RPG como inspiração literária

A vontade de viver uma aventura épica levou dois jovens a criar um universo em 305 páginas

Verônica Torres Luize
Redação Beta
4 min readApr 28, 2018

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Para entrar no clima épico da história, ouça a playlist abaixo.

(Fonte: Youtube)

Numa noite fria de inverno, com a neve caindo pesadamente sobre a grama lá fora, e, dentro da taberna, o fogo da lareira deixando tudo alaranjado, quatro heróis sentados, tomando uma cerveja, decidem qual princesa salvar primeiro. Assim começa uma grande aventura de RPG, como aquela que inspirou os gaúchos Rafael Moraes e Arthur Bueno a escrever o livro Crônicas dos Reis.

RPG é a sigla inglesa de Role-Playing Game, que em português significa “jogo de interpretação de personagens”. Sua jogabilidade se dá baseada no fato de os jogadores desempenharem o papel de um personagem em um cenário fictício. É um jogo diferente dos convencionais, pois não há ganhadores nem perdedores. Apenas um universo gigantesco, cheio de aventuras, monstros, princesas em perigo e heróis audaciosos.

Entre os RPGs famosos temos Dungeons and Dragons (D&D), publicado pela primeira vez em 1974, nos Estados Unidos. A publicação do D&D é considerada a origem dos RPGs modernos. No Brasil, foi lançado pela Grow. O esquema de jogo é a criação de personagens que embarcam em aventuras imaginárias em que eles enfrentam monstros, reúnem tesouros, interagem entre si e ganham pontos de experiência para se tornarem incrivelmente poderosos à medida em que o jogo avança.

No Brasil, um grande representante é Tormenta, desenvolvido por Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J. M. Trevisan. A história foi lançada inicialmente dentro da revista Dragão Brasil, edição comemorativa 50. Mas, em 2010, ganhou seu formato atual pela Editora Jambô. Consiste em um cenário de fantasia medieval para uso em jogos de RPG. Seu enredo de desenvolvimento já inclui vários livros básicos e suplementos, compatíveis com diversos sistemas de RPG, inclusive com D&D.

E um dia, enquanto criavam a história de seus personagens em uma mesa D&D, Rafael e Arthur perceberam “que aquilo era especial e diferente, e podia render um boa história”. Assim surgiu Crônicas dos Reis.

Capa do livro escrita pelos gamers Rafael Moraes e Arthur Bueno. (Imagem: Rafael Moraes e Arthur Bueno/Divulgação)

“Uma jornada traz muitos significados, muitos deles ocultos ou escondidos. Arthur, um jovem príncipe, do Reino da Água, e Rafael, o novo Rei do Reino do Fogo, começam sua jornada à beira de um planalto sob a sombra de uma árvore, sem imaginar o que os espera, a partir do momento que entrarem nesta jornada épica.

Uma missão lhes é dada: vencer O Mal, o senhor que agora impera a todos os Sete Reinos. Será que terão forças para vencer seus inimigos e até a si mesmos? Nem tudo é como se imagina e nem todos os planos darão tão certo.”
(Sinopse de Crônicas dos Reis)

Os protagonistas levam o nome dos autores, mas a explicação para isso é simples, segundo Arthur: “Todos os personagens têm um pouco de nós e nuances de outras pessoas que conhecemos”. Eles despenderam muita energia para criar detalhes que cativassem os leitores, como, por exemplo, na descrição de lutas épicas.

Rafael e Arthur contam que, como eles moravam em cidades diferentes e tinham rotinas apertadas, o modo de se juntar para escrever um livro precisava ser dinâmico. A dupla, então, definiu três regras: eles redigiriam seus parágrafos separadamente, um não poderia modificar aquilo que o outro escreveu e as leis da física deveriam ser respeitadas. Abriram um arquivo no Google Drive e começaram a pôr em prática tudo o que aprenderam nas diversas partidas das quais já haviam participado.

Rafael (E) e Arthur no lançamento do livro, em 29 de julho de 2016. (Imagem: Arthur Bueno/Arquivo pessoal)

Além das aventuras narradas na ficção, o desafio da vida real era lançar o livro depois de pronto. Os autores combinaram diretamente com uma gráfica. “A gente tinha pouco recurso, fizemos o que deu. Eu mesmo fiz a revisão de ortografia e texto, mas mesmo assim alguns detalhes passaram batidos. Mas, com o livro em mãos, conseguimos marcar o lançamento na loja de um amigo. E foi muito bom”, revela Arthur.

Foram 50 cópias feitas, todas vendidas. Há planos de imprimir uma segunda edição, com maior aprimoramento técnico, quando estiverem mais perto de lançar o volume dois. Arthur também escreveu o livro Poesias de um Coração Solitário. Publicado pela Editora 42, é um projeto totalmente à parte do Crônicas dos Reis.

Sobre a trama de Crônicas dos Reis, Rafael declara que está nos planos continuá-la por mais seis partes. “Não queremos alarmar, mas estamos terminando o segundo livro”, confidencia.

Crônicas de Reis foi lançado no dia 29 de julho de 2016 na Livraria Rock Books, em Novo Hamburgo. Ficou em exposição na Feira do Livro de Campo Bom, no mesmo ano. Os autores também participaram do espaço Artist Alley, do evento Adventure Festival de São Leopoldo, em 2017, e de uma exposição no evento Mi Feira Su Casa, no Olé Armazém Mexicano de Novo Hamburgo. “Expor nesses locais nos aproxima dos possíveis leitores e nos inspira a continuar escrevendo”, diz Rafael. “Sem contar que é ótimo ver a galera curtindo e trocando uma ideia sobre nosso livro”, completa Arthur.

Livro e ilustrações expostas no evento Mi Feira Su Casa em Novo Hamburgo. (Imagem: Arthur Bueno/Arquivo pessoal)

A segunda parte da trama está em fase de produção, mas ainda não há uma data exata para o seu lançamento.

Saiba mais em: https://www.facebook.com/CronicasDosReis/

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A Beta Redação integra diferentes atividades acadêmicas do curso de Jornalismo da Unisinos em laboratórios práticos, divididos em cinco editorias. Sob a orientação de professores, os estudantes condutores e publicam aqui conteúdos jornalísticos de diversos gêneros.

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Written by Verônica Torres Luize

26 anos. Comunicadora digital, nerd e fã de tecnologias.