Segundo turno em Porto Alegre: abordagens diferentes com o mesmo objetivo

Enquanto Sebastião Melo (MDB) possui uma política econômica voltada ao liberalismo, Manuela D’Ávila (PCdoB) propõe um reforço das instituições públicas

Juliana Coin
Redação Beta
3 min readNov 28, 2020

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Três pontos específicos do plano econômico diferenciam entre Melo e Manuela, candidatos das eleições de segundo turno á prefeitura de Porto Alegre: como vão lidar com o IPTU, a Carris e a política de créditos e microcréditos. Enquanto a abordagem de impostos e créditos sejam diretamente relacionadas com o futuro econômico da capital, a Carris surge como um ponto chave para melhoria no transporte público — e, consequentemente, nas passagens.

Segundo Rubens Diniz, coordenador do programa de governo da Manuela, explica um dos itens que está no Plano de Governo: a suspensão do aumento do IPTU para o próximo ano, com um impacto de 34 milhões na receita. “Vamos solicitar ao prefeito que encaminhe ainda este ano o projeto, que tem foco no setor comercial pois visa dinamizar a economia. Não se trata de queda na arrecadação, mas sim de suspender uma ampliação da mesma”.

A Carris é um ponto polêmico nessa equação. Enquanto o plano de governo de Melo propõe o fechamento da empresa, Manuela apresenta uma mudança no sistema de gestão: “Vamos fortalecer o papel da Carris como empresa balizadora do sistema. Fazendo com que os ônibus cheguem aonde as pessoas moram, ampliando os horários noturnos. Além disto, vamos criar um fundo de mobilidade com vistas a reduzir os custos da passagem”.

A relação da manutenção da empresa com a passagem não é exposta na proposta da candidata, uma vez que o objetivo é de que o poder público retome a câmara de gestão tarifária. “Isto para que possamos revisar as planilhas de custo das passagens”, reforça Diniz.

As políticas de crédito e microcrédito propostas por Manuela tem como público prioritário mulheres e jovens nas periferias: “Foram as mulheres que mais perderam postos de trabalho formais, e, além disto, os pequenos negócios nos bairros são em grande maioria estruturados por mulheres”.

A ideia é aplicar a proposta já na transição de governos. “Vamos contatar bancos para negociar a estruturação do programa. Acreditamos que nos primeiros três meses de nosso governo poderemos ter o programa em pleno funcionamento”, projeta Diniz.

Até o fechamento da reportagem, a equipe de Melo não deu retorno sobre as questões enviadas relacionadas à crédito, IPTU, Carris e as passagens.

A análise da área econômica de um plano de governo é fundamental em tempos de polarização política. Bruno Lima Rocha, cientista político, pós-doutorando em economia política, professor da Unisinos nos cursos de relações internacionais e jornalismo, explica que é preciso entender o objetivo final do projeto. “Se o projeto é, por exemplo, melhorar as condições de vida das pessoas comuns e ativar economicamente a cidade? Necessariamente algum tipo de renda básica tem que ter e valorização das carreiras de servidores, não tem outra saída. Mas também é a existência de micro e pequenas empresas em bairros ou territórios que evita a decadência até a imobiliária da região e a depressão econômica”, ressalta.

Rocha ainda reforça que existem situações que podem melhorar o orçamento de um município, como redistribuição de renda, tributação justa, incentivar trabalho informal e micro e pequena empresa que agreguem a seus territórios, e evitar aumentar a presença do capital privado gerando Parcerias Público Privadas (PPP).

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Juliana Coin
Redação Beta

Tentando inserir um pouco de realidade num universo de fake news.