Retorno das aulas presenciais completa quase seis meses nas escolas públicas

Responsáveis pela volta dizem seguir todos os protocolos sanitários

Julia Schutz
Redação Beta
4 min readOct 6, 2021

--

O retorno gradual ainda conta com dificuldades em algumas escolas procuradas pela reportagem. (Foto: Jcomp/Freepik)

Instituições educacionais tiveram que se adaptar com o início da pandemia de Covid-19, que ocorreu há um ano e meio. Uma das soluções foi a implantação do modelo remoto, já que não era possível estar presente em locais fechados com risco de contaminação da doença. Os alunos foram mandados para suas casas, assim como professores e funcionários, enquanto as aulas ocorriam de forma online através das plataformas de ensino disponíveis.

Com o relaxamento do período de isolamento, que ainda se mantém em alguns aspectos, muitas escolas retomaram suas atividades presenciais, principalmente as municipais e estaduais. Novas medidas foram adotadas e aos poucos as instituições tem que se adaptar a nova realidade. Porém, algumas dessas escolas ainda enfrentam dificuldades, especialmente pela desistência dos alunos e pela baixa participação, que tem sido demonstrada através do não comparecimento dos acadêmicos no presencial e no online.

Na Escola Estadual General Daltro Filho, a diretora Olga Boelter explica que algumas turmas contam com 25 a 30 alunos, o que consiste em 50% de ocupação das salas de aula. Ela diz que esses números mostram que ainda há pouca adesão. “Alguns alunos simplesmente ainda têm medo de vir à escola, seja por que não tem vacina para essa faixa etária ou por terem doenças pré-existentes, tanto neles quanto na família”, pontua Olga Boelter.

Segundo a diretora, todos os protocolos de segurança estão sendo seguidos pelo colégio desde que retomaram as aulas, apesar de que o ensino remoto continua para aqueles que assim desejarem. “Todos os professores estão disponíveis e nossos sistemas de ensino funcionam corretamente, principalmente com aquelas turmas que tem mais estudantes […] dividimos as turmas em dois grupos: A e B. O primeiro vem presencialmente numa semana, enquanto o outro fica em casa e assim sucessivamente. Não estamos fazendo recreio, pois causa aglomeração, mas os alunos procuram seguir todas as regras de combate à pandemia”, reitera Olga.

A adesão também é baixa na Escola Estadual Fabíola Pinto Dornelles, conforme declara a diretora Maria Tessele. Assim como a Escola General Daltro, os grupos são divididos em dois para ensino presencial e remoto. “Oferecemos materiais didáticos, os anos finais possuem grupos de WhatsApp para fazerem as atividades propostas”, comenta.

Além disso, os alunos seguem os protocolos de segurança com uso de máscara, limpeza das mãos e distanciamento controlado. Segundo a diretora, a escola teve apenas um caso de Coronavírus com uma professora contaminada no mês de maio. Entretanto, ela informa que a presença dos estudantes na rede privada é muito maior do que nas escolas municipais e estaduais.

A Escola Estadual Fabíola Pinto Dornelles tenta convencer os alunos a retomarem no modo presencial. (Imagem: Reprodução/Facebook)

“O governo faz o que pode, o que é possível, entretanto o comprometimento tem que ser da família. De vez em quando os estudantes vêm por um dia e faltam o restante, acredito que falta esse compromisso dos pais com as aulas presenciais” desabafa.

Maria Tessele acredita que com o término da pandemia os alunos irão retornar. Apesar dessa expectativa, ela identificar que um grande número de acadêmicos está ausente do ambiente escolar e que inclusive já se configura afastamentos da rede de ensino.

Psicopedagoga nas escolas Cândido Portinari e Instituto General Flores da Cunha, Carla Codorniz, afirma que é muito importante que os alunos voltem ao modo presencial. “Pela razão de que alguns alunos não conseguem acompanhar as aulas síncronas, uns não têm computador/celular que comportem a plataforma, a dificuldade em ter atenção nas aulas pelo Google Meet, a dificuldade em se organizarem…muitos não interagem por vergonha, com isso não perguntam e acabam ficando com dúvidas. Alguns alunos se desmotivaram e não conseguem seguir uma rotina em casa, a família também não pode ou não quer dar o suporte necessário”, revela.

A profissional afirma que motiva as famílias para que mandem seus filhos para o ensino presencial, principalmente, em casos que o aluno esteja com muita dificuldade na aprendizagem ou não consegue se organizar em casa para realizar às atividades assíncronas. A justificativa é que, na escola, terá o professor para orientar, assim como a equipe diretiva e a Orientação Educacional. Para quem está no modo remoto, Carla sugere que fiquem em casa, pois ainda há pandemia, não necessitando assim, aglomerarem nesses locais.

Segundo a psicopedagoga, os alunos que chegaram a desistir dos estudos podem se prejudicar no futuro, como para prestarem vestibular e ENEM.

“O conhecimento é uma construção, e eles terão muito déficit na aprendizagem, principalmente os que têm problemas ou transtorno de aprendizagem. Se não tiverem suporte profissional poderá afetar até a escolha profissional”, contata a psicopedagoga.

O coordenador da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, Antônio Bavaresco, afirma que a taxa de adesão varia entre 70 e 80%, com novos decretos de distanciamento, e que há poucos casos de Covid-19 entre os alunos. Informa, ainda, que apenas um diretor de uma escola municipal foi afastado pela doença.

Em relação aos dados de evasão escolar, o coordenador diz que a pesquisa na rede municipal ainda não foi concluída, somente no final do ano letivo. “Está sendo realizada uma avaliação diagnóstica na rede municipal, para aferir as perdas de aprendizagem ocasionadas pela pandemia. Esta avaliação será concluída no final de novembro”, finaliza Antônio Bavaresco.

--

--