SAF amplia a competitividade de clubes brasileiros

Sociedade Anônima do Futebol permite que times conquistem potencial financeiro

Luã Fontoura
Redação Beta
3 min readOct 25, 2022

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Nos últimos anos o futebol brasileiro vem sendo dominado por grandes três clubes: Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG. Todos têm em comum o fato de possuírem uma fonte alternativa de investimento, seja através de fundos bancários, como é o caso do Palmeiras, ou do aporte de empresários, com acontece no Atlético-MG. O Flamengo, por sua vez, sofreu uma drástica reestruturação financeira interna, permitindo ao clube retomar a competitividade.

Uma estratégia recente para angariar investimentos pelos clubes se dá através da constituição da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), um tipo específico de empresa, autorizado pelo Congresso Nacional em 6 de agosto de 2021, por meio da Lei 14.193/2021. A legislação estimula que clubes de futebol migrem da associação civil sem fins lucrativos para a empresarial. A Lei da SAF, como ficou conhecida, incentiva a mudança para este formato de clube-empresa, que dispõe de normas de governança e controle, além de meios de financiamento específicos para a atividade do futebol.

Ronaldo após negociações para adquirir o Cruzeiro. (Foto: Cruzeiro E.C./Flickr)

No Brasil, clubes como Cruzeiro, Vasco e Botafogo já se transformaram em SAF. Em breve o time do Bahia, que iniciou tratativas para ser comprado pelo Grupo City, também seguirá esse caminho. Esses foram clubes vencedores no passado, mas que recentemente se afundaram em dívidas e acabaram rebaixados para o Campeonato Brasileiro da Série B.

O jornalista Gutiéri Sanchez, da Rádio Guaíba, comenta que o pior momento para que um clube migre para o formato da SAF é quando está à beira da falência e com risco de fechar suas portas. Ainda, assim, ele reconhece que “as ideias são interessantes, modernas, fazem com que entre dinheiro e têm sido a salvação para alguns clubes quebrados".

Para ele, a SAF é um caminho sem volta, mas que exige extremo cuidado. “Não acho que a SAF deveria ocorrer no momento de quase falência desses clubes. No negócio você está precisando muito do dinheiro, logo o clube vai estar por baixo na negociação. Agora, se você é um clube estruturado, aí pode representar um investimento muito maior, pois esse clube está saudável financeiramente”, explica.

Um dos fatos que incomoda Sanchéz em relação à SAF é a que um mesmo grupo de investidores pode comandar mais de um clube, a exemplo do Grupo City, que administra o Manchester City, da Inglaterra, e o NY City, dos Estados Unidos. “Em que pese o futebol ser um negócio, o limite deveria ser um grupo financeiro gerenciar apenas um clube, porque o mundo está globalizado. Daqui a pouco o Bahia é vendido para o grupo City e vai virar apenas uma sucursal. Estou exagerando, mas isso pode acontecer com essa liberdade de grupos financeiros terem mais de um clube no mundo”, critica.

Jogadores do Bahia comemoram gol durante partida pela Copa do Brasil. Clube abriu negociações com Grupo City para virar SAF. (Foto: E.C. Bahia/Flickr)

Método é estudado pela dupla GreNal

A ideia de clube-empresa foi cogitado pela dupla GreNal. O Grêmio criou uma comissão vinculada ao Conselho Deliberativo para discutir o tema. No Inter, a direção analisa o resultado da SAF nos outros clubes brasileiros.

Para Douglas Demoliner, repórter da Rádio Gaúcha, ambos os clubes devem ficar atentos, pois correm risco de perder competitividade. “A dupla GreNal já está estudando isso. Não que irão se tornar uma SAF, mas estão estudando regras e leis, porque é um sistema que, cedo ou tarde, vai começar a aparecer. É um processo natural que vai acontecer logo e Inter e Grêmio precisam estar ligeiros com isso”, enfatiza.

Quanto maior for o número de clubes aderindo à proposta da SAF, mais o modelo de negócios deverá se popularizar entre os clubes brasileiros, ampliando seu poder aquisitivo e, consequentemente, tornando os campeonatos mais competitivos.

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