de serem quem são.
De acordo com um dos fundadores da equipe, Luciano Breitenbach, 35 anos, a criação do Thunders Sport Club, juntamente com o amigo Carlos Eduardo Rocha Alves, foi uma ideia que surgiu aos poucos. “No início, nós queríamos apenas praticar um vôlei, fazer um esporte. Então, tentamos montar um time de pessoas do nosso círculo social, sem caracterizar a questão sexual ou de gênero, mas acabou não dando certo. Depois, retomamos esse assunto e decidimos chamar somente nossos amigos homossexuais. Na primeira partida, jogamos com 14 pessoas, depois com 20, e a cada semana aumentava mais. Assim, a gente se deu conta que podíamos fazer daquilo algo mais sério e formalizamos a equipe como um time LGBTQIA+”, conta Luciano.
Depois da formalização, para começar a construir a história da equipe, os fundadores também decidiram, de forma democrática, abrir votação para que as pessoas escolhessem o logo e o nome do grupo. Foi assim que, no dia 6 de abril de 2018, nasceu oficialmente o Thunders Sport Club.
“Logo que a gente começou, muitas pessoas foram agregando o vôlei recreativo, para se divertir e fazer novas amizades. Inicialmente, nunca tivemos o intuito de criar o Thunders para competição, mas, como alguns integrantes começaram a demonstrar interesse, formamos o primeiro time competitivo de vôlei. Posterior a isso, também montamos o time recreativo de handebol e de futebol, onde a mesma coisa aconteceu. À medida que mais pessoas iam chegando, o interesse em participar de campeonatos começou a crescer e decidimos formar o time competitivo de futebol também”, explica Luciano.
Nos últimos três anos, a equipe cresceu muito e hoje é composta por moradores de Novo Hamburgo, São Leopoldo, Campo Bom, Sapiranga, entre outros municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre e do Vale do Sinos. Segundo Luciano, começar a participar de campeonatos foi uma excelente decisão, pois isso deu visibilidade ao Thunders e fez com que pessoas de diferentes cidades entrassem para a equipe. “Tinha gente que vinha de Taquara jogar, de Porto Alegre também. Assim, o grupo foi crescendo e fomos estruturando ele”, salienta.
Além de fundar a equipe junto com o amigo Carlos Eduardo e de ser um entusiasta do projeto, Luciano também realizou outras atividades dentro do Thunders. Durante cerca de um ano e meio, até maio de 2019, esteve à frente da administração, como tesoureiro, e, nesse período, marcou presença em todos os jogos e eventos. Depois, por um tempo, passou a jogar no time competitivo de futebol, no recreativo de handebol e, agora, integra o time recreativo de vôlei, jogando toda semana.
Hoje, apesar de ser uma pessoa fisicamente ativa, Luciano revela que nem sempre o esporte esteve presente em sua vida. Durante a infância, por se identificar mais com o vôlei do que com o futebol, era comum acontecer na escola julgamentos embasados em estereótipos. “Muitas vezes eu era reprimido de jogar vôlei com as meninas, porque essa atividade ‘não fazia parte do meu gênero’. Então, acabei me afastando do esporte, mas o Thunders me trouxe essa possibilidade de praticar o que eu quisesse. Dentro da equipe, joguei vôlei, que eu tanto queria, joguei handebol sem ter experiência nenhuma, e no futebol tentei jogar na linha, não consegui, mas acabei me descobrindo como goleiro”, ressalta.
Outro benefício que o Thunders Sport Club oferece para os integrantes do grupo, segundo Luciano, é a chance de conhecer pessoas. Hoje, o esportista e funcionário público da área da saúde de Novo Hamburgo, conta que muitos amigos conquistados através da equipe serão levados para a vida toda. Para ele, estar com essas pessoas dentro do Thunders compartilhando, além da amizade, a questão do esporte inclusivo é de extrema importância, ainda mais para o público LGBTQIA+, que, devido aos preconceitos, tem muita dificuldade de se inserir no meio esportivo.
Por isso, para jogar no Thunders, não existem restrições. Todos os gêneros e todas as sexualidades são bem-vindas. Além disso, a equipe também recebe pessoas que não sabem jogar, as que só querem praticar como hobby, e as que querem competir. Segundo Luciano, há espaço para todo mundo, pois o Thunders “é uma grande família”. “Nos times jogam desde pessoas com técnica até aquelas que nunca encostaram em uma bola de futebol ou de vôlei na vida. É um espaço inclusivo. Qualquer um que se identifique com o Thunders pode participar”, explica Luciano.
Equipe de vôlei participa de diversos campeonatos no país
Como primeiro esporte a ser praticado pelos integrantes do Thunders, hoje, o vôlei é dividido em duas modalidades: competitivo e recreativo. Já no primeiro ano de equipe, em 2018, o Thunders participou do primeiro campeonato. Segundo o ponteiro do time de vôlei, Mauro Petry, 25 anos, quando a ideia de participar do Gay Prix surgiu eles se organizaram para treinar e qualificar os jogadores.
“Foi quando a gente contratou uma técnica e realizou uma peneira para separar aqueles que tinham o interesse de atuar de forma competitiva e aqueles que só queriam participar para se divertir e interagir”, explica Mauro, que joga no Thunders desde as primeiras interações da equipe. Atualmente, os treinos do time competitivo de vôlei ocorrem às terças-feiras à noite, no Ginásio do Sindicato dos Bancários, no Centro de Novo Hamburgo.
“Então, são divididos os times, mas na verdade somos uma equipe única. É possível encontrar pessoas que participam do recreativo jogando no competitivo também”, diz. Como conta Mauro, o Thunders já participou de duas edições do Gay Prix, uma realizada em Porto Alegre e, outra, no Rio de Janeiro; da Pride Cup, realizada este ano em Curitiba, além de diversos outros torneios LGBTQIA+ organizados por equipes do Rio Grande do Sul.
O gestor comercial e morador de Novo Hamburgo relembra que teve familiaridade com o esporte desde a escola, contudo, antes de atuar no Thunders jogava handebol, tendo contato com o vôlei apenas por brincadeira. “Eu nunca tinha treinado para competir, eu tinha uma grande proximidade com o esporte, mas foi o Thunders que me incentivou a treinar e melhorar”, diz Mauro. Para o atleta de vôlei o ambiente que o Thunders proporciona é acolhedor e faz com que todos fiquem à vontade para participar dos jogos e treinos.
Os campeonatos são organizados por diversas equipes LGBTQIA+ de todo o país, as quais convidam outras equipes para participar. Em 2019, o Thunders organizou a primeira Thunders Cup que envolveu diversas equipes, mas por conta da pandemia outras edições não foram realizadas. “É muito legal estarmos em contato com o esporte desta forma. É um ambiente muito bom, de respeito”, afirma Mauro.
De acordo com o atleta, times como o Thunders desempenham um papel fundamental para que mais pessoas pratiquem esportes e estejam envolvidas com o meio esportivo. “Eu sempre fui muito metido, sempre joguei tudo que é esporte, mas sei que para muitas pessoas LGBTQIA+ não é dessa mesma forma. Muitas vezes somos excluídos, não nos dão espaços e acabamos desistindo de praticar o esporte em si”, lamenta Mauro. “Acho que todos já tiveram aquele momento na escola que na educação física era ‘os meninos jogam futebol, as meninas jogam vôlei’ e acabava se perdendo a vontade de praticar algum esporte por conta dessa separação”, reforça.
Em sua vida, Mauro relembra que o Thunders teve um papel fundamental. Foi em 2018, quando entrou para a equipe, que o atleta revelou para a família sua orientação sexual. “É um suporte que a equipe dá para nós. Eu conheci outras histórias de vida, outras vivências, até mesmo mais pesadas que a minha em questão de preconceito. Acho que para nós, LGBTQIA+, o maior desafio é contar para as pessoas que amamos o que a gente gosta, o que a gente é, e o Thunders me ajudou e ajuda muito a outras pessoas também. Eu sou muito grato”, afirma.
Para quem quer praticar esporte e entrar em um time, Mauro é contundente: “está perdendo tempo, tem que vir logo para o Thunders”, brinca o atleta. Em primeiro lugar, Mauro diz que a pessoa tem que se sentir feliz em praticar um esporte e que o Thunders contribui para um ambiente esportivo, saudável e de amizade. “Um conselho que eu dou é que comece a praticar logo o esporte. Vai fazer bem para o corpo, para a mente e para a alma”, salienta.
Vôlei recreativo para se divertir e interagir em grupo
No vôlei recreativo a interação não é diferente. Em Novo Hamburgo, todas as quartas e quintas-feiras, no Ginásio do Sindicato dos Bancários, e aos domingos, no Ginásio Municipal Agostinho Cavasotto, o grupo se reúne para se divertir e praticar o esporte. Com uma participação forte dos atletas, o coordenador do vôlei recreativo, Cristian Magregori, 30 anos, conta que aos domingos foi preciso disponibilizar dois horários para contemplar todos que querem jogar e interagir. Antes de fazer parte do Thunders, o operador de máquina e morador de Canoas jogava em um time, também LGBTQIA+, de Porto Alegre. “Eu conheci o Thunders através das redes sociais e foi quando eu decidi participar, isso em 2018”, explica.
Entusiasta do esporte, Cristian relembra que sempre gostou do vôlei, mas não sentia ser bom o suficiente para jogar com outras pessoas. “Eu assisto muito o esporte pela televisão, mas nunca tinha participado. Acabava me sentindo muito deslocado, até uns amigos meus me apresentarem e eu começar a jogar”, salienta. Atualmente, Cristian participa somente do time recreativo do Thunders e incentiva aqueles que gostam do esporte a praticarem e estarem na equipe.
Para o coordenador, é muito importante o papel do esporte na vida das pessoas, pois cria um sentimento de união, além de desestressar dos problemas do dia a dia. “É muito importante quando a gente chega em um lugar e é bem acolhido. Foi assim comigo quando cheguei no Thunders e é o que eu procuro fazer com quem chega também”, comenta. Cristian relembra que, antes de participar do Thunders, era uma pessoa mais introvertida e fechada. “Foi a partir do Thunders que eu fui me soltando, conhecendo novas pessoas. Foi muito importante”, diz.
Cristian ressalta que o vôlei recreativo é para se divertir e se sentir à vontade, sendo um ambiente sem julgamentos. “A gente está lá para interagir, não é como em um jogo profissional ou algo do tipo. A gente quer que todo mundo se sinta bem e tenha vontade de voltar e participar dessas interações”, afirma. Segundo o coordenador, o Thunders tem uma representatividade e importância muito grande para toda a comunidade LGBTQIA+. Por isso eles sempre prezam por um ambiente onde todos se sintam bem.
Existindo e resistindo no futebol
Predominantemente “hétero”, o futebol — apesar de ser o principal esporte do Brasil, ainda é um território muito hostil quando se trata da presença de homossexuais dentro do campo e das quadras. Nas arquibancadas, não são raros os gritos que utilizam a sexualidade como algo pejorativo e não são incomuns os casos de atletas que fazem declarações homofóbicas. Por esse motivo, além do vôlei, a equipe Thunders Sport Club também visa fazer do futebol um lugar acolhedor para as pessoas LGBTQIA+.
Para Tiago Stein, 40 anos, zagueiro do time competitivo, é fundamental a existência de equipes que incluam a diversidade sexual e de gênero. “Eu acho de extrema importância que estejamos presentes no campo, na quadra e no estádio. Precisamos ter representatividade, principalmente no futebol, um esporte ainda tão preconceituoso com os LGBT. Então, nós resistimos, existimos e estamos aí para mostrar que podemos praticar todos os esportes. Se a gente estiver ‘dando pinta’, não importa, também queremos e vamos jogar”, salienta.
Como no início do Thunders só tinha vôlei, Tiago explica que a ideia para a criação das partidas de futebol surgiu da vontade que outros integrantes tinham de jogar. Assim, em outubro de 2018, a equipe começou com jogos recreativos e, logo depois, formaram-se os times competitivos. “Antes do Thunders eu sempre gostei de esporte, mas nunca me senti à vontade para começar. Na época, eu também não tinha amigos e conhecidos que jogavam, então sempre me interessei mas nunca tive abertura. Quando conheci os meninos do Thunders, comecei a jogar vôlei e depois, conversando com alguns colegas, foi surgindo o interesse pelo futebol. Então, juntamos uma galera e montamos o time”, relembra o zagueiro.
No momento, devido ao recesso de final de ano e a pouca demanda de atletas, os treinos da equipe de futebol estão parados, porém, até novembro deste ano, os jogos estavam acontecendo nas segundas-feiras, na quadra NetMitt, em Campo Bom. De acordo com Tiago, quando os campeonatos estão próximos, o time conta ainda com a ajuda de uma técnica que aprimora o esquema tático e o desempenho dos jogadores. “Nós jogamos futebol sete e já participamos de dois campeonatos pela Copa Sul LGBT de Futebol. Em agosto de 2019, competimos em Porto Alegre e, em fevereiro de 2020, fomos para fora do estado jogar em Florianópolis”, conta. Para o ano que vem, a previsão é de que os times de futebol sejam retomados.
Segundo Tiago, apesar das competições possuírem uma importância e um peso muito grande para o Thunders, os jogos recreativos ainda são o principal objetivo da equipe. “É o momento que a gente se junta pra jogar, pra curtir e pra brincar. Eu também participo de partidas de vôlei nas quintas-feiras e aos domingos. Tudo isso é extremamente importante na minha vida. Hoje, grande parte do meu tempo eu dedico ao Thunders”, frisa.
É levando a bandeira da diversidade sexual e com a bola no pé que Tiago Stein também dá vida a Veruzhka, a drag queen madrinha da equipe. A personagem, que tem como inspiração a Miss Venezuela Veruzhka Ramirez, que se tornou vice Miss Universo em 1998, está sempre presente em eventos que o Thunders realiza. De acordo com Tiago, a drag recebe muito apoio e incentivo de todos os integrantes.
“Eu amo o mundo das misses e a Veruzhka sempre existiu dentro de mim, mas por anos ela ficou adormecida, até que cinco anos atrás eu fiz um curso de auto maquiagem drag e ali tive certeza de que Veruzhka ia nascer. Então, comecei a aprimorar ela e hoje faço shows em Porto Alegre que a galera do Thunders vai em peso. Também já fiz a abertura de campeonatos e sinto que eles gostam muito da personagem. É legal saber que ela é benquista pelo grupo porque, mesmo dentro do meio LGBT, ainda existe muito preconceito contra os gays afeminados, mas no Thunders isso não acontece. A Veruzhka é sempre muito bem recebida”, salienta.
Thunders também levanta a bandeira da saúde mental
Receber acolhimento psicológico pode mudar — e salvar — a vida de muitos gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros e de outras pessoas à margem do espectro binário de sexualidade ou gênero. Isso porque, ao longo da vida, a maioria é forçada a enfrentar uma série de adversidades. Pressão familiar, expulsão de casa, bullying na escola e exclusão no esporte, por exemplo, compõem uma pequena parcela da ampla gama de discriminações que a população LGBTQIA+ sofre diariamente. Além disso, encontrar um serviço de apoio à saúde mental pode não ser uma tarefa fácil.
Preocupados com isso, o Thunders Sport Club criou o Núcleo de Orientação e Acolhimento (NOA) que visa atender, de forma gratuita, todos os atletas da equipe que estejam passando por alguma situação difícil e queiram compartilhar, receber acolhimento ou orientações. Éverton Sebastião, 45 anos, um dos psicólogos responsável pelo projeto, explica que o NOA não tem como finalidade a psicoterapia, mas é um serviço que mantém todas as conversas sob total sigilo por respeitar o código de ética profissional.
“Se alguém aparece com alguma demanda, a gente acolhe e escuta da melhor maneira possível, porque muitos que estão ali sofrem ou já sofreram muitos preconceitos. Já tivemos, inclusive, relato de pessoas que sofreram discriminação dentro de outros times LGBTs. Então, realizamos esse acolhimento e, depois, encaminhamos para colegas psicólogos. Como estamos no meio, não podemos atender os meninos, mas sempre indicamos para eles profissionais que a gente conheça e saiba que serão empáticos com o público LGBT”, explica.
Segundo Éverton, antes da criação do NOA, em setembro de 2019, os acolhimentos começaram a partir do momento em que o psicólogo, por questões de trabalho e de agenda, decidiu sair do cargo de coordenador do time de handebol. “Tudo começou quando a técnica de futebol da época pediu para que eu fizesse um trabalho com o time competitivo antes de um campeonato. Então, a gente sentou, conversou, montei uma dinâmica e aplicamos no time. Tempos depois, fui chamado de novo e, com isso, o antigo presidente me convidou para ser o psicólogo dos times de competição”, conta.
Depois de um tempo auxiliando somente os times competitivos, Éverton começou a conversar com Cristian Oliveira, outro colega psicólogo da equipe, e, juntos, tiveram a ideia de criar o NOA para orientar e acolher todos os integrantes, e não somente uma parcela do Thunders. “E foi assim que surgiu, em uma conversa entre dois amigos que queriam fazer algo diferente e incluir um serviço que não tivesse em outros times. Hoje, a gente apresenta o NOA para todos os participantes e sempre nos colocamos à disposição para quem precisar”, ressalta Éverton.
Formado desde 2019, o psicólogo conta que prestar um serviço voluntário era um sonho antigo. “É algo que eu sempre quis, mas nunca soube o que, como e pra quem. Então, não foi algo que eu saí da graduação e pensei ‘vou ser voluntário no Thunders’, isso simplesmente aconteceu e é uma coisa que me faz feliz, fico muito gratificado com o trabalho que a equipe realiza. Mais do que apenas competir e ganhar, a gente quer ser um espaço que acolhe, que olha no olho, que ouve, que abraça, esse é o nosso grande objetivo. Muitas pessoas de outras cidades vêm se divertir e jogar com a gente porque nós temos esse cuidado”, diz.
Além dos acolhimentos, o Thunders Sport Club, também realiza, através do NOA, ações durante as campanhas do Outubro Rosa, Novembro Azul, Dezembro Vermelho e em meses que a pauta seja pertinente para a comunidade LGBTQIA+. “A gente faz algumas falas antes dos jogos ou convidamos algum integrante do Thunders, que seja técnico de enfermagem e enfermeiro, para falar sobre o tema. Agora, em dezembro, mês da mobilização nacional na luta contra a Aids, a gente tem um Thunderito que estuda muito sobre isso e vai entrar nos treinos para conscientizar os atletas”, finaliza Éverton.
Como participar
Para quem se interessa e tem vontade de entrar para a equipe, o contato inicial pode ser feito pelas redes sociais do Thunders. Segundo o responsável pelo Marketing, Mídias e Comunicação do Thunders, Everson Ribas, a maioria dos novos participantes têm conhecido a equipe através das redes sociais, enquanto outra parte fica sabendo por meio de amigos e atletas do Thunders. “Hoje o nosso número de cadastro reúne quase 350 pessoas, claro que nem todos comparecem todos os dias, mas eventualmente sim”, conta.
De acordo com Everson, após o primeiro contato, ele encaminha um link de cadastro para preenchimento com informações pessoais e de contato. Depois dessa primeira acolhida, a pessoa já é incluída nos grupos de WhatsApp e recebe o comunicado de boas-vindas dos coordenadores das modalidades. O NOA e o secretário também se comunicam com os novos integrantes para explicar como funciona o Thunders e todas as particularidades. “Logo no início eu também converso com eles para contar e explicar toda a parte de mídias sociais e veiculação de imagens. Questiono se estão dispostos e liberam a divulgação de sua imagem nas redes sociais”, explica Everson.
Quanto às restrições, Everson salienta: não há. “Qualquer pessoa que quiser pode participar e jogar no Thunders, sem restrições de orientação sexual e de gênero. Em campeonatos, muitas vezes, há algumas ressalvas, como, por exemplo: a maioria do time ser LGBTQIA+. Mas no Thunders todas as tribos são bem-vindas”, salienta. Ainda, conforme Everson, a equipe tem um fluxo muito grande de novas pessoas, principalmente nos últimos cinco meses deste ano. “Muita gente para, fica um tempo fora e depois volta. Um caso interessante é que nunca teve alguém que nunca mais voltou a participar”, diz Everson.