Teatro e galeria de arte resumem oferta cultural

Milene Magnus
Redação Beta
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5 min readDec 8, 2017
Quiosque da Cultura recebe obras de artistas regionais no centro da cidade. (Foto: Prefeitura de Gravataí)

Gravataí — Ao pensar em galerias de arte logo consideramos a cidade de Porto Alegre, indiscutível centro cultural do Estado, com todos os seus museus e exposições. Apesar do escasso leque de opções artísticas e a diferença no tamanho da população, Gravataí também conta com uma galeria como a principal ponto da cidade. Abrigando também um museu e um teatro, a cidade já foi palco de grandes shows nacionais e realizou muitos eventos. Atualmente, porém, já não é rota das grandes atrações.

Galeria de arte

Há sete anos, Gravataí ganhou um recanto para a arte contemporânea — o Quiosque da Cultura (Praça Eng. Leonel de Moura Brizola, Rua Anápio Gomes, 1641 — (51) 8179.0428), que era bar e se tornou galeria, hoje exibe obras de artistas da região. Propriedade da prefeitura, o local é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer (SMCEL) e está aberto à visitação das 9h às 18h, de segunda a sexta. A secretária da pasta, Fernanda Fraga, explica que grande parte da agenda cultural da cidade gira em torno do quiosque. “É nele que promovemos exposições com os vencedores do Prêmio Dana, trazemos escolas e organizamos oficinas das mais diversas artes”, afirma.

Em meio a Praça Leonel de Moura Brizola, a galeria de arte recebe pouca visitação. (Foto: Thais Montin/Beta Redação)

Tanto a visitação quanto as oficinas — de violão, piano, papel machê e artes visuais — são gratuitas e estão abertas ao públicos de todas as idades. O calendário é divulgado periodicamente no site da prefeitura e no Facebook do Quiosque da Cultura. Toda a programação, de acordo com Fernanda, é voltada ao fim de incentivar a cultura e formação de artistas dentro da cidade.

Mesmo com toda programação e incentivo por parte da gestão atual, a galeria, muitas vezes, é esquecida pelos habitantes. Talvez pela sua localização — no meio da praça, em frente ao hospital da cidade — a galeria, que vive rodeada de pessoas na espera de ônibus ou para simples descanso momentâneo, tem pouca visitação.

Museu

Em um dos prédios mais antigos da cidade, datado de 1870, funciona o Museu Agostinho de Martha (Rua Nossa Senhora dos Anjos, 541 — (51) 3484.2733), exibindo um acervo de relíquias que contam um pouco da história da Aldeia dos Anjos, de segunda a sexta, das 9h às 17h. Por conta de um incêndio que atingiu o edifício em 1997, muita coisa foi perdida. “Muitos documentos e peças mais frágeis acabaram quebrando ou queimando totalmente”, explica o mestre em história Getúlio Xavier Vargas, diretor do museu e pesquisador. Com atenção, Vargas recebe os visitantes e se orgulha ao contar a história que existe por trás de cada objeto.

Prédio restaurado do Museu Municipal Agostinho Martha, centro de Gravataí. (Foto: Museu Municipal Agosto Martha)

Uma das coleções mais interessantes é a de exemplares do jornal O Gravataiense, que circulou na cidade entre 1950 e 1960. Ela foi doada pela neta do fundador do jornal em 2014, no aniversário de 40 anos do museu, e restaurada cuidadosamente por Getúlio. Nomes de famílias importantes e tradicionais, datas de casamentos, celebrações, anúncios de concursos de beleza — tudo ajuda o historiador a remontar a história da cidade e contá-la aos visitantes que passam pelo Agostinho de Martha. Escondido atrás da Escola Dom Feliciano, no centro da cidade, o local é mais procurado por colégios. Entretanto, vez ou outra entram moradores curiosos, segundo o diretor.

Teatro

Com agenda sempre recheada de espetáculos — música, peças e oficinas, o Teatro do Sesc (Rua Anápio Gomes, 1241 — (51) 3497.6174) é o único teatro ativo da cidade. Em um dos pontos mais movimentados do Centro de Gravataí, a sede é um complexo com biblioteca e teatro, que tem grande estímulo por parte da empresa.

Teatro do Sesc antes de receber peça. (Foto: Milene Magnus/Beta Redação)

Devido a ausência de um teatro público, muitos vezes o espaço apresenta, com exclusividade, as obras da cidade. Outro fator que pode dar privilégio ao teatro é a grande plateia que suporta: com 779 lugares, é o maior teatro do Sesc no Rio Grande do Sul. Com dois camarins e moderna estrutura de projeção de luz e som, o espaço contempla extenso palco com longas cortinas verdes.

Espetáculos nacionais como a dupla Anavitória, o show de humor de Paulinho Gogó e o musical em homenagem aos 120 anos de Pixinguinha, e regionais como Duca Leindecker, a conterrânea Glau Costa cantando Elis Regina e o pequeno Thomas Machado, foram alguns dos eventos realizados pela instituição, que ainda espera A Banda Mais Linda da Cidade para encerrar o ano.

Música

Atualmente, a cena musical na cidade tem ganhado pouca atenção. O local, que nos anos 2000 frequentemente recebia bandas como Paralamas do Sucesso, Papas da Língua e Nenhum de Nós, hoje se resume a pequenos shows de funk e sertanejo universitário em bares e palcos privados. “Gostava muito da época em que todo fim de semana tínhamos alguma atração, nem que fosse local, para ver no Parcão”, recorda a enfermeira Ana Machado, de 52 anos. Fã de rock nacional, comenta que ficava ansiosa para ver de perto alguns de seus ídolos.

Algumas casas que recebiam bandas de rock alternativo fecharam as portas, ou se renderam às festas tradicionais — apenas com DJs nas picapes. A antiga produtora UP, por exemplo, chegou a trazer nomes como Fresno para Gravataí. “Tópaz e DoYouLike? também eram bem fortes por aqui, tocavam pelo menos uma vez por mês lá por 2010”, conta a estudante Victória Borba, 24. Era o auge do momento “emo”, que também chegou a contagiar a jovem população local.

Com cofres mais apertados, Gravataí cortou a contratação de artistas nacionais para eventos. Em 2014 e 2015, promoveu o concurso Inovamúsica, que premiava as bandas locais com 80 horas de estúdio para oportunizar a gravação de um primeiro álbum. Entretanto, os últimos dois anos já não contaram com o festival. Resta aos artistas da cidade procurar espaço em bares e pubs, escassos no município.

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Milene Magnus
Redação Beta

Jornalista formada pela Unisinos. Apaixonada por contar histórias, por esportes, por moda.