Walker Massa é um dos idealizadores da UFO, no ParkShopping Canoas. (Foto: Artur Colombo/Beta Redação)

Ressignificando o coworking no Vale dos Sinos

O espaço UFO, em Canoas, utilizou a mescla de varejo, workspace e salas privativas para lidar com as mudanças no mercado de coworking no Brasil

Artur Colombo
Redação Beta
Published in
6 min readNov 1, 2018

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Situado no ParkShopping Canoas e inaugurado em 11 de junho deste ano, o espaço UFO promete ser uma plataforma empreendedora que reúne coworking, salas de reuniões, cursos e workshops. Outra frente do espaço é o varejo de produtos que permeiam o mercado de inovações, como, por exemplo, as carteiras e sapatos da Dobra, empresa que utiliza um material parecido ao papel, 100% reciclável. Ali também estão a Lizard Bolsas que investe em um design exclusivo para atrair consumidores e a Horvath Clothing, desenvolvedora de camisas que não mancham, não amassam e não pegam cheiro.

Sapatos da Dobra e camisas da Horvath Clothing expostos em espaço aberto, junto da área de coworking. (Foto: Artur Colombo/Beta Redação)

Walker Massa, 52 anos, empresário do ramo de coworking e um dos idealizadores da UFO explica que este empreendimento é um modelo diferenciado de espaço de trabalho. São 11 salas privativas, duas salas de reuniões, uma sala de treinamento, uma sala chamada de creative zone para quem deseja um local para reuniões mais descontraídas, um local de eventos com arquibancada, e 42 posições utilizadas como coworking rotativo. A UFO ainda possui uma ilha de impressão compartilhada, estandes de varejo que dividem o mesmo espaço físico entre os consumidores e coworkers, uma área para consumir alimentos no modelo de self-service, e uma área frontal onde o público do shopping também pode interagir com o espaço.

Sendo assim, Walker conta que o coworking surgiu com a ideia de espaços abertos, normalmente sem paredes, onde se procurava fazer o máximo de integração entre os profissionais e segmentos. No transcorrer deste mercado no Brasil, Walker diz ter percebido uma série de mudanças no perfil do coworker. Segundo ele, teve início uma exigência de compartimentação do modelo de negócio, “nós começamos a ter perfis muito diferenciados de usuários, não só a startup, mas também scaleup”, conta ele. Diferente das startups, que se caracterizam por serem empresas novas, com grande chance de crescer muito rápido, as scaleup se caracterizam pela maturidade. São empresas mais robustas que já estão inseridas no mercado e que já possuem um alto índice de crescimento.

Estas empresas mais robustas, que desejavam um espaço privativo também queriam participar deste segmento de negócio e, ao mesmo tempo, desejavam a possibilidade de poder conviver com a comunidade empreendedora, foi então que Walker começou a idealizar uma forma diferenciada de abordar o coworking que mesclasse estas salas privativas, mas que ainda fizessem parte do coworking, se adequando assim às mudanças do mercado.

Como parte desta busca por inovar no seguimento, Walker teve a ideia ainda de mesclar o apelo do varejo e, em parceria com a Multiplan, empresa responsável pela administração do ParkShopping Canoas, por isso montou o projeto em um grande espaço de consumo. Segundo Walker, essa combinação tem um motivo, “nosso propósito é ressignificar alguns ambientes e o coworking faz parte de tudo isso que estamos fazendo. Nós ressignificamos uma loja para que ela se torne um espaço empresarial, que permite que aconteça um evento, uma experiência diferente de consumo com produtos inovadores, e que coabita um coworking”, explica.

Walker ainda diz que outra justificativa para esta combinação de segmentos é que a UFO trabalha com camadas de receitas marginais. Segundo ele, o empreendimento não somente lida com a possibilidade de sublocação do espaço, mas também permite que possa haver outras camadas de receita no ambiente. Um dos exemplo é o trabalho realizado com a Universidade La Salle, de Canoas, que utiliza o espaço no desenvolvimento de projetos relacionados à capacitação corporativa e a educação empreendedora. “O La Salle é outra camada que nos gera não somente público, como também gera receita. Já ao trazer o varejo, temos uma segunda camada que também permite que a gente tenha receita e uma experiência diferente de consumo, com um produto inovador”. O empreendedor conclui dizendo que a UFO entende que estes espaços são centros de inovação compartilhada. “Eu preciso botar gente diferente, com propósitos diferentes, para achar soluções não convencionais para estas empresas”, ressalta.

Idealizando a UFO

Na linha de apostar em produtos de inovação dentro do varejo a UFO traz a experiencia da realidade virtual. (Foto: Artur Colombo/Beta Redação)

No inglês, UFO significa “Unknow Flying Object” e é utilizado popularmente para denominar um objeto voador não identificado, por exemplo, uma espaçonave alienígena. Em seu site, a UFO afirma que uma de suas diretrizes é “abduzir e hospedar pessoas, empresas ou eventos de forma fixa ou por temporada”, dando a entender a utilização do nome.

O projeto foi desenvolvido por Walker Massa e o sócio Eduardo Keiserman. Walker possui experiência no mercado de coworking, tem formação em Serviços Contábeis, administração, criação publicitária e especialização em estratégia empresarial. Foi fundador da Nós Coworking, em Porto Alegre, em meados de 2010, mas entrou neste mundo muito tempo antes. “Eu entrei para a área de coworking por meio de uma empresa que eu tinha ligada à tecnologia da comunicação, ela era um call center. Eu vendi a área física deste callcenter em 2005 e abri uma plataforma remota, onde os trabalhadores realizavam home office”.

Trabalhando em casa, Walker conta que sentiu falta do trabalho no escritório. “Me senti isolado, quase deprimido porque tinha pouco contato com pessoas e foi aí que eu percebi que existe um perfil psico-profissional que se adequa ao home office, que não é meu caso”. Foi então que em 2009, após acompanhar matérias sobre o coworking chegando ao Brasil ele decidiu que gostaria de desenvolver algo em cima deste segmento.

Após sair da Nós Coworking e disposto a desenvolver algo que seguisse as mudanças do mercado, em 2017 teve início o desenvolvimento da UFO, sendo inaugurada em 11 de junho de 2018. “Durante o desenvolvimento a Multiplan entrou como parceira neste projeto como forma de reinventar o varejo. Hoje temos vários espaços vagos que precisam de algo significativo, então quando propomos para a Multiplan realizar este espaço de coworking dentro do shopping ela aderiu ao projeto”.

Segundo Walker Massa a arquitetura do espaço é inspirada em ambientes de coworking europeus, trazendo consigo a arquitetura sueca e escandinava.(Foto: Artur Colombo/Beta Redação)

O futuro da UFO

Chamada de unidade satélite, a UFO é a primeira de muitas unidades que ainda estão por vir no estado, explica Walker. Tentando mesclar novos modelos de negócio, além do varejo ao coworking, há um projeto para ser inaugurado ainda este ano que envolve não só varejo, mas uma rede de hotelaria, “dessa forma, nós vamos mesclar, além do store, coworking, sala privativa, teremos também, hotelaria de negócios”. A proposta é para que os hotéis sejam convertidos em um conjunto de atividades, tornando-se agregadores de negócios.

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