Serviços na Unisinos tem retomada gradual
Após dois anos, comerciantes contabilizam despesas e buscam recuperação financeira
A pandemia de Covid-19 gerou consequências em diversos setores da sociedade, como desemprego, preocupações com as restrições impostas pelas medidas sanitárias e ansiedade para o retorno à normalidade. Dentro das universidades não foi diferente. Enquanto cidades tentavam controlar a disseminação do Coronavírus obrigando estabelecimentos a funcionarem com capacidade reduzida de público, a Unisinos e seus colaboradores se mantinham sem funcionamento. Após dois anos com as atividades da universidade em modo remoto e semi presencial, ainda há incerteza no cenário econômico destes estabelecimentos, que estão aos poucos voltando a funcionar.
Com 25 anos atuando dentro da universidade, o restaurante Happy Station voltou a receber clientes com horários reduzidos menos funcionários neste primeiro momento. Álvaro Rossine, um dos sócios fundadores, explica que essa volta é uma questão muito mais de imagem da empresa, já que se manter fechado acaba gerando repercussão negativa.
Em 2019, os quatro pontos locados contavam com aproximadamente 60 trabalhadores que acabaram perdendo seus empregos. Neste novo período 10% das vagas estão ocupadas e apenas o restaurante do setor B (antigo 1) esta fazendo almoço. “Isso é uma questão de imagem, alunos que estão circulando podem entrar e comprar uma bebida ou chocolate, uma forma de mostrar que estamos servindo”, conta Álvaro.
Álvaro não tem perspectivas de lucro em 2022. Para ele, é em 2023 que a circulação de alunos e colaboradores voltará à normalidade na Unisinos, assim como a retomada de 100% dos serviços. “Esperávamos no primeiro momento uma quarentena de 20 a 30 dias, o tempo foi passando, boletos de fornecedores chegando e freezers cheios com estoque estragando”, afirma Rossini.
Hoje a visão é bem mais cautelosa e a esperança é a volta definitiva das aulas presenciais em todos cursos, trazendo alunos de volta ao Campus Universitário.
A Livraria Cultural, localizada no “redondo”, prédio onde se encontra a maioria das locações comercias, fechou no dia 19 de março de 2020. Na época com sete funcionários, nem as tentativas de recursos do governo foram suficientes para manter os colaboradores. Hoje a equipe é composta por Elaine Eloisa da Silva, seu sócio e um funcionário.
Ainda em maio de 2020, a Cultural buscou a alternativa de vendas através do whatsapp e marketplace. “Levei para casa os notes, celular, máquinas de cartão para acompanhar os pedidos”, explica Elaine. Entregas eram feitas pelos correios ou no serviço take away, onde o cliente encomendava o produto e depois retirava na loja.
No último trimestre do ano passado, a Cultural estava de portas abertas e já se percebia uma maior movimentação de funcionários. As vendas de Natal ficaram muito abaixo dos anos anteriores à pandemia, mas mostraram uma pequena recuperação. Isso fez com que o estoque de materiais escolares e do bazar fossem adquiridos, tudo de forma pontual e com responsabilidade de gastos.
Elaine demonstra cautela, com uma visão mais positiva a longo prazo, mas ao mesmo tempo acredita que nada será como antes. Alunos optando pelo ensino à distância, evitando deslocamentos e menos gastos financeiros é uma pequena mostra de que os espaços podem ficar com menor circulação.
A proprietária identifica que a maioria dos alunos são de jovens no inicio do curso que querem viver a experiência universitária das aulas praticas e laboratoriais. “Esperamos que no segundo semestre melhore. Esse campus tão grandioso e lindo merece gente por aqui, trocando ideias, conhecimentos e experiências. Correndo, rindo, vibrando com conquistas e desafios”, finaliza Elaine.
Por outro lado, o campus conta com estabelecimentos ainda fechados. É o exemplo do restaurante Fratello, localizado no setor D. Inaugurado há 25 anos está de portas fechadas desde 2020. Cerca de 20 profissionais eram empregados no local.
Julia De Bona, proprietária do local, explica que a reabertura ainda está sem data marcada e acontecerá após a volta das atividades presenciais mais intensas. Mantendo uma responsabilidade de custos financeiros, com novos funcionários e fornecedores.
“É uma situação que jamais imaginávamos. Fica a saudade dos clientes, funcionários e do trabalho que vínhamos fazendo junto a eles. Estávamos em uma fase muito legal, queríamos retomar!”, explica Julia.
De Bona se mostra muito interessada com a volta que será gradual ao movimento de alunos pela universidade. E é o que todos estão aguardando, mais alunos, vida e consumidores. Salão de beleza, bancos, farmácia, restaurantes, livrarias e lojas. Todos esperando o fim do “novo normal”.