“Se você é jovem ainda, jovem ainda”

Nem adolescente, nem idoso. Conforme pesquisa da OMS, a idade média do brasileiro é de 32 anos

Tina Borba
Redação Beta
4 min readApr 24, 2018

--

São 209 milhões e 288 mil brasileiros e brasileiras vivendo em todo o território nacional, segundo dados de 2017 da Organização Mundial da Saúde (OMS). O cálculo da idade média da população é de 32 anos.

As perguntas que surgem são como o brasileiro “médio” vive? De que geração ele é? Geração X, Y, Z, Millennials? Para o doutor em Educação e mestre em Ciências Sociais Ivan Dourado, esse tipo de classificação é irresponsável. “Essas definições fixas de geração X, Y etc. são simplificações. Pois cada sujeito amadurece em seu tempo, com base no desenvolvimento pessoal e também nas condições econômicas”, pontua Ivan.

Ainda assim o Estado brasileiro, em sua Política Nacional da Juventude estabeleceu que jovens são aqueles com idade entre 15 e 29 anos. Entretanto tentativas de classificar todos os jovens adultos de 30 e poucos anos em um mesmo perfil de comportamento se mostram infrutíferas. Principalmente na realidade econômica brasileira, em que segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017, 50% da população vive com uma renda 15% menor que o salário mínimo. Por outro lado os 10% mais ricos detêm mais de 43% da renda total gerada no País.

Uma certeza é a de que o brasileiro “médio” recém saiu da juventude. Aqueles que conseguem prosperar em meio ao turbilhão de crise e insegurança política, ainda olham para tudo com o ‘olhar de quem acredita’. Vini Oliveira é um deles. Pai do Bernardo, de 4 anos, e casado com a Jéssika, quando indagado sobre o que espera da eleição para presidente foi esperançoso. “Espero que o golpe seja destruído, espero que todo mundo que está no congresso caia fora, que renove tudo. E coloque pessoas novas, com ideias que valorizem as minorias”, disse ele.

Vini de Oliveira e a esposa comemorando o aniversário de 4 anos do filho. (Foto: Arquivo Pessoal/Facebook)

Vini é gaúcho de Santa Maria. É diretor audiovisual e gestor de carreiras artísticas, trabalha na Cofilms, sua própria produtora. Sonha em viajar com a família e com um carro novo. É cinéfilo, viciado em séries. Só não vai ao cinema com frequência, porque acha o valor do ingresso superfaturado. “Eu acho o cinema muito caro, muita roubalheira, eu tenho uma questão mais ‘causa social do audiovisual’ em relação ao cinema. Mas eu vejo filmes com uma frequência absurda”, afirma Vini.

Assim como ele há outros brasileiros de 30 e poucos anos tocando a vida, ainda que encontrem dificuldades. Como o Mestre em Ecologia e pesquisador do Instituto de Pesquisas da Amazônia Rafael Rabelo: “Acredito que já venho realizando meu sonho que é trabalhar com Biologia. Ainda preciso alcançar algumas metas, como terminar o doutorado e conseguir um bom emprego na área, o que tem uma probabilidade baixa, já que o governo não tem investido muito em nada, inclusive em ciência”, explica Rafael.

O biólogo Rafael Rabelo em um dia de trabalho na Reserva Mamirauá, no Amazonas. (Foto: André Neves)

Indo de encontro aos obstáculos, Rafael segue sua jornada. Ele é natural de Porto Alegre, casado e atualmente mora em Brasília. Gosta muito de ler e se considera uma pessoa feliz. “Felicidade acho que é uma coisa que a gente está em alguns momentos, e em outros momentos não, mas acho que se for pra afirmar, sim, sou feliz”. Também se sente jovem. “Me considero bastante novo sim, acho que sou mais jovem de alma do que a minha idade diria que eu deveria ser”, comemora ele.

Em uma de suas mais adoráveis canções, o atrapalhado Chaves, do seriado mexicano de televisão, já tinha deixado bem claro o segredo para a juventude eterna:

Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda
Amanhã velho será, velho será, velho será!
A menos que o coração, que o coração sustente
A juventude que nunca morrerá!

Os sonhos vêm e os sonhos vão, mas eles nunca acabam

Indicadores Sociais do IBGE apontam que entre os 30 e 34 anos, 73% das brasileiras já tem um filho ou mais. Daniela de Oliveira, com 32 anos é mãe solo do pré-adolescente Gabriel. Ela tem a mesma idade da cantora Lady Gaga e sonha com a mesma profissão. “Eu amo cantar. Sempre sonhei em ser cantora profissional, mas penso que isso ainda está longe de acontecer”, revela Daniela.

Ela mora em Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre, e trabalha como operadora de caixa. Sai de casa para trabalhar ao meio-dia e volta somente às 22h. Contudo ela não se abate e já há outros sonhos em sua vida que a movem em direção ao futuro. “No momento, meu sonho mesmo é ter minha carteira de motorista e minha meta é comprar meu carro”, evidencia Daniela.

Já Marcos Paulo de Oliveira, 32 anos, não desiste do objetivo musical. “Meu sonho é viver de música. Ser reconhecido pela minha arte e viajar pelo mundo tocando”. Ele já teve várias profissões ao longo da vida, foi mecânico, garçom, torneiro-mecânico, soldador, motorista e hoje trabalha como comerciante em Alvorada. Mas a cada quinze dias para tudo que está fazendo para ensaiar e compor com os colegas de sua banda de heavy metal, Detenction. “Felicidade pra mim é isso. Quando eu toco eu ‘me sinto criança’ outra vez, e cada nota parece uma nova descoberta, uma nova travessura”, ressalta Marcos.

Marcos Paulo (direita) tocando com sua banda em São Leopoldo/RS. (Foto: Alex Sandro Tidra)

--

--

Tina Borba
Redação Beta

Brand&Content Creative na LEADedu | Apresentadora e Produtora de Vídeos na Zero Vídeo | Jornalista | Poetisa